quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Iluminados pela bodas de Caná

 


Iluminados pela bodas de Caná

A passagem do Evangelho de João (Jo 2,1-11) descreve as bodas de Caná, em que acontece o primeiro sinal realizado por Jesus.

Temos algumas lições para nossa espiritualidade, como discípulos missionários do Senhor.

1ª – Assim como nas bodas, Maria nos acompanha e está sempre atenta às nossas necessidades em todos os âmbitos e tempos.

Ela percebeu a falta do vinho e interveio, para que acontecesse o primeiro sinal realizado por Jesus.

Podemos contar com ela que sempre intercede junto ao Filho em nosso favor, para que jamais nos falte o essencial, o Vinho do Amor, da alegria, da vida e da paz, como celebramos em toda Eucaristia.

O sinal acontece revelando sua onipotência suplicante, enquanto Jesus é a onipotência por essência.

2ª - Ainda não havia chegada a hora, Ele nos falou antes da realização do sinal. A grande hora seria no Mistério da consumação de Sua Paixão e Morte.

Chegaria a hora em que o Filho do Homem seria glorificado: “Em verdade, em verdade Eu vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só, mas se morrer, dará muito fruto” (Jo 12,23-24). 

Contemplemos o que indica “esta hora”, segundo o quarto Evangelho: 

- é a hora que não havia chegado ainda na realização do primeiro sinal, ao transformar a água em vinho nas bodas de Caná; 

- Ele veio para esta hora, a hora temida, a hora de agonia e, no entanto, profundamente desejada por ser a hora do sacrifício perfeito da Sua obediência ao Pai, hora da Sua glorificação; 

- a hora em que os próprios pagãos reconhecerão n’Ele o Filho de Deus; 

- a hora de olhar fé para Aquele que foi trespassado, o caminho da Salvação, a grande hora da Páscoa do Senhor, Sua Morte e Ressurreição. 

E na “grande hora”, Ela nos foi dada por Mãe, por Jesus (Jo 19, 25-27). 

3ª – Jesus realiza o sinal, e transforma a água em vinho bom e melhor. No entanto, não dispensa nossa participação. Foi preciso que se enchessem as talhas com a água.

Ele poderia ter produzido o vinho sem qualquer participação dos presentes. Assim é Deus, que continua fazendo milagres todos os dias, mas quer contar com a nossa colaboração.

4ª- Maria é a discípula missionária do Senhor por excelência, e nos ensina que este caminho deve ser feito em plena fidelidade e obediência a Palavra de Jesus, o Verbo, que é o Seu Filho – “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Maria não apenas escutou, mas em tudo fez a vontade Deus, e é, como afirmou o Papa São Paulo VI, a "Estrela da Evangelização". 

Discípulos missionários do Senhor se perguntam:

- o que o Senhor me diz nesta situação?

- o que o Senhor quer que eu faça neste acontecimento?

Urge a perfeita sintonia entre a escuta e a prática de Sua Palavra, daquilo que Ele nos diz em todos os momentos.

5ª – Maria, presente na vida de Jesus, com papel proeminente. Sejam momentos como as bodas, como também nos momentos de dor, agonia e sofrimento. Em todo o momento experimentava indescritível proximidade do Filho e ao mesmo tempo a sua separação.

 

Retomo um trecho da reflexão feita pelo Bispo Dom Bruno Forte (2014), na 52ª Assembleia dos Bispos do Brasil, em que retrata esta proximidade e separação:

 

“Maria é capaz de um amor atento, concreto, alegre e terno... Maria se aproxima sob o signo da ternura, isto é, do amor que gera alegria, que não cria distâncias, que antes aproxima os distantes, fazendo com que se sintam acolhidos e os enche com o espanto e a beleza de descobrir-se objeto de puro dom...

 

Mãe atenta e terna, vive as expectativas, os silêncios, as alegrias e as provas que toda mãe é chamada a atravessar: é significativo que nem sempre compreenda tudo sobre Ele.

 

Mas vai adiante, confiando em Deus, amando e protegendo a seu modo aquele Filho, tão pequeno e tão grande, numa mistura de proximidade e de dolorosas separações, que a tornam modelo de maternidade: os filhos são gerados na dor e no amor por toda a vida”.

É sempre tempo favorável para aprofundarmos nossa devoção mariana, que consiste num empenho permanente em imitar suas virtudes, para maior fidelidade a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6), nosso Redentor e Senhor.

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