Senhor, por vezes Te apalpamos como cegos, andamos tateando; jazemos como mortos nas trevas; rugimos como ursos e gememos como pombos, à espera da salvação, como profetizou Isaías.
Acolhemos nesta Noite Santa o anúncio de uma grande alegria: Nasce como nosso Deus, nosso salvador, Cristo Senhor.
Menino Jesus, nossos ouvidos escutaram no meio da noite: a Estrela da manhã Se levantou! Como um menino, Deus nasceu para nós!
Medito em Teu nome: "Deus vem salvar-nos". És nosso "Salvador" na fragilidade de uma criança, um Salvador tão vulnerável, tão frágil e desarmado como uma criança.
Menino Jesus, vieste para nos reconquistar para Deus, elevar-nos de nossa queda do Paraíso, para falar conosco.
Menino Jesus, tiveste coragem de vir a este mundo como uma criança; como um balbucio que é fácil sufocar. E, de fato, Te sufocamos.
Às vezes, Senhor, Te sufocamos fazendo do Natal a festa da sociedade de consumo, do esbanjamento institucionalizado; festa dos presentes e das decorações luminosas, do décimo terceiro salário e dos champanhas e panetones; festa de certa poesia de bondade generalizada, de um difuso sentimentalismo com verniz de generosidade e emoção.
Outras vezes, Te sufocamos, Deus-Menino, Te impedindo de crescer, deixando-Te permanentemente criança, Te reduzimos a uma frágil estatueta de terracota, relegada a uma caixa, que colocamos no presépio uma vez por ano.
Menino Jesus, queremos ouvir as Palavras que nos trouxeste; com seu teor tão exigente e oportuno, sem incorrermos num cristianismo adocicado, porque muito mais cômodo.
Menino Jesus, não queremos Te reduzir a uma tradição anual, tão pouco fazer de Ti um mito, uma fábula, porque és parte verdadeira da nossa história humana.
Menino Jesus, que vivamos a autêntica poesia do Natal, a Palavra de Deus que Se faz carne; fizeste morada entre nós, a história concreta e real da humanidade, tornando-Te um homem como nós!
Menino Jesus, contemplamos o grande Mistério de Tua encarnação, em que Te apresentaste como um homem como todos nós; porém, em toda a Tua existência terrena, do nascimento à terrível morte na Cruz, ultrapassando de tal modo as dimensões do humano que nos abriste uma porta que faz entrever a transcendência da existência humana.
Menino Jesus, Te fizeste homem que faz sinais extraordinários e pronuncia Palavras que não passam; puseste em prática o Amor como nenhum outro; revelaste o que é o Amor que salva os homens. És imagem e sinal de Deus neste mundo.
Menino Jesus, Tu és um homem em quem o eterno irrompe no tempo; através do qual os homens vêm a conhecer a profundidade e a altura da existência humana.
Torna-Te esperança para os homens destinados à morte, pois morrendo nos mereceste a vida e nos abriste um novo futuro.
Tudo isso se revela desde o Teu nascimento; na frágil criança posta na manjedoura.
Menino Jesus, Tu és verdadeiramente o Salvador do mundo. Contigo nasce e renasce a imperecível e sempre nova mensagem do Natal - sem mito e nem lenda -; a mais bela mensagem de amor, vida, graça, luz e paz.
Menino Jesus, Tua paz queremos, a paz que é a sombra visível, terrena, da glória invisível de Deus com quem sempre estiveste: antes da criação e para sempre.
Menino Jesus, nasceste para vir ao nosso encontro tão apenas por Amor e, crescendo em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus, também por Amor, contínuo e irrevogável, por nós na Cruz morreste. E pelo mesmo Amor e por Amor Deus o Ressuscitaste e o Teu Santo Espírito nos enviou.
Natal com gosto de Páscoa!
Assim quero celebrar contigo, Senhor! Amém.
Ps: Livre adaptação Missal Dominical páginas 118 – 119.
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