domingo, 3 de março de 2024

“Se não vos converterdes...” (IIIDTQC)

“Se não vos converterdes...”

“... E se não vos converterdes,
ireis morrer todos do mesmo modo.” (Lc 13, 3)

Quando a misericórdia divina é devidamente compreendida,
A conversão mais que empenhados continuamente buscamos,
Santidade na vida presente almejamos sem adiamentos.

Deus não nos salva sem nós e deseja nossa conversão;
Não nos omitamos daquilo que nos é humanamente próprio
Abramos nosso coração para a onipotência de Sua misericórdia.

Porém, não reduzamos, nem esvaziemos o conteúdo da misericórdia divina,
Como uma espécie de complacência para que multipliquemos o pecado,
Mas, para que ela seja a possibilidade da recriação do homem novo.

Quando a misericórdia divina é devidamente compreendida,
A conversão é o mais belo e desejável ato livre de toda pessoa,
Rompimentos de amarras que nos imobilizam para o abraço divino.

A conversão torna-se um ato permanente e necessário,
Sem jamais ficarmos acomodados por pensar já tê-la alcançado,
Pois haverá sempre algo a ser aprimorado, lapidado.

Caminhamos com o Senhor, a revelação da misericórdia do Pai,
e de Sua paciência que não impõe prazo fixo.
Urge que não percamos cada instante neste caminho de conversão.

Se um longo passado de esterilidade pode marcar nossa vida,
Nada impede que Deus nos ofereça uma nova oportunidade, pois
É fato que a misericórdia divina não é sinal de fraqueza, mas da força do Amor.

A misericórdia divina nos leva à conversão como um ato comprometedor,
Permitindo que a ação divina, lá no mais íntimo e profundo de nós,
Nos restaure e nos transforme, para resplandecermos a imagem divina.

Para frutuosa conversão, há que fazermos profundo exame pessoal,
Assim como a revisão da direção que tem tomado a nossa própria vida,
Levando-nos, necessariamente, à mudança de direção.

É ela, a conversão, é a passagem da fé aceita passivamente, fé herdada,
Para a uma fé ativamente conquistada, comprovada, vivenciada,
Como resposta ao dom de Deus e à intervenção do Espírito em nossa vida.

É também a ruptura com uma mentalidade voltada para o pecado,
Para valores puramente humanos, para a autossuficiência e o orgulho,
A fim de aderirmos aos sinais de penitência não apenas rituais.

É, sobretudo, adesão ao Reino que vem e compromisso com ele;
É atitude de pobre, de pequenino, de servo, de filho;
É autenticidade de comportamento entre qualquer desacordo entre fé e vida.

Deus nos espera neste instante decisivo de nossa vida, aqui e agora;
Espera de nossa fé um ato viril, a plena e consciente aceitação do nosso destino: 
Pede-nos que o assumamos livremente, pessoalmente, decididamente.

Abrir-se à misericórdia divina é buscar a conversão, um ato que nos custa,
Que pode levar a opções dilacerantes e que transtornam, porque exigentes,
Em situações que não é fácil agir ou é impossível voltar atrás.

Ó conversão, um caminho longo e difícil para quem a busca;
Caminho que dilacera o coração, nada deixa oculto, indiferente,
Porque leva à mudança também do que passa em nossa indecifrável mente.

Acolhidos pela misericórdia divina, no caminho de conversão,
Há que se contar com o respeito e o auxílio de toda a comunidade,
Pois um germe de vida nova é possível em toda primavera.


PS: Livre adaptação do Missal Dominical – pág. 228-229.

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