segunda-feira, 1 de abril de 2024

Que a graça de Deus nos fortaleça constantemente


Que a graça de Deus nos fortaleça constantemente

Sejamos iluminados pela homilia do Bispo São João Crisóstomo (séc IV).

Consideremos a sabedoria de Paulo. Que diz ele? Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós (Rm 8,18). Por que, exclama, me falais das feridas, dos tormentos, dos altares, dos algozes, dos suplícios, da fome, do exílio, das privações, dos grilhões e das algemas?

Ainda que invoqueis todas as coisas que atormentam os homens, nada podeis mencionar que esteja à altura daqueles prêmios, daquelas coroas, daquelas recompensas. Pois as provações cessam com a vida presente, ao passo que a recompensa é imortal, permanecendo para sempre.

Também isto insinuava o Apóstolo em outro lugar, quando dizia: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação (cf. 2Cor 4,17). Ele diminuía a quantidade pela qualidade, e alivia a dureza pelo breve espaço de tempo.

Como as tribulações que então sofriam eram penosas e duras por natureza, Paulo se serve de sua brevidade para diminuir-lhe a dureza, dizendo: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação, acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno (cf. 2Cor 4,17- 18).

Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós mesmos sois testemunhas do que dizemos. Antes mesmo que os mártires tenham recebido as recompensas, os prêmios, as coroas, enquanto ainda se vão transformando em pó e cinza, já acorremos com entusiasmo para honrá-los, convocando uma assembleia espiritual, proclamando o seu triunfo, exaltando o sangue que derramaram, os tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram. Assim, as próprias tribulações são para eles uma fonte de glória, mesmo antes da recompensa final.

Tendo refletido sobre estas coisas, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu.

Deste modo, depois de gozarmos dos Seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A Ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos. Amém.”

Retomemos parte da Homilia:

“... suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu”

Depois de gozarmos dos Seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A Ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos”

Muitos são os obstáculos, incompreensões, resultados não esperados, que parecem consumir nossos sonhos e esperanças. Somem-se a isto possíveis noites escuras de falta de esperança e saída, que se repetem parecendo infindáveis.

Quando desejamos levar a sério a fé e o compromisso cristão não somos isentos da cruz, das renúncias necessárias, superações contínuas, martírio silencioso e fecundo...

Não podemos perder a esperança e tão pouco a coragem, ainda que o peso dos sofrimentos pareça insuportável, é preciso resistir com fortaleza, com a força da Palavra e da Eucaristia, e o sopro do Espírito.

Dificuldades existem e devem ser enfrentadas propiciando o verdadeiro amadurecimento na fé. Se dificuldades vierem, peçamos ao Senhor o necessário: a graça para nos fortalecer no bom combate da fé até que mereçamos um dia a glória eterna, o contemplar da Face Divina.

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