segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Advento: Tempo de reencontros...

                                                                       

Advento: Tempo de reencontros...

Celebramos com toda a Igreja, o Tempo do Advento, um tempo de reencontros, iniciado neste Domingo.

Reencontro do sentido da vida, se desgostos indesejáveis te surpreenderam.

Reencontro do reencantamento, se as decepções te levaram a não crer em mais nada, porque tudo parece um sórdido e inevitável desencanto.

Reencontro da confiança, quando o ceticismo te cegou, e também te impossibilitou de ouvir o canto daqueles que anunciam um novo amanhecer.

Reencontro da esperança, porque te anunciaram o evangelho dos maus agourentos de plantão, acenando que o mundo não tem mais jeito.

Reencontro da arte do pedreiro, quando quase te prostraste diante das demolições e construções que, com o tempo, a beleza e a sustentabilidade, por falta de estrutura se perderam.

Reencontro do saber do arquiteto e engenheiro, para refazer cálculos, projeções, para que a vida não se assemelhe à abrupta e indesejável interrupção de uma obra.

Reencontro da mística, que materializa e refaz sonhos, porque sonhos bons realizados pedem outros, em incansável renovação e superação.

Reencontro da paixão pelo Reino, que ao Pai pertence. Reino eterno e universal, porque de vida e verdade, graça e santidade, justiça, amor e paz.

Reencontro do Caminho, que é o próprio Senhor, se, pelas dificuldades, d'Ele te desviaste, ou mesmo as forças rarifeceram.

Reencontro do paraíso perdido, não marcado pela saudade, mas como possibilidade de construção por aqueles que se movem pela fé e pela força, que brotou da mais bela Ressurreição – A Ressurreição do Cristo Senhor!

Reencontro do sentido Pascal do Natal, reencontro com o Deus Menino Divino, que é o mesmo Homem Deus na Cruz crucificado, por amor extremo, vida consumada e eliminada, para que vida abundante nos fosse alcançada e as portas para sempre abertas e nossa vida eternizada.

Reencontro do simples e do belo, que não distante se encontram, mas que tão longe e em lugares equivocados buscamos.

Reencontro com o Senhor, portanto, reencontro com o amor, a vida, a alegria, a esperança, a fé, a solidariedade, a verdade, a paz...

Reencontro pessoal, para que, no mundo, com equilíbrio, justiça e piedade vivamos (cf. Tt 2,11-12).

Reencontro com o outro, para que relações fraternas, marcadas pela ternura, construamos.

Reencontro com a natureza, que também geme em dores de parto, à espera da reconciliação, sem insanas e abomináveis depredações, explorações e tragédias ambientais (cf. Rm 8,18-25).

Reencontro com Deus, o reencontro dos reencontros, que se faz a cada instante, porque Ele no mais profundo de nós habita.

Advento, Tempo de reencontros que não ocultem jamais a Face de Jesus! Amém.

O futuro que esperamos

                                                         

O futuro que esperamos

Deus contemplou toda a Sua obra,
viu que tudo era bom
(Gn 1,31)


Haverá sorriso contagiante no futuro,
Se aprendermos com as lágrimas do passado.

Haverá luz radiante no futuro,
Se não escrevermos uma história sem Deus.

Haverá frutos saborosos a colher,
Se no presente o melhor soubermos semear.

Haverá família sólida no futuro,
Se a edificarmos em sagrados valores.

Haverá vida bela no futuro,
Se soubermos promovê-la e defendê-la no tempo presente.

Haverá um mundo belo para todos no futuro,
Se revitalizarmos laços de paz e solidariedade.

Haverá vida em nossa casa comum no futuro,
Se nos convertermos para uma ecologia integral, sem desmedida ambições.

Haverá uma Igreja santa e pecadora no futuro,
A serviço do Reino de amor, verdade, justiça e  paz.

Haverá futuro, se coragem tivermos de reler o passado,
E repensar o presente, que está sempre em nossas mãos...

Um santo e fecundo Advento, na espera do Senhor que veio, vem e virá!

Em poucas palavras...

 


 

Advento: contemplemos a vinda do Senhor

“Na primeira vinda, o Senhor veio em carne e debilidade, nesta segunda, em espírito e poder; e na última, em glória e majestade.

Esta vinda intermediária é como que uma senda por que se passa da primeira para a última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; nesta, é o nosso descanso e o nosso consolo” (1).

(1)São Bernardo (séc. XII), em sua Homilia para o Advento

 

A Virtude da Paciência

                                                       

Virtude da Paciência 

No Tempo do Advento fecundamos o coração para que nele nasça o Menino Deus.

Renovemos nossas forças para maior empenho, dedicação no carregar da cruz hoje, para alcançarmos e merecermos a glória da eternidade no amanhã de Deus, sem cairmos na tentação do imediatismo inútil e estéril.

À luz da Palavra de Deus, dos ensinamentos da Igreja, contidos em seu Catecismo, e dos escritos de um dos grandes santos da religiosidade popular e da Igreja, Santo Antônio, retomamos a reflexão sobre um tema muito importante: a virtude da paciência.

Uma abordagem aparentemente simples, porém torna-se difícil devido às suas implicações na vida cotidiana em todas as dimensões, pois vivemos numa sociedade marcada acentuadamente pela cultura do imediatismo.

Temos que aprender a linguagem do Espírito, cessando as palavras, em renovados compromissos com a Evangelização, a fim de construirmos uma Igreja viva e solidária, fiel ao Cristo Ressuscitado, atenta ao sopro do Espírito, sem jamais nos omitirmos na construção de uma sociedade justa e solidária e fraterna, conforme o desejo e sonho de Deus Pai.

Sempre animados pelas virtudes teologais – fé, esperança e caridade – continuemos cultivando a virtude da paciência, sem nos curvarmos à cultura do imediatismo, mas renovando sinceros compromissos com a cultura da vida, para que vivenciando o Mandamento do amor santifiquemos nossas famílias, pois de nada adiantaria falar em paciência ou em linguagem do Espírito se não tivermos o amor.

Quanto mais intenso o amor, maior será a paciência vivida, como bem nos alertou São Paulo: “amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade, tudo desculpa. Tudo crê, tudo espera e tudo suporta" (1Cor 13, 4-7).

Como Igreja, sintamo-nos sempre animados e fortalecidos pelo Fogo do Espírito, que ilumina nossa vida, reavivando a chama da fé que em nosso coração foi acesa, e num crepitar permanente tenhamos o coração ardente e os olhos abertos em cada Eucaristia celebrada.

Concluímos com as palavras de Santo Antônio em  um dos seus Sermões:

“Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando são as obras que falam”.

Em poucas palavras...

 


A primeira e a segunda vinda do Senhor

“Na primeira vinda, Ele foi envolto em faixas e reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na primeira, Ele suportou a cruz, sem recusar a Sua ignomínia; na segunda, virá cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos.”   (1)

 

(1) São Cirilo de Jerusalém – séc. IV

Em poucas palavras...

                                                                    


Ele vem, veio e virá!

“...Revestido da nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar Seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da Salvação. Revestido de Sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos”. (1)

 

(1) Prefácio do Advento I

Advento: vigiemos e oremos à espera do Senhor

                                                         

Advento: vigiemos e oremos à espera do Senhor

Como Igreja, iniciamos o Tempo do Advento, e nos prepararemos para a celebração do Natal do Senhor.

Serão quatro semanas de recolhimento, vigilância e oração, de modo que sejamos enriquecidos com esta oração universal atribuída ao Papa São Clemente XI (1649-1721).

“Meu Deus, eu creio em Vós, mas fortificai a minha fé;
espero em Vós, mas tornai mais confiante a minha esperança;
eu Vos amo, mas afervorai o meu amor;
arrependo-me de ter pecado, mas aumentai o meu arrependimento.

Eu Vos adoro como primeiro princípio,
eu Vos desejo como fim último;
eu Vos louvo como benfeitor perpétuo,
eu Vos invoco como benévolo defensor.

Que Vossa sabedoria me dirija,
Vossa justiça me contenha,
Vossa clemência me console,
Vosso poder me proteja.

Meu Deus, eu Vos ofereço
meus pensamentos, para que só pense em Vós;
minhas palavras, para que só fale em Vós;
minhas ações, para que sejam do Vosso agrado;
meus sofrimentos, para que sejam por Vosso amor.

Quero o que quiserdes,
porque o que quereis
como o quereis,
e enquanto o quereis.

Senhor, eu Vos peço:
iluminai minha inteligência,
inflamai minha vontade,
purificai meu coração
e santificai minha alma.

Dai-me chorar os pecados passados,
repelir as tentações futuras,
corrigir as más inclinações
e praticar as virtudes do meu estado.

Concedei-me ó Deus de bondade,
ardente amor por Vós e aversão por meus defeitos,
zelo pelo próximo e desapego do mundo.

Que eu me esforce para obedecer aos meus superiores,
auxiliar os que dependem de mim,
dedicar-me aos amigos e perdoar os inimigos.

Que eu vença a sensualidade pela austeridade,
a avareza pela generosidade,
a cólera pela mansidão e a tibieza pelo fervor.

Tornai-me prudente nas decisões,
corajoso nos perigos,
paciente nas adversidades
e humilde na prosperidade.

Fazei, Senhor, que eu seja atento na oração,
sóbrio nos alimentos,
diligente no trabalho
e firme nas resoluções.

Que eu procure possuir
pureza de coração e modéstia de costumes,
um procedimento exemplar e uma vida reta.

Que eu me aplique sempre em vencer a natureza,
colaborar com a graça,
guardar os Mandamentos
e merecer a salvação.

Aprenda de Vós como é pequeno o que é da terra,
como é grande o que é divino,
breve o que é desta vida
e duradouro o que é eterno.

Dai-me preparar-me para a morte,
temer o dia do juízo,
fugir do inferno
e alcançar o paraíso.
Por Cristo Nosso Senhor. Amém”.


Fonte: Missal Romano – pp.1250-1252

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