quinta-feira, 1 de agosto de 2024

“Padre elementar”?

 “Padre elementar”?

Há alguns anos tive a graça de participar do 13º Encontro Nacional de Presbíteros, com o tema “Celebrando e fortalecendo a comunhão presbiteral” e o lema: “Eu me consagro por eles” (Jo 17,19a).

Participaram Padres representantes das Dioceses de todo o Brasil, num grande momento de comunhão na diversidade, ao redor da Mesa da Palavra e da Eucaristia, com reflexões e aprofundamentos, permitindo a volta para as dioceses com preciosas reflexões que animam e fortalecem a vida ministerial.      
                
O texto preparatório, riquíssimo por sinal, fala da existência de um novo tipo de Padre: o Padre elementar (é exatamente esta a expressão usada). Em primeiro momento todos nos perguntamos: o que é um Padre elementar?

Se entendermos elementar como noção primária de qualquer forma de conhecimento, de fácil entendimento, o Padre elementar há de possuir uma conduta simples, de fácil identificação tendo sua vida marcada por Aquele que o chamou e a quem sua vida entregou: Jesus Cristo.

A vida do Padre deve ser de tal modo que Cristo seja gerado, formado e percebido em suas palavras, pensamentos, comportamentos, atitudes, compromissos, angústias e esperanças, alegrias e tristezas, que fazem parte do cotidiano. Esta deve ser a verdadeira identidade presbiteral na pós-modernidade! 

O texto base nos oferece algumas características fundamentais do Padre elementar:

 -   Não se apropria nem tira vantagens de ser possuidor de virtudes e dons extraordinários – tem consciência de que os dons e virtudes que possui são belos se colocados, de forma simples, em favor do povo sofrido;

 -  Tem o dom de “elementarizar” a fé no meio dos desacreditados e daqueles que não acreditam mais em si mesmos, ou seja, faz renascer a esperança no coração das pessoas;

 -   Possui o dom e a força de abraçar aquela parte da humanidade que o mundo competitivo considera descartável;

 -   Usa o bom senso movendo-se pela lei maior do Evangelho: a lei do amor, vínculo da perfeição;

 -   É teologicamente perspicaz, bem informado, inteiro e livre. Sabe ler os sinais dos tempos, conhece seu lugar social e sua missão. Com a comunidade abraça alegremente a missão, dentro e fora do âmbito da Igreja, sendo sal e luz;

 -   É livre no acolhimento e vivência de sua vocação na fidelidade ao Senhor e no serviço à Igreja, abraçando o celibato, a obediência e a pobreza sempre contando com a graça de Deus;

 -   Sua vida solidária o faz homem contemporâneo com o povo que carrega um fardo pesado e com todos que buscam um sentido de vida – é o homem da compaixão;

 -   Anda na contramão da cultura das conveniências, porque apaixonado pelo Reino que lhe confere uma espiritualidade com raízes vitalícias, pés fincados na realidade e asas inquebráveis, vivendo o Batismo e a vocação sacerdotal, como dom e graça divina.

Que Sacerdotes e comunidades sejam a mais pura expressão destas palavras: Mergulho nas profundidades divinas, voos mais altos nas asas do Espírito! Compromissos mais solidários e efetivos, somente assim se alcança santos objetivos!"

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