“Sofremos o amor perdido”
Disse o Senhor na passagem do Evangelho (Lc 21,5-19) proclamada no 33º Domingo do Tempo Comum (ano C) e na Quarta-feira da 34ª Semana do tempo Comum: “Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos e amigos. E eles matarão alguns de vós” (Lc 21, 16).
Para reflexão, retomo um trecho do Sermão do Papa e Doutor da Igreja, São Gregório Magno (séc. VI):
“Nós sofremos menos pelos males causados por estranhos, porém nos são mais cruéis os tormentos que sofremos da parte daqueles em cujo amor confiávamos; porque, além do tormento do corpo, sofremos o amor perdido, eis por que de Judas, Seu traidor, diz o Senhor pelo salmista:
‘Na verdade que, se o ultraje viesse de um inimigo meu, teria sofrido com paciência; e se a agressão partisse daqueles que me odeiam, poderia ter-me salvo deles; mas tu, meu companheiro, meu guia e meu amigo; com quem me entretinha em doces colóquios, que andávamos juntos na casa de Deus’.
E novamente: ‘Até o próprio amigo em quem eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar’. Como se de seu traidor dissesse claramente: ‘sua traição me é tanto mais dolorosa quanto mais íntimo me parecia ser aquele de quem a sofri’”.
São Gregório retrata possíveis experiências que possamos já ter vivido. Podemos já sofrido por um amor perdido, como assim vivenciou Nosso Senhor, em relação à traição de Judas, a quem tanto amou, e não foi correspondido, e nem por isto deixou de amá-lo. Quem mais poderia amá-lo e nos amar tanto assim?
Quanto ainda temos que nos converter e amadurecer para amar, incondicionalmente, como Jesus nos ama?
Findando mais um Ano Litúrgico, ainda temos um longo aprendizado na prática do Mandamento Maior do amor a Deus, que se expressa no amor ao próximo, para que O coroemos e O glorifiquemos como Senhor de nossa vida e de todo o Universo.
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – 2013 – P.755
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