segunda-feira, 1 de abril de 2024

O novo Mandamento do amor

O novo Mandamento do amor

À luz dos Tratados sobre o Evangelho de São João, do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), reflitamos sobre o Novo Mandamento do amor que nos foi dado por Jesus Cristo.

“O Senhor Jesus afirma que dá um novo Mandamento a Seus discípulos, isto é, que se amem mutuamente: Eu vos dou um novo Mandamento: amai-vos uns aos outros (Jo 13,34).

Mas este Mandamento já não estava escrito na antiga Lei de Deus, onde se lê: Amarás o teu próximo como a ti mesmo? (Lv 19,18). Por que então o Senhor chama novo o que é evidentemente tão antigo?

Será um novo Mandamento pelo fato de nos revestir do homem novo, depois de nos ter despojado do velho? Na verdade, ele renova o homem que o ouve, ou melhor, que lhe obedece; não se trata, porém, de um amor puramente humano, mas daquele que o Senhor quis distinguir, acrescentando: Como Eu vos amei (Jo 13,34).

É este amor que nos renova, transformando-nos em homens novos, herdeiros da nova Aliança, cantores do canto novo. Foi este amor, caríssimos irmãos, que renovou outrora os antigos justos, os Patriarcas e os Profetas e, posteriormente, os Santos Apóstolos.

Ainda hoje é ele que renova as nações e reúne todo o gênero humano espalhado pelo mundo inteiro, formando um só povo novo, o corpo da nova esposa do Filho unigênito de Deus.

É dela que se diz no Cântico dos Cânticos: Quem é esta que sobe vestida de branco? (cf. Ct 8,5). Vestida de branco, sim, porque renovada; e renovada de que modo, senão pelo Mandamento novo?

Por isso os membros desta esposa sentem uma solicitude mútua. Se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. Pois ouvem e praticam a palavra do Senhor: Eu vos dou um novo Mandamento: amai-vos uns aos outros. Não como se amam aqueles que vivem na corrupção da carne; nem como se amam os seres humanos apenas como seres humanos; mas como se amam aqueles que são deuses e filhos do Altíssimo.

Deste modo, se tornam irmãos do Filho unigênito de Deus, amando-se uns aos outros com aquele mesmo amor com que Ele os amou, e por Ele serão conduzidos à plenitude final, onde os seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade, quando Deus for tudo em todos.

Quem nos dá este amor é o mesmo que diz: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Foi para isto que Ele nos amou, para que nos amássemos mutuamente. E com o Seu amor, deu-nos a graça, para que, vivendo unidos em recíproco amor, como membros ligados por tão suave vínculo, formemos o Corpo de tão sublime Cabeça”.

O Mandamento do amor que Jesus nos deu é novo, pois deve ser como Ele nos amou, que tendo nos amado, nos amou até o fim.

Amou-nos dando a Sua vida, livre e incondicionalmente, para que fôssemos libertos de toda forma de jugo, escravidão.

Amou-nos para que nos sintamos e sejamos livres e amados. E tão somente por Ele amados, que nos amou primeiro, amar nosso próximo como Ele nos amou.

Eis o que nos distingue como cristãos: a prática concreta do Mandamento do amor a Deus e ao próximo: O primeiro, na ordem dos preceitos, e ao próximo, na ordem da execução.

Oremos:

Ó Deus, que restaurais a natureza humana dando-lhe uma dignidade ainda maior, considerai o Mistério do Vosso amor, conservando para sempre os dons da Vossa graça naqueles que renovastes pelo Sacramento de uma nova vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!”

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG