domingo, 26 de novembro de 2023

Se quisermos reinar com o Senhor... (Cristo Rei)

Se quisermos reinar com o Senhor...

 

Com toda a Igreja, celebraremos, no próximo domingo, a Solenidade de Jesus Cristo Rei e Senhor do Universo.


Lembremo-nos aquela manhã de Ramos em que O aclamamos Rei, Filho de Davi, demos “Hosana no mais alto dos céus”, e alguns dias depois, celebramos a Sua Paixão e Morte, por amor de Deus.

 

Para aprofundamento da liturgia, refletimos o Sermão escrito pelo Bispo Santo André de Creta (séc. VIII):

 

“Digamos também nós a Cristo: 'Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9), Rei de Israel' (Mt 27,42). Levantemos para Ele, quais folhas de palmeira, as derradeiras Palavras na Cruz.

 

Vamos com entusiasmo para a frente, não com ramos de oliveira, mas com as honras das esmolas de uns aos outros. Estendamos a Seus pés, como vestes, os desejos do coração.”

 

- Que nosso coração se abra, para que nele o Senhor faça morada e possa reinar. Acolhê-lo como Pessoa e Palavra, como vida e Projeto a ser vivido, no testemunho autêntico da fé, com confiança inabalável, perseverança até o fim, permanecendo n’Ele e com Ele no carregar de nossa cruz:

 

Deste modo, pondo Seus passos em nós, esteja dentro de nós, e nós inteiros n’Ele; e Se manifeste Ele totalmente em nós.

 

Repitamos para Sião a aclamação do Profeta: 'Tem confiança, filha, não temas. Eis que vem a ti teu rei, manso e montado no jumentinho, filho da que leva o jugo' (cf. Zc 9,9).

 

Vem Aquele que está presente em todo o lugar e ocupa tudo, para realizar em ti a salvação de tudo. Vem Aquele que 'não veio chamar os justos, mas os pecadores à conversão'  (Mt 9,13), para fazer voltar os desviados pelo pecado. Não temas, pois. 'Está Deus no meio de ti, não serás abalada' (cf. Dt 7,21).”

 

- Que Seu nome seja impresso em nossa mente e coração e marcados pelo Selo de Seu Espírito, vivamos a graça da filiação divina, no dia do Batismo recebida:

 

“De mãos erguidas, recebe-O, a Ele que gravou nas próprias mãos tuas muralhas. Acolhe-O, a Ele que cavou em Suas palmas Teus fundamentos. Recebe-O, a Ele que tomou para Si tudo o que é nosso, à exceção do pecado, a fim de mergulhar tudo que é nosso no que é d’Ele.”

 

- Cristão alcança a felicidade completa quando celebra com fé, e não separa a mesma do seu existir; quando a fé é celebrada e a vida corresponde com gestos e compromissos, que se renovam com a força que nos vem da Eucaristia. Por isto, exultemos de alegria pela graça de poder servir, e que esta graça nunca nos falte, porque de força divina precisamos, do contrário, sucumbiríamos sob o peso da cruz:

 

Alegra-te, cidade-mãe, Sião; não temas.' Celebra tuas festas' (Na 2,1). Glorifica por Sua misericórdia quem em ti vem para nós. Mas também tu, rejubila-te com entusiasmo, filha de Jerusalém, canta, dança de alegria. 'Resplandece, resplandece' (assim aclamamos junto com Isaías, o clarim sagrado), 'porque chegou tua luz e nasceu sobre ti a glória do Senhor' (Is 60,1).

 

- Reinar com Jesus é ser sinal de Sua luz no mundo. Cristão é por natureza alguém que tem a luz, porque seguindo a Divina Fonte da Luz não caminha nas trevas:

 

Que luz é esta? Só pode ser aquela 'que ilumina a todo homem que vem ao mundo' (cf. Jo 1,9). A luz eterna, luz que não conhece o tempo e revelada no tempo, luz manifestada pela carne e oculta por natureza, luz que envolveu os pastores e Se fez para os magos guia do caminho. Luz que desde o princípio estava no mundo, por quem foi feito o mundo e o mundo não a conheceu. Luz que veio ao que era Seu, e os Seus não a receberam.”

 

- Gloriemo-nos na Cruz de nosso Senhor, como nos exorta o Apóstolo Paulo (Gl 6, 14). A Cruz que é aparência de derrota, mas verdadeiramente sinal de vitória. A Cruz é o instrumento que, se assumido por amor, redimensionado no Mistério Pascal que cremos e professamos, nos alcança a glória da imortalidade, o esplendor máximo e inesgotável da luz e alegria do céu:

 

“'Glória do Senhor'. Qual glória? Na verdade, a Cruz em que Cristo foi glorificado. Ele, esplendor da glória do Pai, como Ele próprio, estando próxima a Paixão, disse:

 

'Agora é glorificado o Filho do Homem e Deus é glorificado n’Ele; e o glorificará sem demora' (cf. Jo 13,31-32). Chama de glória neste passo Sua exaltação na Cruz. Porque a Cruz de Cristo é glória e, realmente, sua exaltação. Por isto diz: 'Eu, quando for exaltado, atrairei todos a mim' (Jo 12,32).”

 

Como vemos, Jesus é um Rei que vem fazer de Sua vida, Amor, doação, entrega, e Seu reinado que não corresponde às realidades terrenas, porque tem outros princípios e fundamentos.

 

Jesus, um Rei que vem a nós, justo e salvador da humanidade. Veio, vem e virá sempre. Por ora, a vigilância ativa, e assim nos preparamos para o início de um novo Ano Litúrgico, com o Tempo do Advento que se anuncia.

 

Concluindo, a Deus elevemos glória e louvor, honra e poder por meio de Seu Filho Rei e Senhor de nossa vida. Nada mais a dizer, muito a testemunhar com alegria.

 

Reinar com Jesus é amar como Ele amou, viver como Ele viveu... 

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