terça-feira, 1 de julho de 2025

Compromissos com um novo amanhecer


Compromissos com um novo amanhecer

O Missal Dominical nos apresenta uma reflexão pertinente para o momento que vivemos, e que não nos permite indiferença.

Enriqueçamo-nos mutuamente, repensando o presente, revendo o passado e buscando novos caminhos, para que tenhamos um futuro com melhores expectativas.

“A salvação, hoje

O homem moderno parece realmente convencido de ser o dono do seu destino. Hoje há um novo modo de se pôr e viver o problema da salvação. Ao homem de hoje se oferece uma nova esperança terrena.

A visão do homem passa de teocêntrica a geocêntrica e antropocêntrica: operou-se um radical deslocamento de interesses, uma autêntica revolução copernicana no universo espiritual do homem.

Não se considera mais um peregrino que percorre apressadamente o vale de lágrimas deste mundo, todo voltado para a terra prometida da eternidade. Torna-se cada vez mais sedentário; substituiu a tenda movediça pela sólida casa de pedra. As únicas fronteiras que conhece são as terrestres e temporais. Uma esperança humana e terrena tomou o lugar da esperança teologal.

Uma nova missão e uma nova ação dão um sentido novo à sua vida: o da conquista gradual e irreversível do mundo. A fidelidade a terra e a preocupação com a construção da cidade terrena sobrepujaram as esperanças e preocupações escatológicas.

Uma nova confiança no homem é a base desta luta gigantesca. O homem não espera mais a salvação de fora, mas a constrói com suas próprias mãos.

Ambiguidade e desequilíbrio do nosso mundo

Mas talvez o homem esteja percebendo que foi apressado demais ao proclamar sua completa autonomia e ao pregar a morte de Deus, considerando-o supérfluo. A embriaguez do progresso tornou-o, por pouco tempo, cego diante dos permanentes desequilíbrios que existem no mundo e dos fenômenos novos, que, por sua própria novidade, preocupam.

O mundo se apresenta ainda cheio de problemas não resolvidos. Solucionados alguns, permanecem outros cuja solução parece distante ou certamente impossível, enquanto surgem sempre novos problemas, criados pelo próprio progresso, pela ciência e pela técnica.

Aliás, a ciência e a atividade técnica, embora buscando a salvação do homem, são apenas um dos modos de se dispor a ela, ou melhor, apresentam somente o aspecto mais primitivo, mais rudimentar e superficial da solução dos problemas humanos; restam outros problemas sobre os quais a técnica e a ciência positiva nada ou pouco têm a dizer.

Além disso, o homem percebeu às próprias custas, infelizmente, que o progresso técnico é fundamentalmente ambíguo, isto é, aberto tanto ao bem como ao mal, à salvação como à perdição do homem.

A dura experiência de duas guerras mundiais, os campos de concentração, as terríveis devastações da primeira bomba atômica, o desequilíbrio produzido na ecologia, a poluição atmosférica, as obscuras e apocalípticas visões dos futurólogos, lhes propõem novamente o problema de uma ‘salvação’ de dimensões mais vastas e profundas”.

Vivendo em contexto de mudança de época, é tempo favorável de repensarmos nossa conduta, e o modo como estamos semeando as esperanças do futuro no tempo presente.

A reflexão do Missal é um convite a repensarmos que, se quisermos um novo amanhecer pleno de vida para a humanidade, isto somente será possível, se tivermos abertura e coragem de rever os erros cometidos, redirecionar nossos passos, e reencontrar em Deus o sentido da própria História.

Construindo uma história sem Deus, o mundo e a humanidade caminharão, sem perspectivas, para o vazio e à escuridão, e como bem disse o Papa Francisco, sem amor e sem Deus nenhum homem pode viver sobre a terra” (2).



(1)         Missal Cotidiano, Editora Paulus, 1995 - pp.662-663
Encontro do Papa Francisco com os jovens e suas famílias, na praça da Cultura de Lasi (Romênia), no dia 1º de junho de 2019,

Oliveiras e candelabros do Senhor

 


Oliveiras e candelabros do Senhor 

Apóstolos, Pedro e Paulo,
“São duas oliveiras
Diante do Senhor,
Brilhantes candelabros
De esplêndido fulgor.”(1)
 
Selaram a missão com o martírio,
Vidas configuradas a quem tanto amaram:
Jesus Cristo, Nosso Senhor,
Da humanidade, Divino Redentor
A Ele, toda honra, glória, poder e louvor.
 
Vidas modeladas pela Palavra divina,
Mais que cortante e penetrante
Do que a espada nas Escrituras mencionada,
Dividindo a alma e o espírito,
Seguiram passos firmes e confiantes.
 
Despojamento incondicional testemunhado,
Sem pompas nem acastelamentos enganadores,
Pois tão somente no Senhor depositavam a esperança,
Fé autêntica na Divina Fonte do Amor:
Corações seduzidos pelo Fogo Abrasador.
 
Duas histórias de paixão pelo Senhor,
Coragem vivida sob a luz das estrelas,
Iluminados pela Luz do Sol Nascente,
Fidelidade provada em todo tempo,
Acrisolada, pelo fogo do amor purificador.
 
Sacrifício, combate e empenho -
Em cada linha da história de ambos,
Foram escritas para sempre:
Um o Martírio pela cruz, o outro pela espada,
Na glória celestial, vidas eternizadas. Amém.


(1) Ofício das Leituras - Hino da Solenidade de São Pedro e São Paulo

Em poucas palavras...

                                                  


Fé: dom gratuito de Deus

“A fé é um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom inestimável. Paulo adverte Timóteo a respeito dessa possibilidade: «Combate o bom combate, guardando a fé e a boa consciência; por se afastarem desse princípio é que muitos naufragaram na fé» (1 Tm 1, 18-19).

Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente (Mc 9,24; Lc 17,5; 22,32); ela deve «agir pela caridade» (Gl 5, 6) (Tg 2,14-26), ser sustentada pela esperança (Rm 15,13) e permanecer enraizada na fé da Igreja.”  (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 162

Em poucas palavras...

                                             


Em Deus, nossa confiança e esperança

“Na realidade, é difícil muitas vezes compreender porque acontecem certos fatos, mas o cristão sabe que Deus o vê e n’Ele confia, não fica inerte, se esforça, reza, porém, acima de tudo tem grande esperança, põe sua confiança em Deus.” (1)

 

(1)         Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - passagem do Evangelho Mt 8,23-27 - pág. 969

 

O Senhor está conosco: nada a temer!

                                                               

O Senhor está conosco: nada a temer!

“Levantando-Se, ameaçou os ventos e o mar,
e fez-se uma grande calmaria” (Mt 8,26)

A Liturgia da Palavra, da Terça-feira da 13ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), nos apresenta como Leituras: Livro do Gênesis (19,15-29) e Evangelho de Mateus (Mt 8, 23-27).

Na primeira Leitura, o Senhor fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra, e também a célebre passagem sobre a mulher de Ló que, olhando para trás, tornou-se uma estátua de sal.

Na passagem do Evangelho, Jesus presente na barca dando ordem aos ventos e ao mar, e concedendo uma grande calmaria.

O Missal Cotidiano, sobre a primeira leitura, apresenta estes questionamentos: 

Num mundo como o nosso, “Para onde poderiam fugir os justos, se Deus quisesse destruir as cidades pecadoras?”
- “Quais cidades poderiam declarar-se sem pecado?”

Em seguida, afirma que o real problema não é tanto o fugir materialmente, porque nem mesmo é preciso fugir, e como pecadores precisamos ter diante dos olhos os testemunhos dos justos, pois “O bom grão é destinado a crescer ao lado do joio, até a ceifa. O importante é que o bom grão não se torne joio”.

De fato, como cristãos, temos sempre um duplo princípio evangélico: não podemos nos isentar da responsabilidade pelo mal praticado e jamais nos omitirmos em sua eliminação.

Se há uma volta, é aquela acompanhada do arrependimento sincero e o propósito de não mais errar; de trilhar um novo caminho na mais perfeita sintonia com o querer e a vontade divina, com a certeza de que o Senhor está na “barca”.

Verdadeiramente, Ele está fazendo conosco a grande travessia e nos ajudando a superar o medo dos ventos contrários, símbolo das contrariedades e dificuldades que precisamos enfrentar com coragem, e vivendo nossa fé, experimentar a “calmaria” que Ele pode nos garantir, e então também diremos admirados como os discípulos: 

“Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mt 8,27).



Missal Cotidiano - Editora Paulus - p.966

Com o Senhor, serenidade nas travessias

                                         


Com o Senhor, serenidade nas travessias

Sejamos enriquecidos pelo Sermão n.63,1-3, de Santo Agostinho:

“Subiu Ele a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.

Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos! E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé?

Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria. Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8,23-27).

Vamos comentar, com a ajuda de Deus, a leitura que o Santo Evangelho nos propõe hoje, não aconteça que tenham a fé adormecida nos vossos corações, no meio das tempestades e ondas deste tempo.

Cristo não teve poder sobre a morte ou o sono? Ou por acaso o sono pôde dominar a vontade do Navegador Todo-Poderoso? Se pensardes assim, sem dúvida, Cristo e a fé estão adormecidos em vossos corações. Mas se Cristo vela em vós, a vossa fé também está acordada. ‘Que Ele faça Cristo habitar em vossos corações pela fé’ (Ef 3,17), disse o Apóstolo.

O sono de Cristo é sinal de mistério. Os ocupantes da barca representam as almas que atravessam a vida deste mundo agarradas ao madeiro da cruz. Por outro lado, a barca é símbolo da Igreja. Sim, verdadeiramente […] o coração de cada fiel é uma barca que navega no mar e que não se afundará se o espírito mantiver bons pensamentos.

Insultaram-te: é o vento que te fustiga. Encolerizaste-te: é a onda que se levanta. Surgiu a tentação: é o vento que sopra. A tua alma está perturbada: são as vagas que se elevam. Insultaram-te e desejas vingança; castigaste sem temperança e estás caído. E por quê? Porque Cristo dorme no teu coração. O que significa que Cristo dorme? Que tu te esqueceste dele. Acorda Cristo, deixa que Ele te fale.

O que querias? Vingança. Não te lembras de que quando o crucificaram, ele disse: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’(Lc 23,34)? O que dormiu em teu coração não quis vingar-se. Acorda-o! Contempla-o. A sua memória são as suas palavras; a sua memória é a sua Lei. E se Cristo cuida de ti, te dirás: Quem sou eu, para querer punir? Quem, para ameaçar a alguém? Talvez eu morra antes de me vingar. E se morrer, inflamado pela ira, com anseio e sede de vingança, aquele que não quis punir me receberá? Aquele que disse: ‘Perdoai, e sereis perdoados, dai, e dar-se-vos-á’ (Lc 6,36-38)? Portanto, reprimirei a minha ira e pacificarei o meu coração. Cristo deu ordem ao mar e este ficou calmo (cf. Mt 8,27).

O que disse acima sobre a ira, aplicai-o a todos os tipos de tentações. És tentado e estás perturbado: são o vento e as ondas que se levantam. Desperta Cristo e fala com ele. ‘Quem é Este, a quem até o vento e o mar obedecem?’ (Mt 8,26) Quem é Ele? ‘Dele é o mar, pois foi Ele quem o formou’ (Sl 95,5)‘por Ele é que tudo começou a existir’ Jo 1,3).

Imita, pois, os ventos e o mar: obedece ao Criador. O mar mostra-se dócil à voz de Cristo e tu continuas surdo? O mar obedece, o vento acalma-se e tu continuas a soprar? Que queremos dizer com isso? Falar, agitar-se, meditar na vingança: não será tudo isto continuar a soprar e não querer ceder diante da palavra de Cristo? Quando o teu coração está perturbado, não te deixes submergir pelas vagas.

No entanto, se o vento nos virar — porque somos apenas humanos — e acicatar as emoções más do nosso coração, não desesperemos. Acordemos Cristo, para que possamos prosseguir a nossa viagem por mares mais calmos.”

Nossa vida consiste numa constante travessia pelo mar da vida, e por vezes os mares são agitados pelos ventos.

Precisamos confiar na presença do Senhor na barca de nosso coração, e confiantes em Sua Palavra, superar todo o medo, vivendo a fé, em atitude orante, confiantes, suplicantes na mais autêntica relação com o Senhor que jamais nos abandona.

Creiamos que Ele está em nossa barca seja de nosso coração, como na barca de Sua Igreja em todo o tempo: e a última e poderosa Palavra somente Ele tem a nos dirigir e a serenidade nos devolver nas travessias cotidianas. Amém.

 

PS: Sermão apropriado para a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,24-34).

Contemplo-Te

                                                        

Contemplo-Te

Contemplo-Te, Senhor, Unigênito do Pai,
Desde a concepção no ventre de Maria,
Quando ela deu aquele inesquecível sim,
Que mudou o rumo da história da humanidade.

Contemplo-Te não apenas revestido de carne,
Pois assumiste nossa condição: tiveste corpo verdadeiro,
Tornaste verdadeiramente homem e ao mesmo tempo
Sendo, eu creio com minha Igreja, verdadeiramente Deus.

Contemplo-Te assumindo nossa condição humana,
Fazendo-Se um de nós, exatamente como nós,
Exceto por não conhecer o pecado que gera morte,
Por isto vieste destruí-lo com Sua vida, morte e Ressurreição.

Contemplo Teu coração tão pleno de divinos sentimentos,
Sentimentos que também devemos ter, para imagem Sua ser.
Emoções tantas que sentiste, porque Te fizeste homem,
E emoções tantas que também assumimos, sentimos.

Contemplo-Te homem das paixões múltiplas
Pelos pobres, pequenos, sofredores, excluídos;
Paixão maior, imensurável e indizível, que revelaste
Por Palavras e obras, vida e entrega: de Deus o Reino.

Contemplo-Te homem de tantas ânsias e sonhos
De um mundo mais belo, mais fraterno e solidário,
Mais perto, muito mais do que perto do querido por Deus,
Que em incondicional fidelidade ao Pai com o Espírito realizou.

Contemplo-Te homem que suportaste tantas dores,
Incontáveis humilhações da maldade, ignorância humana.
Também enfrentaste o próprio medo, angústia e solidão,
Mas no Pai confiante, jamais infidelidade, abandono e decepção.

Contemplo-Te sempre envolvido nos planos e sonhos do Pai.
Contemplo-Te numa relação vitoriosa e eterna de Amor
Com o Pai e o Espírito, Rei Eterno e Universal glorioso,
Sobre o mundo e o coração da humanidade reinando!

Contemplo-Te tão apenas me amando e perdoando.
Contemplo-Te, Senhor, envolto na Oração, por Ti iluminado.
Sinto Tua presença, escuto Tuas Palavras, silencio,
Renovo minha fidelidade, vocação, graça e dom divino.

Contemplo-Te, ouço-Te, amo-Te.
Ouço-Te, contemplo-Te, amo-Te.
Amo-Te, por isto Te contemplo, Te ouço,
E Tua presença, carinho e ternura sinto.

Contemplo-Te...

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG