segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Mensagem para o 49º Dia Mundial da Paz (Papa Francisco) (final) (2016)



A misericórdia é o coração de Deus. Por isso, deve ser também o coração de todos aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo do rosto de Deus nas Suas criaturas.

É por isso que é determinante para a Igreja, e para a credibilidade do seu anúncio, viver e testemunhar, ela mesma, a misericórdia. A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem irradiar misericórdia.

Nossa primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo, que vai até ao perdão e ao dom de Si mesmo, e faz da Igreja serva e mediadora junto dos homens.

Onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai, através de nossas paróquias, comunidades, associações e nos movimentos – onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia.

Também somos chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas relações de uns com os outros, e isto requer a conversão do coração, isto é, que a graça de Deus transforme o nosso coração de pedra num coração de carne (cf. Ez 36, 26), capaz de se abrir aos outros com autêntica solidariedade.

É preciso, portanto, fomentar uma cultura de solidariedade e misericórdia para se vencer a indiferença em todos os âmbitos da existência humana.

A paz será como o fruto de uma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão, e ela, sob o signo do Jubileu da Misericórdia, nos convida a superar toda e qualquer forma de indiferença, e a adotar um compromisso concreto para melhorar a realidade onde se vive, a começar  pela própria família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho.

Fundamental é o papel dos Estados, que são chamados a cumprir gestos concretos, atos corajosos, a bem das pessoas mais frágeis da sociedade, como os reclusos, os migrantes, os desempregados e os doentes.

Apela aos líderes dos Estados para que realizem gestos concretos a favor dos nossos irmãos e irmãs que sofrem pela falta de trabalho, terra e teto.

Não se pode ficar indiferente também à questão da migração: a clandestinidade traz consigo o risco de arrastar pessoas para a criminalidade; assim como a condição de vida dos doentes,  garantindo a todos o acesso aos cuidados sanitários e aos medicamentos indispensáveis para a vida, incluindo a possibilidade de tratamentos domiciliários.

Finaliza invocando a intercessão de Maria Santíssima, Mãe solícita pelas necessidades da humanidade, para que nos obtenha de seu Filho Jesus, Príncipe da Paz, a satisfação de nossas súplicas, para compromisso diário por mundo fraterno e solidário, faz um tríplice apelo aos líderes dos Estados:

- Abster-se de arrastar os outros povos para conflitos ou guerras que destroem não só as suas riquezas materiais, culturais e sociais, mas também – e por longo tempo – a sua integridade moral e espiritual;
- apelo ao cancelamento ou gestão sustentável da dívida internacional dos Estados mais pobres;


- Apelo à adoção de políticas de cooperação que, em vez de submeter à ditadura de algumas ideologias, sejam respeitadoras dos valores das populações locais e, de maneira nenhuma, lesem o direito fundamental e inalienável dos nascituros à vida.

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