Que a riqueza não nos ensurdeça!
A parábola do rico e do Lázaro é um clamor por solidariedade que nos leva a seriíssimos questionamentos (Lc 16,19-31)
“Em nosso mundo de competição, a riqueza transforma as pessoas em concorrentes. A riqueza é vista não como gerência daquilo que deve servir para todos, mas como conquista e expressão de status.
Tal atitude marca a riqueza financeira (capitalização sem distribuição), a riqueza cultural (saber não para servir, mas para sobrepujar) e riqueza afetiva
(possessividade, sem verdadeira comunhão)…”
Vivemos numa sociedade marcada pela lógica do lucro, da expropriação, da competição, do aumento pecaminoso da distância entre os ricos e os pobres; da brutal e não menos pecaminosa má distribuição dos bens materiais; do consumo inescrupuloso com consequências ecológicas nefastas…
O saber, o conhecimento, os avanços nem sempre para todos acessíveis. Ainda é assustador o analfabetismo em todos os âmbitos (ser alfabetizado não é apenas saber ler)…
A possessividade afetiva leva-nos a manipulação do outro, apropriação, descartabilização. Procura-se alguém para amar, quando encontra, não se contentando, logo a busca de outro.
A coisificação do outro é um dos seríssimos problemas que vemos a cada instante. Veja o que o mesmo autor afirma:
“Até a afetividade transforma-se em posse. As pessoas não se sentem satisfeitas enquanto não possuem o objeto de seu desejo, e quando o possuem, não sabem o que fazer com ele, passando a desejar outro… Pois não sabem entrar em comunhão”
Como podemos mais uma vez constatar, a lógica do comportamento humano ainda é muito distante da Lógica Divina, tida como infinitamente superior.
A lógica humana diz: concentre, a Lógica Divina diz: partilhe.
A lógica humana diz: lucro acima de tudo, a Lógica Divina diz: A vida acima de tudo.
A lógica humana diz: use, consuma, descarte até mesmo pessoas… a Lógica Divina diz: eternize o relacionamento, edifique-o…
A lógica humana diz: coisifique o outro, a Lógica Divina diz: o outro não é coisa, mas um ser para amar e ser amado!
A lógica humana… A Lógica Divina…
PS: Fonte da citação: Liturgia Dominical – Johan Konings – SJ - Editora Vozes – Pág. 459-460.
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