segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Natal verdadeiro é compromisso com a fraternidade

Natal verdadeiro é compromisso com a fraternidade

Sejamos iluminados pela reflexão escrita pelo Bispo e Doutor da Igreja, Santo Atanásio, nos leve ao maravilhoso encontro da Divina Fonte de Amor, que no ventre de Maria foi concebido, realizando o encontro da imensidão divina do Verbo e a pequenez da criatura humana.

O Verbo de Deus veio em auxílio da descendência de Abraão, como diz o Apóstolo. Por isso devia fazer-Se em tudo semelhante aos irmãos (Hb 2,16-17) e assumir um corpo semelhante ao nosso.

Eis por que Maria está verdadeiramente presente neste Mistério; foi dela que o Verbo assumiu, como próprio, aquele corpo que havia de oferecer por nós.

A Sagrada Escritura, recordando este Nascimento, diz: Envolveu-O em panos (Lc 2,7); proclama felizes os seios que O amamentaram e fala também do sacrifício oferecido pelo Nascimento deste Primogênito.

O Anjo Gabriel, com prudência e sabedoria, já O anunciara a Maria; não lhe disse simplesmente: Aquele que nascer em ti, para não se julgar que se tratava de um corpo extrínseco nela introduzido; mas: de ti (cf. Lc 1, 35Vulg.), para se acreditar que o fruto desta concepção procedia realmente de Maria.

Assim foi que o Verbo, recebendo nossa natureza humana e oferecendo-a em sacrifício, assumiu-a em Sua totalidade, para nos revestir depois de Sua natureza divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este ser corruptível Se vista de incorruptibilidade; é preciso que este ser mortal Se vista de imortalidade (1Cor 15,53).

Estas coisas não se realizaram de maneira fictícia, como julgam alguns, o que é inadmissível! Nosso Salvador fez-Se verdadeiro homem, alcançando assim a salvação do homem na sua totalidade. Nossa salvação não é absolutamente algo de fictício, nem limitado só ao corpo; mas realmente a salvação do homem todo, corpo e alma, foi realizada pelo Verbo de Deus.

A natureza que Ele recebeu de Maria era uma natureza humana, segundo as divinas Escrituras, e o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro. Digo verdadeiro, porque era um corpo idêntico ao nosso. Maria é, portanto, nossa irmã, pois todos somos descendentes de Adão.

As palavras de João: O Verbo Se fez carne (Jo 1,14) têm o mesmo sentido que se pode atribuir a uma expressão semelhante de Paulo: O Cristo fez-Se maldição por nós (cf. Gl 3,13). Pois da intima e estreita união com o Verbo, resultou para o corpo humano em engrandecimento sem par: de mortal tornou-se imortal; sendo animal, tornou-se espiritual; terreno, transpôs as portas do céu.

Contudo, mesmo tendo o Verbo tomado um corpo no seio da Maria, a Trindade continua sendo a mesma Trindade, sem aumento nem diminuição.

É sempre perfeita, e na Trindade reconhecemos uma só Divindade; assim, a Igreja proclama um único Deus no Pai e no Verbo.”

Celebremos o Natal, o maior de todos os acontecimentos da História: o Nascimento do Salvador.

Deus veio ao nosso encontro, fez-Se um de nós, assumiu nossa condição humana vivendo as vicissitudes desta condição, exceto o pecado.

Contemplemos o Mistério que nos envolve, o Mistério que nos envolve, tempo tão esperado, na plenitude dos tempos, realizado e, no Altar Sagrado, celebrado.

No ventre de Maria, o encontro de duas naturezas, o encontro da imensidão e da pequenez que nos convida ao silêncio e à Oração.

Deus se tornou tão próximo de nós sem nenhum mérito de nossa parte.

Tendo celebrado o Mistério do Natal do Senhor, empenhemo-nos na realização da aspiração da fraternidade, fazendo dela o fundamento e o caminho para a paz e façamos de cada dia do ano que se anuncia uma contemplação e correspondência ao Mistério imensurável do Amor de Deus.


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