Ascensão do Senhor: continuemos a Sua missão! (Ascensão do Senhor - Ano A)
Ascensão do
Senhor: continuemos a Sua missão
“Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19)
Com a Festa da Ascensão do
Senhor (ano A), renovamos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido
com amor e doação, desabrochamos na eternidade, plena comunhão com Deus, assim
como foi a vida de Jesus Cristo. A Solenidade da Ascensão aponta para o fim último de todos nós, a
comunhão com Deus, o Céu, e nos convida a renovar a alegria de sermos continuadores da missão que Ele
realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o
Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes. A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas
é a garantia de Sua eterna presença conosco até que Ele venha pela segunda vez,
como afirmamos na Missa: “anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a
Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”. Antes é preciso assumir, com coragem, no tempo presente, a missão por
Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados
decididamente no Projeto de Salvação Divina, superando a passividade alienante
indo para o meio do mundo, como sal, luz e fermento. Nada falta à Igreja, portadora da plenitude de Cristo, para cumprir esta
missão, portanto renovemos a alegria de crermos que, após um caminho
percorrido com amor e doação, desabrocharemos na eternidade, pela comunhão com
Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo. Na passagem da primeira Leitura
(At 1,1-11), Jesus depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino,
entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino
daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda
possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril. A comunidade vivia um contexto
de crise (anos 80 dC), marcado pela desilusão e frustração, e se fazia
necessário manter-se firme no testemunho do Ressuscitado, sem jamais vacilar na
fé, esmorecer na esperança e tão pouco esfriar na caridade. O tempo vai passando e não vemos realizar o Projeto Salvador. Quando
será enfim realizado? Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de
Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização que é o Espírito Santo
e conta com a participação e ação dos Apóstolos na construção do Reino que
exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por
aqueles que creem e se afirmam cristãos. Os sinais e
palavras tem mensagens próprias: - A elevação aos
céus - trata-se do culminar de uma vida; - A nuvem -
sempre um sinal teofânico (manifestação de Deus); - Olhar para o
céu - acena para a segunda vinda de Cristo, que não devemos esperar de braços
cruzados; - Dois homens
vestidos de branco - anunciam o mundo de Deus.
Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na
comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que
percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de
passividade alienante, imobilismo estéril. Ele nos apresenta a Ascensão quarenta dias depois da Ressurreição:
quarenta é um número simbólico, define o tempo necessário para que um discípulo
possa aprender e repetir com fidelidade e coragem as lições do Mestre. A descrição da elevação de
Jesus ao céu, assim como a nuvem, os discípulos a olhar para o céu, os homens
vestidos de branco têm uma mensagem própria: os discípulos, animados pelo
Espírito, devem continuar no mundo a história e obra de Jesus, aguardando a Sua
segunda vinda definitiva e gloriosa. A comunidade não pode ficar
“olhando para o alto e de braços cruzados”, precisa seguir o caminho que é o
próprio Jesus, com olhar para o futuro, renovando cotidianamente os
compromissos com o Projeto de Salvação que Deus tem para a humanidade. Deste modo podemos afirmar que
a Ressurreição e Ascensão de Jesus, nos garante uma vida vivida na fidelidade
ao projeto do Pai: “Uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva
com Deus. Quem percorre o mesmo ‘caminho’ de Jesus subirá, com Ele, à vida
plena”. (1) Reflitamos: - Tenho sido
fiel à missão que o Senhor me confiou? - O que gero com
o meu testemunho nos diversos âmbitos em que vivo? - Quais são meus
compromissos solidários na transformação do mundo? - Fico a olhar
para o céu ou me comprometo com a transformação em todos os níveis? Com a passagem da segunda
Leitura (Ef 1,17-23), acolhemos uma mensagem de confiança e esperança, em que a
comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida, formando um só
Corpo, que é a Igreja, cuja cabeça é o próprio Cristo. Trata-se de uma síntese da teologia paulina, e o Apóstolo Paulo
fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo - “o corpo de Cristo” – formado por muitos membros, e
que Paulo já havia dito em outras Cartas, mas agora escreve da prisão, e faz
parte das “cartas do cativeiro”. Temos uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é
exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida: Cristo sendo cabeça e a comunidade um corpo, juntos
forma-se uma comunidade indissolúvel, da qual Cristo está no centro, e nada
falta a Igreja para levar a diante a missão por Ele confiada: “Dizer que a Igreja é a
'plenitude' ('pleroma') de Cristo significa dizer que nela reside a
‘plenitude’”, a ‘totalidade’ de Cristo. Ela é o receptáculo, a
habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse 'corpo' onde
reside que Cristo continua todos os dias a realizar o Seu Projeto de salvação
em favor dos homens. Presente nesse ‘corpo’, Cristo enche o mundo e atrai a Si
o universo inteiro, até que o próprio Cristo ‘seja tudo em todos’ (vers.
23)”. (2) Com isto, a Igreja é chamada a
testemunhar Cristo, torná-Lo presente no mundo, comprometida com o Projeto de
Libertação que Ele inaugurou em favor da humanidade. Esta missão só findará,
quando pelo testemunho, fidelidade, ação daqueles que creem, Cristo seja 'um em
todos'. A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus garantem a nossa própria
ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho, superando as
dificuldades. Na passagem do Evangelho (Mt
28,16-20), encontramos a descrição do encontro final de Jesus com Seus
discípulos, no monte da Galileia. Além de reconhecer Jesus como
Senhor, a comunidade recebe d’Ele a missão de continuar o Seu Projeto de
Libertação da humanidade, no testemunho do Reino por Ele inaugurado. O Evangelista Mateus, por três
momentos significativos, nos fala da montanha: - A tentação de se atirar do alto monte (Mt 4,8); - No Monte Tabor, com a Transfiguração (Mt 17,1) - E finalmente na Sua Ascensão. No Antigo
Testamento, de modo especial, monte é sempre o lugar onde Deus se revela às
pessoas (Moisés, Elias etc.). E ainda mais, foi na Galileia
que Jesus viveu quase toda a Sua vida; foi onde começou a anunciar o Evangelho
do Reino (Mt 4,12-22). É também lá que se recomeça a missão. Onde tudo começou
foi onde tudo recomeçou... Deste modo, celebrar a Ascensão de Jesus é: - Tomar consciência da missão que foi confiada por
Jesus aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida
dos homens; - Tomar consciência também de que, como Igreja,
comunidade dos discípulos de Jesus, somos a presença libertadora e salvadora de
Jesus no meio dos homens; - Rever como procuramos testemunhar o Reino de Deus
em todos os âmbitos da vida; - Assumir a missão que Jesus confiou aos
discípulos, que consiste numa missão universal: as fronteiras, as raças, a
diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença de Sua Proposta
libertadora no mundo. Deste modo, com a Ascensão, podemos afirmar que Jesus cumpriu
plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início a
nossa missão, sentando-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos,
através da missão dos discípulos. Urge não ficarmos apenas admirando, mas nos colocarmos constantemente a
caminho, com renovados compromissos com o Projeto da Salvação; de modo que é
preciso viver o Batismo, inseridos na
mais perfeita comunidade de comunhão e amor, a comunidade Trinitária: Pai,
filho e Espírito Santo. Vivendo a Boa-Nova anunciada,
em confronto com o mundo, pode gerar desilusão, sofrimento e frustração. Mas é
exatamente aqui que o discípulo deve dar razão da esperança que possui, testemunho
de n’Aquele em quem confia, Jesus, com a força e ação do Espírito Santo
Paráclito, o Defensor, o Espírito da Verdade que estará conosco até o fim dos
tempos. Urge levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de
que todos sejamos um em Cristo Jesus, de modo que celebrar a Solenidade da
Ascensão do Senhor é afirmar uma bela verdade de nossa fé, pois a Ascensão do
Senhor liga-se necessariamente à Sua Encarnação, e comunica o seu significado autêntico:
O Filho de Deus tornou-Se como nós para nos tornar como Ele. Exultemos de alegria por sermos continuadores da missão que Ele
realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o
Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes. De fato,
o Espírito Santo é derramado, como dom de Amor do Pai, para continuarmos,
fiéis na Missão do Cristo, na mais profunda e frutuosa vivência do Amor e da
Vida Trinitária. Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do
cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para
encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos,
para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por
Cristo na construção do Reino de Deus. Que esta certeza alimente a
nossa coragem para que testemunhemos o que acreditamos e professamos; o que nos
move e nos direciona rumo ao encontro definitivo com Deus, na mais perfeita e
plena comunhão de amor, empenhados, por ora, na construção do Reino de amor,
vida, alegria, luz e paz. Reflitamos: - Tenho
consciência da universalidade da missão? - Como
discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para
que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo? - A vida dos
discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também
está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei
convosco até o fim dos tempos”. Tenho esta certeza em meu coração? - No seguimento de
Jesus não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de
novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por
Cristo e pela missão a nós confiada? - Procuro a
sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura? - Ser cristão é
ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode
contar com Ele na missão. - Quais são os
medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora? - Sentimos a
presença do Ressuscitado em nossa missão? - Temos sentimentos
de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a
missão? Seja a Festa do Envio, da continuidade da missão
que Jesus nos confia –“Ide pelo mundo e ensinai todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Missão é graça divina, e é preciso que a vivamos
como uma resposta permanente, confiante e perseverante.
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