Natal: nada nunca mais foi como era antes!
Tudo se transformou quando o Verbo Se encarnou...
Porque assim quer Deus, e se assim ainda não é, urge que o seja, para que o Natal não se reduza a um mito, lenda, história escrita em livros empoeirados pelo tempo sem nenhuma ressonância em nosso existir.
Natal não pode ser reduzido a uma doce fábula separada pelos séculos. Sem saudosismos estéreis, o Natal Cristão precisa ser vivido, como bela joia lapidada, como bela obra reescrita.
Natal há de ser uma página de Deus vivida a cada dia, porque assim é o amor de Deus: se renova a cada instante e nos acompanha instantemente, insistentemente... Ainda que não percebamos, ainda que não mereçamos, ainda que não correspondamos... É próprio do amor de Deus nos amar irrenunciavelmente, irredutivelmente, fielmente...
Nada, absolutamente nada, nunca mais foi como era antes!
A tristeza não suportou e evadiu do mundo
Porque a alegria e sua Fonte Plena vieram reinar.
A melancolia foi queimada pelo Fogo do Amor Eterno
Que veio firmar, com todos, laços mais fraternos!
As armas de guerra foram transformadas em instrumentos de trabalho:
O sangue dos justos e o suor serão derramados, mas que se produza e se coma o pão.
Os mesmos serão derramados, para que se plante e se colha,
Para que se construa e se more, para que se eduque e, na fraternidade, se viva...
As mentiras cederam à Verdade Encarnada,
A escuridão da noite ou do pleno dia foi iluminada pelo esplendor do Verbo Divino;
A morte, a dor, o pranto e o luto se curvaram diante da Vida, do amor e êxtase de Deus.
A injustiça sucumbiu diante do Mavioso, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz: Jesus!
As dúvidas encontraram suas respostas na fonte de todas as respostas: Jesus.
As inquietações foram tranquilizadas pela fonte da serenidade: Jesus
As asperezas, friezas foram superadas pela fonte da ternura: Jesus.
A maldade foi eliminada, não suportou a enormidade do Sumo Bem: Jesus.
A infidelidade tornou-se algo obsoleto diante da promessa cumprida
Na plenitude dos tempos, Ele veio entre nós morar, Sua tenda armar,
E a humanidade aprendeu para sempre que é preciso amar,
Para um novo mundo realizar, outro caminho jamais haverá!
As famílias ganharam tons de sacralidade e santidade;
Espaço vital do ensinamento de santos aprendizados se tornou:
Amor, verdade, respeito, obediência, liberdade, solidariedade
Valores, como sementes no coração de cada criança, plantados.
O mundo e a criação, enfim, reconciliados,
Dores de parto em alegria imensurável por nascimentos...
Tudo passou a ser tão diferente,
Por um Deus que Se fez carne – gente! (cf. Jo 1,14).
Se Deus como criança chorou,
A fragilidade com coragem assumiu.
E, ao mundo, apenas um colo, pediu
Para que no Seu ombro nos carregasse...
Se fome passou, lágrimas derramou...
Foi para que não apenas nos ombros nos carregasse,
Mas nas entranhas profundas de Seu coração,
Abismo infinito de amor e ternura, nos mergulhasse!
Se humilhação, rejeição, indiferença, suportou
Foi para nos ensinar nossa humana condição:
Que nenhum irmão humilhe jamais seu irmão.
Eis tão bela e divina lição que nos deixou.
Se a Cruz, como ápice de amor e doação,
Sem covardia a carregou e suportou
Foi porque o olhar transcendente o acompanhou,
Aparência de fracasso, mas vitória com a Ressurreição
O Natal não terá apenas gosto de champanhes e panetones.
O Natal terá verdadeiro gosto de alegria, Páscoa e Ressurreição.
O Menino frágil da gruta, que em graça, tamanho e sabedoria cresceu
É o mesmo que na Cruz, por amor da humanidade morreu.
Que nosso Natal tenha gosto de Páscoa,
Tenha matizes de Ressurreição,
Assim novo tempo se inaugura
Acolhendo o Verbo no coração.
Que alguma alma humana me faça, então, assim crer
Se tudo ainda foi nada o que, até aqui, eu disse
Que me faça novidades outras possíveis, perceber.
E assim a luz divina vai mais forte resplandecer!
Feliz Natal porque nada, absolutamente nada,
nunca mais foi como era antes!
Ele, em nosso meio habitou, Sua tenda armou,
mais belo Hóspede nosso Se fez,
e o mundo pode cantar com os anjos:
“Glória a Deus no mais alto dos céus paz na terra aos homens por Ele amados” (cf. Lc 2,14) –
d’Ele, do Menino Jesus,
Nosso Senhor e Salvador
alegres mensageiros o sejamos. Amém.
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