quinta-feira, 30 de maio de 2024

Silenciemo-nos diante da Eucaristia!

Silenciemo-nos diante da Eucaristia!

Do Calvário ao Banquete da Eucaristia,
mesmos sentimentos tenhamos!

Elisabete Catez Rolland (1880-1906) ou Bem-aventurada Isabel da Trindade, pouco conhecida, impressiona-nos pela sua história, pensamentos, paixão e incondicional amor pela Trindade Santa, que como ela mesma disse: “Amo tanto esse Mistério da Santíssima Trindade, pois é um abismo em que me perco".

Apresento outro pensamento dela, por ser tão precioso para o Mistério da Eucaristia: "Devemos assistir a Santa Missa com os sentimentos iguais aos que teríamos tido em nosso coração no Calvário".

Atualmente usamos mais o termo “participar”. Há uma longa controvérsia à respeito, não me ocuparei disto. Fixo-me na parte final, sobre os sentimentos que devemos ter ao assistir/participar da Santa Missa – iguais sentimentos no coração como se estivéssemos lá, aos pés da Cruz no Calvário...

Quantas vezes as Missas podem ser reduzidas a meros rituais que nada mudam, nada transformam, nada tocam, em nada comprometem.

Quantas vezes perdem a beleza, expressão, conteúdo, enfim, o sentido como Memorial da Paixão e Morte de Jesus Cristo pela humanidade.

Ter os sentimentos referidos bela Bem-aventurada Isabel nos faz mais comprometidos com Aquele que por amor nos amou até o fim; leva-nos a um novo olhar para aquele que está do nosso lado, e de modo especial presente nos empobrecidos, enfermos, famintos, sedentos, nus, presos, com os quais Ele mesmo Se identificou (Mt 25).

Sentimentos no coração, tais como os que sentiríamos no Calvário, não permitem que recuemos, desertemos, esmoreçamos, fragilizemos... Sentimentos que, ao contrário, nos fazem mais solidários, compadecidos, e com o Reino de Deus mais do que comprometidos.

Sentimentos que nos levam a prolongar a Eucaristia em nosso quotidiano, “eucaristizando” relacionamentos, sendo no mundo sinais do Amor da Trindade Santa, que Se comunicou desde sempre com a linguagem do Amor, nos inserindo num Movimento de Amor pela ação do Santo Espírito.

Sentimentos no coração, tais quais sentiríamos no Calvário, não permitem que acreditemos que a morte teve a última palavra, mas que na Ressurreição do Filho, pelo Pai que tanto ama, em comunhão com o Espírito Santo, o Amor teve a última e eterna Palavra: a Vida Venceu a Morte.

Tão imenso e intenso sofrimento e dor, não foram desolação, o abandono, derrota, mas a nossa própria vitória, quando ao abismo da morte tendo descido, nas alturas da eternidade nos fez entrar.

Tais sentimentos nos desafiam a transformar os sinais de ódio em sinais de vida e de amor; os sinais de vingança em sinais de perdão; os sinais de discriminação em sinais de acolhimento e fraternidade; os sinais de egoísmo em sinais de partilha e comunhão; os sinais de sede de fama, status privilégio, em sinais de serviço generoso, humilde e desinteressado...

Tais sentimentos vividos em cada Eucaristia têm que nos fazer melhores; têm que nos levar ao despojamento de tudo quanto for passageiro, provisório para nos preenchermos do que é essencial e eterno: o Amor e a Vida de Deus presente na Eucaristia, o próprio Jesus.

Comungar é entregar-se numa intensa comunhão de vida e de Amor Trinitário; é mergulhar, de fato, neste abismo de Amor da Santíssima Trindade, para vivermos na comunhão com o outro. Afinal, o amor a Deus e ao próximo quis o Senhor que fossem inseparáveis, numa eterna comunhão.

Que nunca saiamos vazios da Santa Missa. Que os sentimentos de paixão, amor, doação, entrega, solidariedade, e quanto mais possamos dizer e sentir diante do Calvário, estejam em nosso coração.  

Crendo, contemplando, vivendo e testemunhando o mais belo e supremo gesto de Amor que em Cristo Se fez: o Encontro da fragilidade humana (Jesus é Homem) com a Onipotência Divina do Amor (Ele é Deus).

Da Encarnação ao Calvário, da Manjedoura à Cruz, Deus assumiu nossa condição humana; fazendo-Se um de nós, viveu nossa fragilidade, mas com a Sua Ascensão e Ressurreição nos tornou eternos.

Encarnando Se fez igual a nós, Ressuscitando e subindo aos céus nos fez iguais a Ele... Que sentimento mais belo se poderia descrever?

Silenciemo-nos diante do Mistério do Amor de Deus celebrado em cada Eucaristia! 

Oremos: 


 “Ó Deus como Vos amo, como Vos adoro, como Vos desejo, somente por Vós me consumo. Que eu seja para o outro o Seu prolongamento, a Sua presença, sinal do Seu Amor. Amém”.

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