Tenhamos os mesmos sentimentos do Senhor
“Tende entre vós os mesmos sentimentos
que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5)
Reflexão à luz da passagem da Carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses (Fl 2,1-11), para o aprofundamento da graça de sermos discípulos missionários do Senhor.
A Carta é dirigida à uma comunidade viva, piedosa, generosa, mas não perfeita, pois ela precisa aprender o desprendimento, a humildade, a simplicidade, dizendo não ao orgulho, à autossuficiência, à vaidade e à ambição.
Ela precisa abandonar as atitudes individualistas e egoístas no relacionamento comunitário, e, deste modo, aprender a viver na caridade.
Neste sentido, precisará comportar-se como Cristo, em atitude “kenótica”, ou seja, despojamento, esvaziamento, aniquilamento: assumir a Cruz de Nosso Senhor, vivendo em total entrega, obediência, amor, doação e serviço.
Trata-se de assumir os valores que Jesus encarnou ao realizar a sua missão no anúncio da Boa-Nova do Reino de Deus.
A Carta nos provoca: num mundo competitivo, como viver esta lógica de Jesus, que é o caminho da glorificação, o caminho da vida plena, da glória que não prescinde da Cruz:
“O caminho para a glória, mesmo no interior da vida da comunidade, passa pela Cruz; o caminho da harmonia comunitária passa pela caridade e pela humildade”(1).
Portanto, ouvimos na passagem um Hino Cristológico Paulino com densidade notável, que nos dá a identidade de cristãos e discípulos missionários do Senhor, de modo que somos interpelados pela Sua Palavra e seduzidos pela Sua Pessoa, totalmente identificados com o Seu Coração:
“Sermos cristãos realiza-se percorrendo um caminho concreto, avançando no mesmo sentido indicado pelo Mestre, identificamo-nos com Ele, tornando-nos uma imagem Sua, para as pessoas que encontramos”(2).
Neste sentido o discípulo precisa identificar-se profundamente com Jesus:
- ter os mesmos sentimentos d’Ele;
- conhecê-Lo verdadeiramente a partir do seu agir e suas preocupações;
- pautar a conduta a partir do Seu critério na avaliação das pessoas e das diferentes circunstâncias;
- conhecer as suas opções de vida;
- viver como Ele na relação pessoal com o Pai;
- ter a mesma disposição para d’Ele para com os outros. (3)
Temos alguns critérios para que conheçamos os sentimentos de Jesus:
- a leitura atenta do Evangelho;
- a oração confiante;
- a celebração sincera dos sacramentos;
- a vida em comunidade;
- a partilha da fé em grupo (4).
Quanto aos sentimentos que o discípulo precisar ter para que sejam os mesmos de Jesus são:
- a fortaleza perante a provação;
- a compaixão perante as necessidades do próximo;
- a humildade;
- a obediência à vontade do Pai (Fl 5,6-8) (5).
Roguemos a Deus para que estes critérios e sentimentos se façam presentes em nosso discipulado, para que sejamos uma Igreja mais plenamente fiel ao Seu Senhor; uma Igreja missionária em saída, como nos exorta o Papa Francisco.
Que o Espírito do Senhor nos ilumine, para que façamos progressos espirituais cada vez maiores, totalmente configurados ao Senhor, que nos chamou e nos envia em missão.
(1)Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – Volume II – p. 434
(2); (3) (4) idem – p. 436
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