É sempre tempo da graça de Deus para o Sacerdote transbordar a alegria de servir ao Senhor. Nada escapa ao seu olhar, que é atento na experiência de fé: vive como se estivesse “plugado”.
O Presbítero coloca-se sempre na presença de Deus, e o povo precisa deste Presbítero. Ele não é um “tagarela das coisas de Deus”.
Seu coração precisa, constantemente, ser “afofado” para que possa dar os frutos esperado por Deus. Deve ter disposição absoluta de realizar a vontade de Deus, colocando-se sempre em Sua presença; escutando os sinais divinos e com a necessária disposição em servi-Lo.
A atitude de vigilância deve ser uma marca constante na vida do Presbítero, para não se tornar um “fazer de muitas coisas”. Importa ver com que alma faz todas as coisas...
Vivemos numa realidade essencialmente plural e policêntrica, num processo de desenraizamento do povo e constante fragilização humana.
Estamos no meio desta realidade e ainda não sabemos para onde vai, e neste processo mudam-se as relações com o outro, com a natureza, com Deus, e vivemos uma cultura relativista, que recusa toda afirmação de uma verdade absoluta e transcendente.
O Presbítero deve contemplar a Cruz que não foi perdição, mas salvação; não ter medo de olhar de frente, em vigilância constante, tomando cuidado para não “quebrar a cara” ao querer ficar na crista da onda.
A pós-modernidade, muitas vezes entendida como cansaço do racional, nos desafia ao preenchimento das diversas dimensões constitutivas da pessoa.
O seu não preenchimento leva a vazios, e como consequência ao consumismo, como expressão de compensação.
A pós-modernidade relega a religião como algo privatizado, fomenta o consumismo, a espetacularização, o hedonismo, a laicização, a descristianização.
Aqui emerge o desafio de renovar a espiritualidade cristã: no aqui e agora sermos pessoas de Deus. E assim, como pessoas de Deus, abrindo-nos às sugestões interiores do Espírito.
Há necessidade de se ocupar os diversos espaços (midiático, Internet, blog...) e anunciar a Boa Nova do Evangelho.
O Presbítero, para não perder sua identidade neste contexto, mais do que nunca deve ser um homem de Oração: cultivar a Oração como intimidade do discípulo com o Mestre.
Quando lhe falta a Oração há consequências notáveis:
- Debilitação da fé;
- O Ministério Sacerdotal fica reduzindo ao cumprimento de agenda;
- Há esvaziamento do Ministério;
- Diminui sua alegria;
- Seus passos são menos decididos, e até vacilantes;
- O “rebanho” se ressente de tudo isto e facilmente se dispersa;
- Fragiliza as comunidades...
Também para maior fidelidade a Cristo e à Comunidade, o Presbítero tem que ser um homem de Oração.
Jamais esquecendo que a missão que realiza foi recebida e comunicada por Jesus, logo, a premente necessidade de que o mesmo seja configurado a Ele, para ser no coração do mundo um homem de Deus.
Finalizando o Presbítero deve ser uma “Carta de Cristo":
“Começaremos de novo a nos recomendar? Ou será que, como alguns, precisamos de cartas de recomendação para vós ou da vossa parte?
Nossa carta sois vós, carta escrita em vossos corações, reconhecida e lida por todos os homens. Evidentemente, sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações” (2Cor 3,1-3).
O Presbítero é o Homem de Deus
no coração do mundo, aberto à
Divina Inspiração.
PS: Livres apontamentos da primeira reflexão do “Retiro Espiritual do Clero” – julho/2010.
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