Esperança, a virtude divina
que tanto precisamos
“A esperança é o
sonho acordado”, afirmou há mais de dois milênios o filósofo
Aristóteles. Uma grande intérprete da MPB cantou: “quero ver a esperança
de óculos”. Esperança, palavra que ocupou o pensamento dos filósofos, dos Profetas,
dos Apóstolos, dos grandes pais espirituais da História da Igreja e luminares
de todos os tempos. Esperança, a segunda virtude teologal, nos move, nos impele sempre ao
encontro do melhor que Deus tem para nós. Esperança é como uma âncora que
atravessou o véu do Santuário e firmou-se no horizonte da eternidade: céu. Sem ela não sabemos aonde vamos, tampouco onde nos encontramos, no
desenvolver dos emaranhados dos fatos, da teia da vida com seus entrelaçamentos
e imbricamentos; por vezes em sobreposição de fatos, noutras com relações tão
próximas que se confundem e nos inquietam ao descortinamento, à compreensão. Como cristãos, cremos que a esperança está ao lado de Deus, acompanhada
pelo Seu olhar, para que possamos ver as coisas, o futuro, sobretudo,
exatamente como Ele vê, sem inquietações fúteis e autodestrutivas, que em nada
colaboram, enriquecem, para relações mais humanas, mais belas e fraternas. Ela é a expectativa de algo positivo para um futuro não tão longínquo,
por isto deve dar sustentação ao nosso presente, ainda que tenhamos que
enfrentar os dissabores e os insucessos aparentes e provisórias perdas
irreparáveis, derrotas irreversíveis... Esperança é, como disse o autor do Apocalipse, ver um novo céu e uma
nova terra (Ap 21,1-5a), pois as coisas antigas passaram, passarão o céu e a
terra, mas a Palavra do Senhor jamais passará. Esperança é, portanto, contar com o futuro no horizonte da fé, movidos
no presente pela caridade, que nos faz imagem e semelhança de Deus. A capacidade de amar e ser amado nos faz verdadeiramente imagens do
Deus Trindade Santíssima de Amor e Comunhão.Esperança é possuir a inquebrantável confiança de que o amanhã será
melhor, ainda que hoje as lágrimas insistam em correr, mortes e lutos permaneçam
invadindo e aniquilando nosso existir, deixando sombrio nosso cotidiano. Não Se encontra no sepulcro Aquele que pela morte passou, porque o Pai
O Glorificou, e o Espírito nos enviou para nos acompanhar nos passos firmes da
história. A Ressurreição do Senhor não foi o desmentido do Calvário, ao contrário
o confirmou: a Inevitabilidade do calvário e da Cruz, para que a glória seja
alcançada, encorajando os discípulos, eles os exortavam a permanecer firmes na
fé, dizendo-lhes: “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de
Deus” (At 14, 22). A esperança exige audácia, tenacidade, resistência positiva e corajosa
diante das dificuldades; superando toda tentação de individualismo,
indiferença, niilismo, ceticismo, relativismo etc. Esperança jamais pode ser a espera confiante e passiva, sem nada
fazermos, sem em nada nos comprometermos com o mundo novo que há de vir. É
preciso uma colaboração operosa e responsável, com gestos expressivos de
solicitude e doação, organização, participação em todos os âmbitos e espaços em
que vivemos. Renovemos a esperança, inspirados nas palavras do Apóstolo Paulo (Rm 4,
18), que nos exorta a imitar o comportamento exemplar de Abraão, o qual “foi com uma esperança,
para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de
muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência”. A Esperança, Virtude
Divina que tanto precisamos para dar sentido a nossa vida. É preciso dar razão
de nossa esperança...
A esperança exige audácia, tenacidade, resistência positiva e corajosa
diante das dificuldades; superando toda tentação de individualismo,
indiferença, niilismo, ceticismo, relativismo etc.
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