Se quisermos reinar com o Senhor...
Com toda a Igreja, celebraremos, no próximo domingo, a Solenidade de Jesus Cristo
Rei e Senhor do Universo.
Lembremo-nos aquela manhã de Ramos em que O aclamamos Rei, Filho de Davi, demos
“Hosana no mais alto dos céus”, e alguns dias depois, celebramos a Sua Paixão e
Morte, por amor de Deus.
Para aprofundamento da liturgia, refletimos o Sermão escrito pelo
Bispo Santo André de Creta (séc. VIII):
“Digamos também nós a Cristo: 'Bendito o que vem em nome do Senhor
(Mt 21,9), Rei de Israel' (Mt 27,42). Levantemos para Ele, quais folhas de
palmeira, as derradeiras Palavras na Cruz.
Vamos com entusiasmo para a frente, não com ramos de oliveira,
mas com as honras das esmolas de uns aos outros. Estendamos a Seus pés, como
vestes, os desejos do coração.”
- Que nosso coração se abra, para que nele o Senhor faça morada e
possa reinar. Acolhê-lo como Pessoa e Palavra, como vida e Projeto a ser
vivido, no testemunho autêntico da fé, com confiança inabalável, perseverança
até o fim, permanecendo n’Ele e com Ele no carregar de nossa cruz:
“Deste modo, pondo Seus passos em nós, esteja dentro de nós, e nós
inteiros n’Ele; e Se manifeste Ele totalmente em nós.
Repitamos para Sião a aclamação do Profeta: 'Tem confiança, filha,
não temas. Eis que vem a ti teu rei, manso e montado no jumentinho, filho da
que leva o jugo' (cf. Zc 9,9).
Vem Aquele que está presente em todo o lugar e ocupa tudo, para
realizar em ti a salvação de tudo. Vem Aquele que 'não veio chamar os justos,
mas os pecadores à conversão' (Mt 9,13), para fazer voltar os desviados pelo
pecado. Não temas, pois. 'Está Deus no meio de ti, não serás abalada' (cf. Dt
7,21).”
- Que Seu nome seja impresso em nossa mente e coração e marcados pelo Selo de Seu Espírito, vivamos a graça da filiação divina, no dia do Batismo recebida:
“De mãos erguidas, recebe-O, a Ele que gravou nas próprias mãos
tuas muralhas. Acolhe-O, a Ele que cavou em Suas palmas Teus fundamentos.
Recebe-O, a Ele que tomou para Si tudo o que é nosso, à exceção do pecado, a
fim de mergulhar tudo que é nosso no que é d’Ele.”
- Cristão alcança a felicidade completa quando celebra com fé, e
não separa a mesma do seu existir; quando a fé é celebrada e a vida corresponde
com gestos e compromissos, que se renovam com a força que nos vem da Eucaristia.
Por isto, exultemos de alegria pela graça de poder servir, e que esta graça
nunca nos falte, porque de força divina precisamos, do contrário, sucumbiríamos
sob o peso da cruz:
“Alegra-te, cidade-mãe, Sião; não temas.' Celebra tuas festas' (Na 2,1).
Glorifica por Sua misericórdia quem em ti vem para nós. Mas também tu,
rejubila-te com entusiasmo, filha de Jerusalém, canta, dança de alegria. 'Resplandece, resplandece' (assim aclamamos junto com Isaías, o clarim sagrado), 'porque chegou tua luz e nasceu sobre ti a glória do Senhor' (Is 60,1).
- Reinar com Jesus é ser sinal de Sua luz no mundo. Cristão é por
natureza alguém que tem a luz, porque seguindo a Divina Fonte da Luz não
caminha nas trevas:
“Que luz é esta? Só pode ser aquela 'que ilumina a todo homem que
vem ao mundo' (cf. Jo 1,9). A luz eterna, luz que não conhece o tempo e revelada
no tempo, luz manifestada pela carne e oculta por natureza, luz que envolveu os
pastores e Se fez para os magos guia do caminho. Luz que desde o princípio
estava no mundo, por quem foi feito o mundo e o mundo não a conheceu. Luz que
veio ao que era Seu, e os Seus não a receberam.”
- Gloriemo-nos na Cruz de nosso Senhor, como nos exorta o Apóstolo
Paulo (Gl 6, 14). A Cruz que é aparência de derrota, mas verdadeiramente sinal
de vitória. A Cruz é o instrumento que, se assumido por amor, redimensionado no
Mistério Pascal que cremos e professamos, nos alcança a glória da imortalidade,
o esplendor máximo e inesgotável da luz e alegria do céu:
“'Glória do Senhor'.
Qual glória? Na verdade, a Cruz em que Cristo foi glorificado. Ele, esplendor
da glória do Pai, como Ele próprio, estando próxima a Paixão, disse:
'Agora é glorificado o Filho do Homem e Deus é
glorificado n’Ele; e o glorificará sem demora' (cf. Jo 13,31-32). Chama
de glória neste passo Sua exaltação na Cruz. Porque a Cruz de Cristo é glória
e, realmente, sua exaltação. Por isto diz: 'Eu, quando for exaltado,
atrairei todos a mim' (Jo 12,32).”
Como vemos, Jesus é um Rei que vem fazer de Sua vida, Amor, doação, entrega, e Seu reinado que não corresponde às realidades terrenas, porque tem outros princípios e fundamentos.
Jesus, um Rei que vem a nós, justo e salvador da humanidade. Veio,
vem e virá sempre. Por ora, a vigilância ativa, e assim nos preparamos para o
início de um novo Ano Litúrgico, com o Tempo do Advento que se anuncia.
Concluindo, a Deus elevemos glória e louvor, honra e poder por
meio de Seu Filho Rei e Senhor de nossa vida. Nada mais a dizer, muito a
testemunhar com alegria.
Reinar com Jesus é amar como Ele amou, viver como Ele viveu...
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