Pertinentes apelos para a vida presbiteral!
Retomo os apontamentos que fiz no retiro Presbiteral, quando Presbítero da Diocese de Guarulhos - SP, realizado em julho/2010, que teve como pregador Frei Nilo Agostini – OFM, aprofundando sobre a vida e a espiritualidade do Presbítero, de modo que ele seja imagem do Cristo Bom Pastor.
Como ser presbítero hoje, na fidelidade aos princípios da verdade, sem curvar-se à ditadura do relativismo, como insistia o Papa Bento XVI?
O presbítero, como toda pessoa, vive os dilemas próprios da pós-modernidade, que por causa do cansaço do racional muitas vezes não dá ao indivíduo as respostas buscadas, levando-o ao mergulho no vazio com a perda do sentido, condenando-o a trilhar o caminho do consumismo como expressão de compensação, ou seja, preencher o seu vazio consumindo, procurando sua realização no ter e não no seu ser, distanciando-se de sua genuína identidade.
O Presbítero para não perder sua identidade neste contexto, mais do que nunca, deve ser um homem de oração, cultivando a intimidade e amizade com o Sublime Mestre e Divino Salvador de toda humanidade. A intensidade e a profundidade de sua Oração garantirão maior e sincera fidelidade no Ministério.
Quando lhe falta Oração há consequências visíveis: debilitação da fé, o Ministério Sacerdotal fica reduzindo ao cumprimento de agenda, há esvaziamento do Ministério com diminuição de sua alegria, seus passos são menos decididos e até vacilantes, o “rebanho” se ressente de tudo isto e facilmente se dispersa com notável fragilização das comunidades...
O Presbítero deve cultivar uma atitude de vigilância ativa para não se tornar um “realizador de muitas coisas”. Inúmeros são os apelos que o cerca: reuniões, desafios que emergem da vida do rebanho, pela Igreja, a ele confiado... Entretanto, não será ele feliz pelo “quanto faz”, mas pelo “como faz” cada atividade.
O êxito no zelo pelo rebanho será percebido na medida em que faz com a alma todas as coisas. E o povo, neste sentido, acompanha atentamente o agir de cada presbítero e compreende seus limites, mas não o limite de amor com que faz as coisas. Quanto mais amor acompanhar seu agir, mais o rebanho será feliz!
Na Oração e na vigilância, deverá contemplar a Cruz não como castigo, derrota insuperável, mas como sinal de salvação, como sinal Pascal: o que aparentemente é nada para o mundo torna-se um quê de resposta vital; o que é aparentemente fraco, Deus escolhe para ser sinal de sua força e onipotência.
Nisto consiste sua vida: ser “homem pascal”, que não se curva diante dos sinais de morte, mas com a comunidade firma-se solidamente na âncora da Ressurreição.
Jamais poderá esquecer que a missão que realiza foi recebida e comunicada por Jesus, logo há a premente necessidade de que o mesmo seja configurado a Ele, para ser no coração do mundo um homem de Deus.
Emerge o desafio, tanto para o presbítero como para o rebanho, a ele confiado, de renovar no quotidiano sua espiritualidade cristã no aqui e agora da história, sempre abertos às sugestões interiores do Espírito, abertos à Divina Inspiração.
Sua vida, seu modo de viver, pensar e agir, revelam um encontro anterior com o Absoluto, com o Bem Maior, o Deus Uno e Trino, que o amou, o chamou e o enviou para ser sinal do Seu Amor, com a consciência de que deve ser uma “Carta de Cristo":
“Começaremos de novo a nos recomendar? Ou será que, como alguns, precisamos de cartas de recomendação para vós ou da vossa parte?
Nossa carta sois vós, carta escrita em vossos corações, reconhecida e lida por todos os homens.
Evidentemente, sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações” (2Cor 3,1-3).
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