sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Santificar e santificar-se, eis a missão do Presbítero!

Santificar e santificar-se, eis a missão do Presbítero!

É sempre tempo oportuno de refletir a razão de ser da Igreja, bem como a missão do Presbítero nela. Cada tempo possui seu contexto, desafios, interpelações, mas a missão é a mesma, na irrenunciável e intransferível fidelidade ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, jamais conformando com este século, como nos falou São Paulo em suas Epístolas.

Na missão evangelizadora caberá ao Presbítero participar da santificação dos fiéis a ele confiados. Mas, como favorecer esta santificação  se não se propuser também a colocar-se neste mesmo caminho de santificação?

Para aprofundamento, retomo parte da catequese do Papa Bento XVI sobre esta Missão de santificação do Padre, principalmente mediante os Sacramentos e o culto da Igreja.

Mas em que consiste a santidade? O que é ser santo se não a qualidade específica do ser de Deus, isto é, absoluta verdade, bondade, amor, beleza, pura luz? Conforme as palavras do Papa:

“... Santificar uma pessoa significa, portanto, colocá-la em contato com Deus, com este seu ser luz, verdade e amor puro. É óbvio que tal contato transforma a pessoa...”.

Nessa afirmação está implícito um precioso desafio para o próprio Presbítero: fazer ele próprio a experiência do ser de Deus, deixando-se envolver por Seu amor puro; iluminando-se por Sua Palavra que, além de luz para o escuro dos caminhos, é a verdade que o liberta de tudo que o impossibilita de, alegremente e com o fogo da caridade, colocar-se a serviço do Amor Maior: Deus.

Evidentemente, o Presbítero ao celebrar os Sacramentos deve fazer este profundo contato, possibilitando que os fiéis também o façam. Celebrando com zelo e piedade cada Sacramento introduz os fiéis, ao mesmo tempo em que é introduzido, no Mistério do Amor Trinitário, experimentando o amor salvífico do Senhor, em profunda vivência do Mistério Pascal, sobretudo no augustíssimo Sacramento da Eucaristia. E quando do Banquete Eucarístico participamos, de amor nos envolvemos, de alegria nos inebriamos e com um novo mundo mais que sonhado nos comprometemos!

Sacramentos bem celebrados, e na vida prolongados, farão o Presbítero e os fiéis mais santos, e consequentemente, santificarão o mundo, no empenho irrenunciável e incansável porque, por amor, se cumprirá o que o Senhor disse - seremos sal da terra que dá sabor, luz que ilumina e fermento de um mundo novo.

Não há modo mais sublime de corresponder à bondade e ternura divina: Deus quer apenas nossa resposta de amor na missão assumida, com alegria, confiança e serenidade...

Santidade assim entendida jamais será evasão do mundo, o fugir das emaranhadas teias da realidade política, cultural, econômica, religiosa, pelo contrário, será inserção concreta e solidária, impregnando o mundo com os valores do Evangelho para que um novo céu e uma nova terra aconteçam.

O Apóstolo Paulo dirigindo-se a Timóteo assim diz: “Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas. Segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual fostes chamado, como reconheceste, numa bela profissão de fé, diante de muitas testemunhas...” (1 Tim 6,11-12).

A vida do Presbítero e dos fiéis deve transbordar nestas palavras exortadas pelo Apóstolo Paulo: justiça, piedade, fé, amor, perseverança, mansidão.  Somente assim a santidade poderá ser vivida e a esperança da eternidade alcançada no amor que se traduz em partilha, solidariedade e sensibilidade com os clamores dos que mais precisam.

Que a justiça seja compreendida como retidão em relação às pessoas, em relação ao nosso próximo; a piedade como a nossa relação de retidão para com Deus em estreita intimidade e fidelidade; a  como a nossa adesão incondicional e plena a Jesus Cristo; o amor seja a bela e desejável concretização de nossa fé e norma de comportamento em tudo e em todos os momentos e lugares.

Que a perseverança se renove na capacidade de superação de conflitos internos e externos, e a mansidão, como desejável virtude, nos identifique como cristãos, como o Senhor no-la apresentou no Sermão da Montanha. E assim indubitavelmente seremos sinais do Bom Pastor.

Nunca é demais repetir: na Missão de Santificar os fiéis o Presbítero deve também se santificar...

Em todo tempo, santificar e santificar-se é preciso!
Eis a meta, a vocação e o ideal de cada vida cristã: tornar-se
um prolongamento de Jesus - Presbíteros e fiéis.

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