domingo, 30 de março de 2025

Movidos pelo amor

                                                            

Movidos pelo amor

O monge São João Clímaco (séc. VI) nos apresenta, no oitavo degrau da Escada Santa, um fato presenciado que muito nos ilumina sobre o verdadeiro amor, que se estende aos inimigos:

“Um dia vi três monges humilhados de maneira semelhante no mesmo momento. O primeiro ficou imensamente ofendido, perturbou-se, mas guardou o silêncio. O segundo alegrou-se por si mesmo, mas entristeceu-se por quem o insultava. O terceiro só pensou no dano causado ao seu próximo e chorou com extrema compaixão. Um era movido pelo temor, o outro pela esperança da recompensa, o terceiro pelo amor.”

Também nós podemos ser humilhados ou constrangidos, por diversas situações ou por alguém, e podemos ter semelhantes atitudes.

Roguemos a Deus que nos dê a mansidão necessária, para que alcancemos o grau elevado da terceira atitude, a fim de que sejamos movidos pelo amor, choremos por extrema compaixão de quem nos tenha ofendido.

Ainda que nos seja difícil, é a melhor atitude que devemos ter, para que não nos seja roubada a graça e a alegria de perdoar e ser perdoado, inseparavelmente.

De nossos olhos, sejam vertidas lágrimas de compaixão, que  purifiquem nosso olhar e nosso coração, e possamos ver  a presença de Deus no coração de nosso próximo, ainda que nos tenha ofendido. Amém.


PS: citado em Fontes: Os Místicos Cristãos dos primeiros séculos – textos e comentários – Edições Subíaco – p.224
Memória celebrada no dia 30 de março.

Fortalecidos pela oração

                                                   

Fortalecidos pela oração

“Seja todo o fio da oração singelo, sem multiplicação e elegância de muitas palavras, pois somente com uma se reconciliaram com Deus o publicano do Evangelho e o filho pródigo.”

Na Quaresma, a Igreja nos convida à prática de três exercícios: oração, jejum e esmola.

Acolhamos a reflexão de São João Clímaco, que muito pode nos ajudar no aprofundamento da oração agradável a Deus:

“A oração segundo sua condição e natureza, é a união do homem com Deus; mas segundo seus efeitos e operações, oração é vigia do mundo, reconciliação com Deus, mãe e filha das lágrimas, perdão dos pecados, ponte para atravessar as tentações, muro contra as tribulações, vitória nas batalhas, obra dos Anjos, sustento das substâncias incorpóreas, deleite da alegria vindoura, obra que não se acaba, fonte de virtudes, procuradora das graças, aproveitamento invisível, sustentáculo do espírito, luz do entendimento, coação da desesperação, argumento da fé, desterro da tristeza dos monges, tesouro dos solitários, diminuição da ira, modelo de aproveitamento, indício da medida das virtudes, manifestação de nosso estado, revelação das coisas vindouras e significação da clemência divina aos que perseveram chorando nela.

Tudo isto se diz ser a oração, porque ajuda ao homem em todas as coisas, pedindo e alcançando a caridade, a devoção e a graça, as quais nos administram todas as coisas.

A oração, para aqueles que oram corretamente, é um espiritual juízo e tribunal de Deus, que antecede o tribunal do juízo vindouro; porque ali o homem se conhece, se acusa e se julga para dispensar o juízo e a condenação de Deus, conforme disse o Apóstolo.

Levantemo-nos, pois, irmãos, ouçamos esta grande auxiliadora de todas as virtudes, que com alta voz clama e diz: ‘Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados, que Eu  vos animarei’. Tomai sobre vós o meu jugo, e encontrareis descanso para vossas almas, e remédio para vossas chagas, porque meu jugo é suave, e cura ao homem de grandes chagas.

Aqueles dentre nós que chegamos a falar e participar diante de nosso Deus, não façamos isto despreparados; porque fitando-nos Aquele longânime e misericordioso Senhor, sem armas e sem vestes dignas de Seu real acatamento, não mande Seus criados e ministros que nos desterrem de Sua presença atados de mãos e pés, e nos deem em face com a negligência e interrupção de nossas orações.

Quando fores apresentar diante da face do Senhor, procura levar a veste de tua alma costurada com o fio daquela virtude que se chama esquecimento das injúrias; porque de outra maneira nada ganharás com a oração.

Seja todo o fio da oração singelo, sem multiplicação e elegância de muitas palavras, pois somente com uma se reconciliaram com Deus o publicano do Evangelho e o filho pródigo.

O Estado dos que oram é um; porém nele existe muita variedade e diferença de Orações. Porque existem alguns que comparecem diante de Deus como diante de um amigo e Senhor familiar, oferecendo-lhe Orações e louvores, não tanto pela sua própria salvação como pela dos outros, como fazia Moisés.

Outros, por sua vez, pedem-lhe maiores riquezas, maior glória e confiança. Outros pedem com insistência para serem livres do inimigo. Alguns pedem honras e dignidades; outros perfeita quitação de suas dívidas; outros, ser livres do cárcere desta vida; outros desejam ter que responder as acusações e objeções do divino juízo.

Diante de todas as coisas coloquemos no primeiro lugar de nossa oração – que é a entrada dela – uma sincera ação de graças; e em segundo lugar suceda a confissão e contrição (dos pecados), que brote no íntimo afeto de nosso coração; e depois destas duas coisas expressemos nossas necessidades ao nosso Rei, e façamos-Lhe nossas petições.

Esta é uma boa ordem e maneira de orar, a qual foi revelada por um Anjo a um dos monges.” (1)

São João Clímaco foi um monge do Monte Sinai (séc. VII), e deve o seu codinome a um livro de sua autoria – “Escada para o paraíso”.  Clímaco é uma alusão à palavra “klímax”, que em grego significa escada.

Em “Escada para o Paraíso”, a escada é um resumo da vida espiritual, concebida para os solitários e contemplativos, uma obra que influenciou a conduta de vários religiosos, tanto no Ocidente quanto no Oriente.

São João Clímaco explica que existem 30 degraus a serem galgados, para que se atinja a perfeição moral (alusão à escada de Jacó – Gn 28,12).

Para o Monge, a oração é a mais alta expressão da vida solitária; desenvolvendo-se pela eliminação das imagens e dos pensamentos.

Esta reflexão renova em nós o gosto pela oração, “o fio da virtude” de nossa vida, para que bem possamos nos apresentar diante do Senhor, sempre de coração puro, sem multiplicação de palavras, e/ou com palavras elegantes, mas de pouco valor.

Bem disse o Senhor que, quando rezarmos, não precisamos multiplicar palavras, e ainda: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e fechando tua porta, ora a teu Pai que está lá, no segredo, e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mt 6,6).

Façamos da Quaresma um tempo favorável de salvação, acompanhado de autêntica, frutuosa, sincera e confiante oração diante de Deus.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – p. 306-308 - Memória celebrada no dia 30 de março.


“O amor é um abismo de luz, uma fonte de fogo”

                                                    

“O amor é um abismo de luz, uma fonte de fogo”

O monge São João Clímaco (séc. VI) nos apresenta, no trigésimo degrau da Escada Santa, “o amor”, como vemos:

“O amor: sua natureza e semelhante a Deus (...) sua ação: embriaguez da alma; sua força própria: fonte da fé, abismo de paciência, oceano de humildade.

O amor, a liberdade interior e a adoção filial não se distinguem senão pelo nome, como a luz, o fogo, a chama.

Se o rosto de um ser amado (...) nos torna felizes, que não fará a força do Senhor quando vier secretamente habitar a alma purificada?

O amor é um abismo de luz, uma fonte de fogo. Quanto mais ele corre, mais queima aquele que tem sede (...) Eis porque o amor é uma progressão eterna”.

Ser discípulo missionário é propor-se a subir esta “escada santa”, degrau por degrau, até chegar ao seu ápice, que consiste no amor.

Asim somos conhecidos como discípulos do Senhor: se nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou, assim como ele próprio afirmou (Jo 13,35).

Roguemos a Deus, para que jamais desistamos desta subida, incansavelmente, até que alcancemos este “abismo de luz” e “fonte de fogo”, como nos falou o monge.

É tempo de formar comunidades que vivam como as primeiras comunidades cristãs, perseverantes na Doutrina dos Apóstolos, na fração do Pão, na comunhão fraterna e na oração.

Tudo isto em perfeita sintonia com as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2019-2023), a fim de construirmos comunidades como uma casa, com seus quatro pilares indispensáveis: o pilar da Palavra, do Pão, da Caridade e da ação missionária.


PS: A Escada Santa, 30º degrau – citado em Fontes: Os Místicos Cristãos dos primeiros séculos – textos e comentários – Edições Subíaco – p.224
Memória celebrada no dia 30 de março.

Nossa miséria diante da Misericórdia Divina (IVDTQC)

 


Nossa miséria diante da Misericórdia Divina

“Sentei-me na indigência, levantei-me pelo desejo de Teu Pão”
 
O Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho (séc. IV), nos apresenta um “Comentário ao Salmo 138,5-6”, num paralelo com a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 15,15-32), na qual encontramos a parábola do filho pródigo.
 
De longe penetras meus pensamentosconheces meu caminho e meu descanso, todos os meus caminhos Te são familiares.
 
O que significa ‘de longe’? Enquanto ainda estou no caminho antes de chegar à pátria, Tu penetras meus pensamentos. Acolhe àquele filho mais novo, pois também ele se tornou corpo de Cristo, Igreja procedente da gentilidade. E o filho mais novo tinha emigrado para um país distante. Porque havia um homem que tinha dois filhos: o mais velho não tinha se distanciado, pois trabalhava no campo, e simbolizava aos santos que, no tempo da lei, cumpriam suas obras e seus preceitos.
 
Por outro lado, o gênero humano, que havia se rebaixado ao culto dos ídolos, tinha emigrado para um país distante. O que mais longínquo daquele que Te fez, do que a forma que tu mesmo fizeste?
 
Assim, o filho mais novo emigrou a um país distante, levando consigo toda a sua fortuna e – conforme nos informa o Evangelho – a desperdiçou vivendo dissolutamente. E começando a passar necessidade, foi e arranjou-se com um homem importante daquela região, e que o mandou cuidar dos porcos. Tinha desejo de saciar sua fome com a comida dos porcos, e ninguém lhe dava de comer.
 
Depois de tanto trabalho, penúria, tribulação e necessidade, lembrou-se de seu pai, e decidiu voltar para casa. Pensou: voltarei para meu pai. Agora, reconhece a sua voz que disse: sabes quando me sento, ou me levanto.
 
Sentei-me na indigência, levantei-me pelo desejo de teu pão. De longe penetras meus pensamentos: por isso o Senhor disse no Evangelho que o pai pôs-se a correr ao encontro do filho que regressava.
 
Realmente, como de longe tinha penetrado em seus pensamentos, conheces meu caminho e meu descansoMeu caminho, diz. Qual caminho, a não ser o mau, ao qual tinha percorrido afastando-se do pai, como se pudesse ocultar-se aos olhos do vingador, ou como se pudesse ser humilhado por aquela extrema necessidade ou ser combinado que cuidaria dos porcos, sem a vontade do pai que queria castigá-lo ao longe, para recebê-lo em seguida?
 
Desta forma, como um fugitivo capturado, perseguido pela legítima vingança de que Deus nos castiga em nossos afetos, em qualquer lugar que formos e em qualquer lugar que tivéssemos chegado; como um fugitivo capturado – novamente repito – diz: Conheces meu caminho e meu descanso. Aquela minha meta distante não era longínqua aos Teus olhos: Afastei-me muito, e Tu estavas aqui. Conheces meu caminho e meu descanso.
 
Todos os meus caminhos Te são familiares. Conhecia-os antes que por eles eu andasse, antes que eu caminhasse por eles. Permitiste que eu os percorresse na fadiga, os meus próprios caminhos, para que, se em algum momento decidisse abandonar este caminho árduo, regressasse aos Teus.
 
Por que não há fraude em minha língua. Por que disse isto? Porque, confesso-Te, andei por meus caminhos e me afastei de Ti; separei-me de Ti, como se estivesse indo bem, e o meu próprio bem foi um mau para mim sem Ti. Pois se fosse bem sem Ti, talvez não quisesse voltar a Ti. Por isso, confessando estes seus pecados, declarando que o corpo de Cristo está justificado não por si mesmo, mas pela graça de Cristo, disse: Não há fraude em minha língua”. (1)
                     
“Sentei-me na indigência, levantei-me pelo desejo de Teu Pão”. A experiência do filho mais novo, longe de qualquer condenação ou execração de nossa parte, é como que um espelho para que nele nos reconheçamos.
 
Também podemos, pelo pecado, macular a veste batismal, sobretudo quando nos curvamos diante dos pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça).
 
O pecado de múltiplas faces pode nos fazer sentir como o próprio filho mencionado na Parábola, como que sentados na indigência, sob o peso do pecado, com arrependimento e desejo de conversão e de nova mentalidade e atitudes, como expressão de uma necessária “metanoia”, mudança total de nosso ser e busca de novos caminhos, expresso no desejo do pão, que pode ser traduzido em perdão, misericórdia, ternura e bondade divina, que jamais nos desampara e nos abandona. 
 
Sentados na indigência, cansados e extenuados, porque o pecado nos rouba as forças, rever caminhos, voltar para o abraço acolhedor e terno do Pai que nos ama com amor incondicional.
 
É sempre tempo de revermos quantas vezes também fizemos a experiência de sentar sem coragem, sem forças, vivenciando a condição da miséria que nos leva a cair, mas fomos ao encontro do Pão da Vida e da Eternidade, reconciliados, participamos do Banquete da vida, da alegria, numa grande festa que Deus quer conosco sempre celebrar.
 
Desejemos comer deste Pão saboroso, que a misericórdia divina tem a nos oferecer, que é o próprio Jesus, o Pão da Vida, o Pão da Imortalidade, o Pão do Amor e da Vida plena e feliz.
 
Não mais sentados na indigência, mas alimentados, revestidos por Cristo; com sandálias nos pés, ponhamo-nos num novo caminho, porque há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.
 
 
 
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp. 569-570.  
 

Em poucas palavras... (IVDTQC)

 


“... O fato novo, o anel e o banquete festivo...”


“...O fato novo, o anel e o banquete festivo são símbolos desta vida nova, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida do homem que volta para Deus e para o seio da família que é a Igreja. Só o coração de Cristo, que conhece a profundidade do amor do seu Pai, pôde revelar-nos o abismo da sua misericórdia, de um modo tão cheio de simplicidade e beleza.” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 1439

O abismo da misericórdia divina (IVDTQC)

                                                         

O abismo da misericórdia divina

Com a Parábola da Misericórdia, Lucas nos apresenta, como um mosaico da misericórdia divina.

Contemplamos o dinamismo da conversão e da penitência,  maravilhosamente descrito, e que leva-nos à revisão de nosso caminho penitencial.

No centro da Parábola, temos “o pai misericordioso”, que respeita a iniciativa e liberdade do filho mais novo, sem nada antepor.

Notável o enganador deslumbramento do filho mais novo, “o filho pródigo”, em busca de uma liberdade ilusória e o abandono da casa paterna.

Com ela alcançada, a miséria extrema encontrada depois de delapidada a fortuna; a humilhação profunda de se ver obrigado a guardar porcos e, pior ainda, de desejar alimentar-se das bolotas que os porcos comiam.

Na necessária reflexão sobre os bens perdidos, o arrependimento e a decisão de se declarar culpado diante do pai, o caminho do regresso, contemplamos, sobretudo, o acolhimento generoso por parte do pai, sua alegria. Estes são alguns dos aspectos próprios do processo de conversão.

Meditemos sobre o fato novo, a veste nova, as sandálias, o anel, a e o banquete festivo que são símbolos desta vida nova, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida de todo aquele que volta para Deus e para o seio da família que é a Igreja.

Mas não deixemos de nos confrontar com a atitude do filho mais velho, diante da volta do irmão mais novo, que estava perdido e foi encontrado; morto e voltou a viver.

Contemplemos o coração de Cristo, que conhece a profundidade do amor do Seu Pai, e por isto pôde nos revelar o abismo da Sua misericórdia, de um modo tão cheio de simplicidade e beleza.


Fonte: Catecismo da Igreja Católica (n. 1439); Lc 15,1-3.11-32

Deus, rico em misericórdia (IVDTQC)

                                                     

Deus, rico em misericórdia

Com a Liturgia do 4º Domingo do Tempo da Quaresma (Ano C), contemplamos a face misericordiosa de Deus, que se revela num Amor infinito e incondicional pela humanidade, de modo especial pelos pecadores e excluídos.

A passagem do Evangelho está inclusa no capítulo 15 do Evangelho de Lucas, que nos apresenta três Parábolas que comunicam o Amor de Deus derramado sobre os pecadores, sendo a segunda e terceira exclusivas do Evangelista Lucas, e não por acaso, chamado de “Evangelho da ternura divina”, como bem cita o Missal Dominical:

“Lucas, o evangelista da ternura divina multiplica as narrativas que mostram Jesus em busca dos mais abandonados, dos pobres, dos pecadores, realçando assim o próprio fundamento da nossa religião, que é a atitude dos que são arrebatados pelo abismo do Amor de Deus”. (1)

As três Parábolas estão apresentadas no contexto do caminho de Jerusalém, onde Jesus consumará a Sua missão, Paixão, morte e Ressurreição; logo, num contexto muito concreto, em que Jesus é questionado pelos fariseus e escribas pelo fato de andar e comer com os pecadores.

Elas revelam a misericórdia divina, que tem uma lógica diferenciada dos fariseus e escribas (lógica da intolerância e exclusão), pois a misericórdia divina faz novas as criaturas.

Normalmente, são conhecidas como Parábolas da “ovelha perdida”, “moeda perdida” e “filho pródigo”, mas poderiam ser apresentadas de outra forma: a misericórdia e alegria de Deus pelos pecadores que se convertem.

Deus jamais rejeita e marginaliza, ama-nos com Amor de Pai, e esta há de ser a atitude dos discípulos para com os pecadores: amor que vai ao encontro, acolhe e perdoa:

“Não existe verdadeira experiência humana sem intercâmbio, diálogo, confidência, verdadeiro amor recíproco. Só o amor é capaz de transformar, mas com uma condição: que seja gratuito e livre” (2).

Um amor que reintegra e celebra, com alegria, a volta daquele que estava perdido, morto, e encontrado voltou a viver.

As Parábolas expressam a ação divina, que abomina o pecado, mas ama o pecador. A comunidade é chamada a ser testemunha da misericórdia divina e jamais compactuar com o pecado.

Os seguidores de Jesus, que se põem a caminho com Ele, farão sempre uma caminhada de penitência e conversão, sem recriminar e excluir, mas acolhendo os pequenos, pecadores, e também se deixando ser acolhido pelo Amor de Deus.

Amados, acolhidos e perdoados por Deus tornamo-nos acolhedores e sinais do Seu Amor e do Seu perdão, que recria e faz novas todas as coisas. Verdadeiramente, a misericórdia divina vivida nos faz novas criaturas.

As Parábolas revelam que o Amor divino vai até o fim. Como não transbordar de alegria diante deste Amor que nos ama e nos ama até o fim?

Entremos na alegria de Deus, revelada a nós por Jesus, acolhendo e nos deixando conduzir pela ação do Espírito Santo.

Redimidos pelo Amor Trinitário, preenchidos deste Amor, seremos dele comunicadores, transbordando o mesmo Amor para com o outro, na alegria do perdão dado e recebido.

Desperte em nós um santo desejo, como expressou o Frei Raniero Cantalamessa:

“Quero ser um irmão maior que vai com Jesus em procura do irmão que se afastou; quero ser as mãos de Jesus que levantam quem caiu, quem se enredou nos espinhos do pecado. Talvez algum destes esteja escondido muito perto de mim e eu não tenha percebido” (3)

Finalizando, “Cristo nos revelou um Deus como desejamos. Um Deus que é Amor e misericórdia.“ (4)



(1)   (2) (4) - Missal Dominical pág. 1236.

(3). O Verbo se faz Carne – Editora Ave Maria – pág. 732


PS: Apropriado para o segundo sábado da quaresma.

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