Mensagem
para o IV Dia Mundial Dos Pobres
“Estende
a tua mão ao pobre”
(Eclo 7, 32).
Uma
síntese da Mensagem do Santo Padre Francisco, para o IV dia Mundial dos Pobres,
a ser celebrado dia 15 de novembro de 2020, que tem como inspiração bíblica, a
passagem do Livro do Eclesiástico – “Estende
a tua mão ao pobre” (Eclo 7, 32).
Na
superação das barreiras da indiferença, é preciso concentrar o olhar no
essencial, sobretudo nos diferentes rostos da pobreza, nos quais encontramos o
Senhor Jesus, que revelou estar presente nos seus irmãos mais frágeis (Mt 25,
40).
Inspira-se
no Livro do Eclesiástico (AT), no qual encontramos as palavras de um mestre de
sabedoria que viveu cerca de duzentos anos antes de Cristo, e andava a procura
do dom da saberia para tornar os homens melhores, e Deus não lhe concedeu esta
ajuda.
É
um convite a manter a fidelidade a Deus, sobretudo nos tempos de infortúnio,
sem jamais Dele se afastar: “Aceita tudo o que te acontecer e tem paciência
nas vicissitudes da tua humilhação, porque no fogo se prova o ouro, e os
eleitos de Deus no cadinho da humilhação. Nas doenças e na pobreza, confia
n’Ele. Confia em Deus e Ele te salvará, endireita os teus caminhos e espera
n’Ele. Vós que temeis o Senhor, esperai na Sua misericórdia, e não vos
afasteis, para não cairdes» (Eclo 2, 2-7).
Deste
modo, inseparáveis a oração a Deus, a solidariedade com os pobres e enfermos
são inseparáveis.
É
sempre atual sua mensagem que convida a prática da generosidade que apoia o
vulnerável, consola o aflito, alivia os sofrimentos, devolve dignidade a quem
dela está privado, é condição para uma vida plenamente humana:
“Esta opção de
atenção aos pobres, às suas muitas e variadas carências, não pode ser
condicionada pelo tempo disponível ou por interesses privados, nem por projetos
pastorais ou sociais desencarnados...”
Reafirma
os compromissos como nos anos anteriores, tendo os pobres sempre presente
conosco, para nos ajudar a acolher a companhia de Cristo na existência do dia a
dia (Jo 12,8), com renovados compromissos impelidos pela caridade divina.
É
preciso estar atento ao clamor silencioso dos pobres, dando-lhes voz, e
solidarizando com eles face a tanta hipocrisia e tantas promessas não
cumpridas, para os convidar a participar da vida comunidade.
Apresenta-nos
duas questões pertinentes, diante do encontro com uma pessoa em condições de
pobreza:
-
“Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos aliviar a sua
marginalização e o seu sofrimento?”
-
“Como podemos ajudá-la na sua pobreza espiritual?”
A
Igreja não tem soluções globais, mas pode dar testemunho com gestos de partilha:
“Estender
a mão leva a descobrir, antes de tudo a quem o faz, que dentro de nós existe a
capacidade de realizar gestos que dão sentido à vida. Quantas mãos estendidas
se veem todos os dias! Infelizmente, sucede sempre com maior frequência que a
pressa faz cair num turbilhão de indiferença, a tal ponto que se deixa de
reconhecer todo o bem que se realiza diariamente no silêncio e com grande
generosidade”.
Os
Parágrafos sexto e novo merecem ser citados na íntegra, sendo o primeiro o
reconhecimento de mãos que promovem a vida, e o segundo o contrário:
-
“Estender a mão é um sinal: um sinal que apela imediatamente à proximidade, à
solidariedade, ao amor. Nestes meses, em que o mundo inteiro foi dominado por
um vírus que trouxe dor e morte, desconforto e perplexidade, pudemos ver tantas
mãos estendidas! A mão estendida do médico que se preocupa de cada paciente,
procurando encontrar o remédio certo. A mão estendida da enfermeira e do
enfermeiro que permanece, muito para além dos seus horários de trabalho, a
cuidar dos doentes. A mão estendida de quem trabalha na administração e
providencia os meios para salvar o maior número possível de vidas. A mão
estendida do farmacêutico exposto a inúmeros pedidos num arriscado contacto com
as pessoas. A mão estendida do sacerdote que, com o coração partido, continua a
abençoar. A mão estendida do voluntário que socorre quem mora na rua e a
quantos, embora possuindo um teto, não têm nada para comer. A mão estendida de
homens e mulheres que trabalham para prestar serviços essenciais e segurança. E
poderíamos enumerar ainda outras mãos estendidas, até compor uma ladainha de
obras de bem. Todas estas mãos desafiaram o contágio e o medo, a fim de dar
apoio e consolação”. (n.6)
-
“ ‘Estende a mão ao pobre» faz ressaltar, por contraste, a atitude de quantos
conservam as mãos nos bolsos e não se deixam comover pela pobreza, da qual
frequentemente são cúmplices também eles. A indiferença e o cinismo são o seu
alimento diário. Que diferença relativamente às mãos generosas que acima
descrevemos! Com efeito, existem mãos estendidas para premer rapidamente o
teclado dum computador e deslocar somas de dinheiro duma parte do mundo para
outra, decretando a riqueza de restritas oligarquias e a miséria de multidões
ou a falência de nações inteiras. Há mãos estendidas a acumular dinheiro com a
venda de armas que outras mãos, incluindo mãos de crianças, utilizarão para
semear morte e pobreza. Existem mãos estendidas que, na sombra, trocam doses de
morte para se enriquecer e viver no luxo e num efémero desregramento. Existem
mãos estendidas que às escondidas trocam favores ilegais para um lucro fácil e
corruto. E há também mãos estendidas que, numa hipócrita respeitabilidade,
estabelecem leis que eles mesmos não observam”. (N.9).
Em
relação à pandemia, afirma o Papa que ela chegou de improviso e nos apanhou
impreparados, dando-nos uma grande sensação de desorientação e impotência,
interpelando-nos a intensificar a prática da misericórdia.
O
tempo que vivemos colocou-nos em crise muitas certezas, e nos sentimo-nos mais
pobres e mais vulneráveis, porque experimentamos a sensação da limitação e a
restrição da liberdade, com a presença do medo, a exigência do amadurecimento
de uma nova fraternidade.
Urge
a superação da degradação moral da vida social, da globalização da indiferença,
pois não poderemos ser felizes enquanto estas mãos que semeiam morte não forem
transformadas em instrumentos de justiça e paz para o mundo inteiro.
Finalizando
recorda-nos a nossa condição de finitude, e a exigência de termos um projeto a
realizar e um caminho a percorrer sem se cansa, com multiplicados gestos de
amor e partilha, feito com alegria.
Tenhamos
presente conosco e na oração, Maria, “...a Mãe dos pobres, pois ela conhece
de perto as dificuldades e os sofrimentos de quantos estão marginalizados,
porque Ela mesma Se viu a dar à luz o Filho de Deus num estábulo. Devido à
ameaça de Herodes, fugiu, juntamente com José, seu esposo, e o Menino Jesus,
para outro país e, durante alguns anos, a Sagrada Família conheceu a condição
de refugiados”
Seja a oração à Mãe dos pobres a gerar comunhão com os pobres, seus
prediletos filhos e todos que os servem em nome de Cristo, transformando a mão
estendida num abraço de partilha e reconhecida fraternidade.
Se desejar, leia a mensagem na integra:
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