segunda-feira, 18 de março de 2024

O que pode ser mais forte que o Amor Divino?

O que pode ser mais forte que o Amor Divino?

Desde a criação, Deus nos ama e não nos perde de vista,
Porque muito antes já estávamos no Seu insondável coração,
Viemos a existir por meio do Verbo, que existiu desde sempre,
Feitos pela mão divina, vida recebida com Seus traços e sopro.

Ainda que os pecados de nossos pais, no Jardim do Éden,
A relação de amizade e intimidade tenham rompido,
Jamais deixou de nos amar e, de muitos modos, conosco falou
Pelos patriarcas, Profetas e, na plenitude, pelo Amado Filho.

Veio ao encontro da humanidade na escuridão inserida
Por causa do pecado, infidelidade, iniquidade absorvida,
Comunicando pelo Verbo, que Carne Se fez no seio de Maria,
Por obra e ação do Santo Espírito, nossa condição assumiu. 

Tão igual a nós: criança, frágil, humano, sedento e faminto,
Tangível, visível... tão igual a nós sim, exceto no pecado;
Tão desprotegido, vida precocemente pelo poder ameaçada,
Vida pelos pais, em Sagrado Mistério Divino, acolhida,

Crescendo em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus,
Foi ao encontro dos pequenos, pobres, sofredores e pecadores
Em atitude de misericórdia, amor e perdão comunicando,
As amarras do pecado, as garras funestas demoníacas libertando.

Acolheu e comeu com os pecadores, vida nova comunicando,
A comunidade reintegrando, pois assim é próprio de quem ama,
Não compactuar com o pecado, mas compadecer-se do pecador.
Amor que redime, renova, reintegra, liberta e nos salva.

Na imagem do pastor que deixa as noventa e nove ovelhas
E se põe atrás daquela tão apenas uma desviada,
Vemos o Senhor indo ao encontro de cada um de nós,
Apesar de nossas infidelidades e não merecimento.

Encontra-nos, carrega-nos e nos reconduz ao rebanho.
É o Bom Pastor que nos conduz a verdes pastagens;
Que nos sacia a sede com a água cristalina do Seu Amor
No Sagrado Banquete em que nos serve e Se faz Alimento.

Na imagem da mulher que a casa varre pela moeda procurando,
Vemos o Senhor varrendo a poeira da maldade, da iniquidade
Para encontrar, nela submersa, a nossa humanidade, que
Uma vez encontrada, alegria comunicada, partilhada.

Na imagem do pai misericordioso, respeita nossa liberdade,
E sempre movido pela compaixão, misericórdia ininterrupta,
Nos espera em cada crepúsculo, ainda que sozinho,
Suporta a noite, que mais fria fica e parece eternizar.

É próprio do Amor de Deus, por meio do Filho Amado,
Vim sempre ao nosso encontro; quando retornamos,
Acolhe-nos sem condenações, julgamentos e rotulações,
Apenas nos quer vivos, felizes, no aconchego do Seu Amor.

Anel, sandálias, roupa nova, banquete, festa e alegria,
É sempre festa no céu quando, na terra, o perdão procuramos,
O pecado reconhecemos, no Seu Amor nos reencontramos,
Amando o Filho Divino, ao Espírito Santo o coração abrimos.

Assim nos ama Deus, um Amor que ultrapassa toda medida,
Amor que na Cruz se eterniza, porque voltando para o Pai,
Ressuscitado, o que então fora promessa se realiza,
Faz em nós morada, e a humanidade diviniza. 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG