Corridas, paragens, avanços...
“Pedro saiu, então, com o outro discípulo e se dirigiram ao sepulcro. Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro” (Jo 20,3-4)
Iniciamos o Itinerário Pascal quando, como Igreja, nos preparamos para a grande celebração da Festa de Pentecostes, manifestação do Espírito e comunicação dos dons necessários para levamos adiante o anúncio da Boa Nova do Ressuscitado:
“Como Pedro e João corramos para Jesus Ressuscitado.
Esta corrida durará tanto quanto a nossa curta vida,
com paragens preparadas pela misericórdia de Deus
e o Amor de nosso Senhor. Corramos.
Não olhemos para trás”. (1)
A vida de fé consiste exatamente nisto: corridas e paradas. Corridas para que possamos colocar em prática nossa fé, com seus inúmeros apelos, sem incorrer num ativismo que nos esvazie, e com o cansaço que nos imobilize e faça nos sentirmos impotentes pela realidade que nos envolve, porque sempre maiores são os desafios e interpelações que clamam nossa ação afetiva e efetiva.
Corridas para que não fiquemos ancorados em seguranças adquiridas, e com medo de avançar para o encontro de metas e sonhos mais ousados, sagrada utopia do Reino que nos impele, jamais nos instala.
Corridas para que os gritos silenciosos de quem sofre sejam ouvidos, e mãos solidárias sejam estendidas.
Corridas ao encontro de quem está com as mãos vazias, suplicantes de um pouco de carinho e de atenção.
Corridas para encontros com quem espera tão apenas uma palavra de ânimo, de esperança, de coragem, para passos firmar, sonhos voltar a ter, porque os pesadelos do quotidiano lhe roubaram a serenidade e a paz.
Corridas para se somar a muitos que não se entregaram na bela e ousada missão de o Reino de Deus fazer acontecer.
Mas também precisamos das paragens...
Paragens para fôlego refazer, para que não sôfregos fiquemos. Paragens diante do Mistério da presença do Senhor, no Santíssimo Sacramento, em diálogo silencioso e profundo recolhimento.
Paragens com a Palavra na mão, lida ou ouvida, meditada e no coração raízes fincadas para frutos do Espírito produzir.
Paragens ao redor da Mesa da Eucaristia para refazermos nossas forças: pelo Pão de Imortalidade alimentados, e pelo Vinho Sagrado, Bebida Diviníssima, redimidos e inebriados.
Entre corridas e paragens, sem jamais olhar para trás, com desejo de retornos e recuos, pois na vida de fé temos que avançar.
Avançar movidos pelo amor que nos impulsiona ir ao encontro da Divina Fonte do Amor: Jesus.
Avançar, na Palavra d’Ele confiar, e redes em águas mais profundas lançar.
Colocar nossa nau no mar agitado da vida, e contar sempre com a presença do Senhor que de nós não se ausenta jamais.
Corridas, paragens, avanços... Até que a margem da eternidade alcancemos. Aleluia!
(1) Pe. Leon Dehon - Sociólogo, escritor, advogado e Padre Fundador da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.
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