Santa
Francisca Romana: humildade, paciência e compaixão
No
dia 9 de março, celebramos a Memória de Santa Francisca Romana (séc. XV), e há
escritos sobre esta, por Maria Magdalena Anguillaria, superiora das Oblatas
de Tor de’Specchi, que nos fala de sua paciência, compaixão e solidariedade com
os pobres.
“Deus
pôs à prova a paciência de Francisca não apenas nos bens exteriores de sua
fortuna, mas quis experimentá-la em seu próprio corpo, por meio de graves e
frequentes doenças, com que foi atingida, como já se disse e se dirá em
seguida. Mesmo assim, nunca se notou nela o menor gesto de impaciência ou
qualquer atitude de desagrado pelo tratamento que, às vezes com certa falta de
habilidade, lhe tinha sido ministrado.
Francisca
mostrou sua coragem na morte prematura dos filhos, que amava com grande
ternura. Aceitava a vontade divina com ânimo sempre tranquilo, dando graças por
tudo o que lhe acontecia. Com igual constância, suportou os caluniadores e as
más línguas que criticavam seu modo de vida. Jamais demonstrou a menor aversão
por estas pessoas que pensavam e falavam mal dela e do que lhe dizia respeito.
Mas, pagando o mal com o bem, costumava rezar continuamente a Deus por elas.
Contudo,
Deus não a escolheu para ser santa somente para si, mas para fazer reverter em
proveito espiritual e corporal do próximo os dons que recebera da graça divina.
Por isso, era dotada de grande amabilidade a ponto de que todo aquele que
tivesse ocasião de tratar com ela, imediatamente se sentia cativado por sua
bondade e estima, e se tornava dócil à sua vontade.
Havia
em suas palavras tanta eficácia de força divina, que com breves palavras
levantava o ânimo dos aflitos e angustiados, sossegava os inquietos, acalmava
os encolerizados, reconciliava os inimigos, extinguia ódios inveterados e rancores,
e muitas vezes impediu a vingança premeditada. Com uma palavra, era capaz de
refrear qualquer paixão humana e de conduzir as pessoas aonde queria.
Por
isso, de toda parte recorriam a Francisca como a uma proteção segura, e ninguém
saía de perto dela sem ser consolado; no entanto, com toda franqueza,
repreendia também os pecados e censurava sem temor tudo o que era ofensivo e
desagradável a Deus.
Grassavam
em Roma várias epidemias, mortais e contagiosas. Desprezando o perigo do
contágio, a santa não hesitava também nessas ocasiões em mostrar o seu coração
cheio de misericórdia para com os infelizes e necessitados de auxílio alheio.
Depois
de encontrar os doentes, primeiro persuadia-os a unirem suas dores à paixão de
Cristo; depois, socorria-os com uma assistência assídua, exortando-os a
aceitarem de bom grado aquele sofrimento da mão de Deus e a suportá-los por
amor daquele que em primeiro lugar tanto sofrera por eles.
Francisca
não se limitava a tratar os doentes que podia agasalhar em sua casa, mas ia à
sua procura em casebres e hospitais públicos onde se abrigavam. Quando os
encontrava, saciava-lhes a sede, arrumava os leitos e tratava de suas feridas;
e por pior que fosse o mau cheiro e maior a repugnância que lhe inspiravam,
imensa era a dedicação e a caridade com que deles cuidava.
Costumava
também ir ao Campo Santo, levando alimentos e finas iguarias, para distribuir
entre os mais necessitados; de volta para casa, recolhia e trazia roupas
usadas e pobres trapos cheios de sujeira; lavava-os cuidadosamente e
consertava-os; depois, como se fossem servir ao seu Senhor, dobrava-os com
cuidado e guardava no meio de perfumes.
Durante
trinta anos, Francisca prestou este serviço aos enfermos e nos hospitais;
quando ainda morava em casa de seu marido, visitava com frequência os hospitais
de Santa Maria e de Santa Cecília, no Transtévere, o do Espírito Santo, em
Sássia, e ainda outro no Campo Santo. Durante o período de contágio não era
apenas difícil encontrar médicos que curassem os corpos, mas também sacerdotes
para administrarem os remédios necessários às almas. Ela mesma ia procurá-los e
levá-los àqueles que já estavam preparados para receber os sacramentos da
penitência e da eucaristia. Para conseguir isto mais facilmente, sustentava à
própria custa um sacerdote, que ia aos referidos hospitais visitar os doentes
que ela lhe indicava”.
Francisca Romana nasceu em Roma, no ano de 1384, casando-se muito jovem e teve três filhos.
A época em que viveu foi marcada por grandes calamidades, e ajudou a muitos pobres com os seus bens, assim como dedicou-se aos doentes.
Uma
vida admirável, pelo amor e compaixão em favor dos indigentes e na prática das
virtudes, como é próprio de todos os santos e santas, notabilizada pela
paciência e humildade.
Fundou
ainda, a Congregação das Oblatas, sob a regra de São Bento no ano de 1425,
vindo a fazer a passagem para a eternidade quinze anos depois.
Um ícone memorável, a exemplo do Bom Samaritano, que nos fala o Senhor na parábola - “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).
Um luminar memorável para as mulheres e homens de todos os tempos, sobretudo ao refletimos sobre o Dia Internacional da Mulher (8 de agosto).
Concluo
lembrando que o exemplo de Santa Francisca Romana está presente em nossas
famílias, comunidades e sociedade, oferecendo o bálsamo do amor e da
solidariedade para tantos feridos e caídos à beira do caminho.
Mulheres que nutrem os mais belos sentimentos de paciência,
humildade e compaixão, porque movidas pelas virtudes divinas da fé, esperança e
caridade, porque amadas pelo Senhor, são d’Ele grandes e imprescindíveis
instrumentos e sinais.

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