domingo, 31 de dezembro de 2023

Maria nos ensina o itinerário da fé (ano C)


Maria nos ensina o itinerário da fé

Maria, porém, guardava todas estas
coisas, meditando-as em seu coração.” (Lc 2, 19)

O comentário do Missal Dominical sobre a passagem do Evangelho na Missa da Sagrada Família - Ano C (Lc 2, 41-52)  é muito oportuno:

“Depois do encontro no templo, Maria e José se calam, não apresentam objeções sobre a opção de Jesus; inconsciente
e intuitivamente percebem que é uma escolha que os exclui
(ou parece excluí-los) da vida de seu único Filho, uma
opção semeada de lágrimas e sangue, mas a
aceitam, porque essa é a vontade de Deus”.

E, ainda sobre esta passagem, em que Jesus foi encontrado por Seus pais discutindo no meio dos doutores:

“A descrição é feita com categorias pascais; Ele deve cumprir a vontade do Pai (v. 49) e este ‘deve’ (4,43; 9,22; 17,25)  marcará toda a Sua vida, leva-Lo-á à Paixão e à Morte para fazê-Lo passar, depois de três dias, à glória, isto é, à casa do Pai (v. 46; 24,26.46-47).

As palavras de Maria (v.48) são a expressão espontânea da dor e da angústia de uma verdadeira mãe em seu relacionamento com o filho (cf. Lc 2,35; Jo 19,25-27).”

Este episódio, contemplado no quinto Mistério da alegria, trata-se da revelação da identidade de Jesus e do caminho que Ele deveria percorrer e percorreu.

Na interrogação de Jesus a Maria, quando manifesta a preocupação em Sua procura - “Não sabeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?” (v.49), revela a Sua incondicional obediência a Deus que preanuncia a obediência que O levará até a Cruz.

E, ressoou mais uma vez no coração de Maria e José as palavras do velho Simeão, quando falou que uma espada transpassaria a alma de Sua Mãe (Lc 2,34-35).

O Evangelista diz que eles não compreenderam as palavras de Jesus (v. 50). Só mais tarde é que compreenderiam:

Naquele ‘não entenderam’ abre-se, também para a Mãe, o espaço do caminho na fé. Segundo Lucas, Maria é ao mesmo tempo a primeira crente (Lc 1,45) e aquela que não compreende (Lc 2,50). Não há contradição. O Evangelista sabe que a fé não barra o caminho, mas abre-o. A vida de Maria foi uma espécie de passagem de maternidade para o discipulado, de uma maternidade física para uma maternidade vivida cada vez mais espiritualmente.” (1)

Maria, modelo de fé para o discípulo do Senhor, teve de percorrer um itinerário marcado pelo contraste entre a glória e a fraqueza, quando Jesus Se revelou não ser simplesmente Filho, mas o modo desconcertante de ser o Filho de Deus.

Por isto, Maria meditava e guardava tudo em seu coração, procurando, mais que compreender, acolher o Mistério de Deus, em total obediência, fidelidade, abertura. Era Seu Filho, mas era o Filho de Deus com uma missão a cumprir.

É este mesmo itinerário que precisamos fazer para sermos verdadeiramente discípulos missionários do Senhor. Somente assim é que aprenderemos o caminho que leva à santificação de nossa família, como primeiro espaço sagrado da existência.

E, também é o itinerário que, como membro de uma comunidade cristã, devemos fazer para que a Igreja seja cada vez mais fiel Àquele que colocou acima de tudo a vontade do Pai.

Uma pergunta:

- Quais lições podemos aprender, para santificação e solidificação de nossas famílias, com esta passagem do Evangelho?

Uma contemplação:
Contemplar esta Sagrada Família, modelo de toda família:
“Jesus desceu então com Seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens” (Lc 2, 51-52).

Uma prece:
Pela família, e de modo especial pelas famílias em dificuldades, sejam quais forem...

Uma jaculatória:
“Sagrada Família, fazei a nossa família semelhante a Vossa!” Amém!


(1) Lecionário Comentado - Volume Advento/Natal - Editora Paulus - Lisboa - 2011 -  p.261. 

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