Ao celebrar a Solenidade da Santíssima Trindade (ano C), contemplamos um Deus que é comunidade, uma comunhão de amor: Pai, Filho e Espírito Santo, Deus Uno e Trino, três Pessoas, um só Deus.
A Liturgia da Palavra nos convida a professar nossa fé na Trindade Santa, que nos criou para comungarmos neste Mistério infinito de Amor. Esta é a nossa graça indescritível: fomos inseridos na comunhão com Deus família, Deus Comunidade, e a meta final é a plena comunhão.
Com a passagem da primeira Leitura (Pr 8,22-31), contemplamos o Deus Criador, a origem da sabedoria e a sua função no Plano de Deus. Nos versículos precedentes, o autor nos apresenta o púlpito da sabedoria (v.1-11); seus credenciais (v.12-21).
A sabedoria, que tem origem em Deus, é a primeira de Suas obras, e o deleite da Sabedoria é estar junto do homem e da mulher, desempenhando seu papel em favor da humanidade.
É preciso contemplar a obra de Deus e entregar-se em Suas mãos com confiança total, afastando todo fechamento e egoísmo que destroem a Sua obra.
Com a segunda Leitura (Rm 5,1-5) contemplamos um Deus que nos ama pelo Seu Filho, que nos alcança vida em plenitude e oferece a Salvação a todos os povos. O Amor de Deus é verdadeiramente incondicional e quer a nossa felicidade plena.
Se a humanidade acolher, confiar e se entregar à graça de Deus, vida nova alcançará. Logo, a vida nova consiste em viver do Espírito, que nos garante os frutos de paz, esperança e amor.
A Santíssima Trindade assume a precariedade e fragilidade da nossa existência para nos fazer filhos de Deus e herdeiros da vida em plenitude.
Por vezes se vê uma atitude de indiferença diante de Deus e ao Seu amor e Suas propostas. Há uma preocupação muito maior com o título de um campeonato, o final de uma novela, etc. É preciso que redefinamos nossas metas, nossas prioridades e anseios, redescobrindo a face e o Amor de Deus e por Ele nos deixarmos consumir.
Que as coisas divinas mereçam de nossa parte maior atenção, assim, alegria, vida e paz alcançaremos, vida segundo o Espírito viveremos.
Na passagem do Evangelho (Jo 16,12-15) contemplamos o Amor de Deus revelado pelo Espírito Santo.
É Ele, o Espírito Santo, que dá segurança e sabedoria aos discípulos para responderem aos desafios da missão evangelizadora, e quem ajuda na caminhada pelo mundo, neste tempo que vivemos; tempo entre a Morte de Nosso Senhor, Sua Ressurreição e a Parusia.
É o tempo da Igreja, de captar a Palavra de Deus, e deixar-se guiar por Ela, iluminada pelo Espírito Santo, para total fidelidade ao Projeto de Deus. Cremos que é o Espírito Santo que a recebe de Jesus, anunciando à comunidade quais são os desígnios do Pai.
Como Igreja sinodal, devemos estar abertos e atentos às interpelações do Espírito que clamam por solicitude, atenção e solidariedade.
Somente deste modo é que seremos uma Igreja da Santíssima Trindade, uma comunidade marcada pela verdade, vinculada pelo amor, expresso em comunhão, alegria e partilha.
Celebrar a Solenidade da Santíssima Trindade é uma graça que nos possibilita rever, como Igreja que somos, o quanto somos reflexo dela.
É preciso rever o que deve ser corrigido, para que vivamos mais profunda e frutuosa a comunhão entre nós e com a Trindade Santa; rever o quanto somos abertos aos desígnios divinos, desde o princípio da criação, e o quanto somos atentos aos apelos do Espírito Santo.
Temos que mergulhar decididamente neste Mistério tão profundo e imenso de Amor, descobrindo em cada mergulho que nada ainda sabemos de Deus, e que, muito mais que saber de Deus, é preciso que nos empenhemos no principal: viver o Amor que Jesus nos deixou como Mandamento.
Deus é um Mistério infinito de Amor de três Pessoas, e Ele nos quer envolvidos nesta relação de Amor. Trindade, mais que compreender, é preciso que nos insiramos nesta dinâmica de amor e vida.
Solenidade da Santíssima Trindade é sentir no mais profundo de nós a Sua presença, que Se fez mais íntimo a nós do que nós a nós mesmos.
Quanto mais percebermos a presença de Deus em nós e no outro, mais humanos seremos, e mais compromissos com a justiça, a fraternidade e o mundo novo teremos.
Entrar na relação da Trindade Santa de Amor nos faz mais humanos, mais felizes, mais amados e fraternos.
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