Revistamo-nos da mesma!
O Profeta Joel falou que é tempo de rasgar os corações e não as roupas (Jl 2).
Somente depois de corações rasgados, é que, pela Misericórdia Divina, seremos purificados, reconciliados, restaurados e revestidos…
Revestir-se da Misericórdia Divina interiormente para que os atos a expressem exteriormente.
Na Oração Eucarística da Reconciliação que a Igreja nos oferece, há uma exclamação que a assembleia repete e que possui beleza incontida e indescritível:
“Como é grande, ó Pai, a Vossa Misericórdia!”
Revestir-se da Misericórdia para que o duelo que acontece dentro de nós tenha o seu vencedor.
Duelam dentro de cada coração humano o bem e o mal. A misericórdia de Deus nos acompanha neste duelo interior que nos leva muitas vezes a fazer o que não queremos, e a não fazer o que queremos, como o Apóstolo Paulo acenou em suas Cartas…
Deus, em Sua infinita Misericórdia, vem ao nosso encontro nos fortalecendo para sermos vencedores neste duelo, para maior fidelidade ao Seu Projeto de vida e de amor.
O Profeta Ezequiel (18,21-28), a quem se achar justo, exorta a ser perseverante, atento, constante, sem jamais retroceder. Não há retrocessos no caminho de Deus.
A Misericórdia Divina sempre nos impulsiona a caminhar para frente. Não recuar jamais, não abandonar a prática do bem e da justiça para que nossa memória não seja apagada e venhamos a morrer…
Também exorta ao pecador para que com a ajuda do justo se converta e viva voltando-se para Deus, e com Sua Misericórdia se torne uma criatura nova.
Alegra o coração de Deus que o pecador se converta e viva, mas jamais o contrário.
Muito melhor é alguém que reencontrou o caminho de Deus, abandonando a prática do pecado, que procurou revestir-se da Misericórdia Divina, do que alguém que um dia O “conheceu” e O abandonou.
As “aspas” são para dizer que uma vez O tendo conhecido jamais teria d’Ele se desviado; para dizer que quem se sentiu revestido pela Misericórdia Divina não consegue d’Ele se afastar.
As “aspas” são para dizer que uma vez O tendo conhecido jamais teria d’Ele se desviado; para dizer que quem se sentiu revestido pela Misericórdia Divina não consegue d’Ele se afastar.
É sempre tempo de nos revestirmos da Misericórdia Divina para sermos sinal de Seu Amor no mundo. E, incansavelmente aclamar com toda a Igreja:
“Como é grande, ó Pai, a Vossa Misericórdia”!
Como é grande, ó Pai, a Vossa Misericórdia por nós pecadores!
Por nós que não merecemos o Teu amor…
Por nós que nos fechamos ao Seu Projeto de felicidade…
Por nós que atravessamos o deserto seduzidos pelas propostas de Satanás…
Por nós que ainda não aprendemos a vivenciar o amor entre nós…
Por nós que temos a tentação de recuar…
Por nós que às vezes nos cansamos do duelo para que o bem possa imperar…
Por nós que nos insensibilizamos aos gritos dos pequenos e inocentes…
Por nós que nos fazemos surdos aos clamores dos pobres e sofredores…
Por nós que não saboreamos com intensidade o Pão e o Vinho, Corpo e Sangue de Teu Filho em cada Eucaristia…
Por nós que acolhemos palavras que passam, e nos fechamos a Tua Palavra que nos eterniza…
Por nós que não acolhemos, que sucumbimos aos ventos do mundo, e não confiamos na leve brisa e sopro do Teu Espírito…
Como é grande, ó Pai, a Vossa Misericórdia também:
Com aqueles que com Teu Reino de Amor, Verdade e Vida se comprometem…
Com aqueles que não esmorecem em teimosa e ousada profecia…
Com aqueles que Te servem na pessoa do próximo…
Com aqueles que não perdem o encanto da vida…
Com aqueles que descobriram a alegria que nasce do perdão…
Com aqueles que se saciam porque sabem partilhar o pão…
Com aqueles que não tomam Seu nome em vão…
Com aqueles que cantam Teu amor e o traduz em músicas e poesias…
Com aqueles que acreditam que o mundo novo nasce da cruz e não de vãs filosofias…
Com aqueles que não se entregam
Às superstições, ilusões e magias…
Com aqueles que suportam
O peso da cruz de cada dia…
Com aqueles que Te chamam de Pai porque membros e filhos de uma mesma e universal família…
Com aqueles que Te suplicam, Te invocam, Te clamam, em Ti confiam…
Com aqueles que suportam as Dores da Sexta Maior, na certeza de que a Aurora da Páscoa acontecerá trazendo esplendor e alegria!
Com aqueles que sobem a Montanha Sagrada para Teu Filho escutar… Com aqueles que descem da Montanha Sagrada para a Palavra de Teu Filho Amado testemunhar...
Que revestidos por Tua Misericórdia, na Eucaristia que celebramos e comungamos, nossa fé seja nutrida, nossa esperança incentivada, nossa caridade fortalecida!
Não nos cansemos de falar, aclamar, exclamar…
“Como é grande, ó Pai, a Vossa Misericórdia”!
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