sábado, 23 de novembro de 2024
Venha Teu Reino, Senhor! (Cristo Rei)
“Reinar é servir” (Cristo Rei)
“Reinar é servir”
Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 786): “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’ "(Lumen Gentium n.36).
Também, citando a Gaudium et Spes (n. 10,2; 45,2) professa: “A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontram em seu Senhor e Mestre” (CIC n. 450).
Em poucas linhas, encontramos uma densidade inesgotável que nos convida ao silêncio e à contemplação, para que não apenas celebremos, mas como discípulos missionários, anunciemos e testemunhemos que Jesus é o Senhor de nossa história, em todos os âmbitos, em todos os corações, e de todo o Universo, se numa palavra apenas fôssemos dizer.
Cristo, Ungido, Enviado, Aquele que foi por muito tempo esperado. A realização da promessa messiânica se cumpriu em Sua Pessoa: “O Verbo se fez Carne e habitou entre nós...” (Jo 1,14), e a Ele damos toda honra, glória, poder e louvor.
Rei, mas um Rei diferente, pobre, despido, ultrajado, tendo como trono a Cruz, esvaziado de Sua condição divina, humilhou-Se e foi obediente até o fim, e Deus O Ressuscitou, para que diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fl 2, 7-8).
Senhor, porque reina em tudo e em todos, a Ele tudo foi submetido: “O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo. Mas quando se diz que tudo lhe será submetido, é claro que se deve excluir Deus, que tudo submeteu a Cristo. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então próprio Filho Se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos.” (1 Cor 15, 26-28).
Servidor de todos, ao lavar os pés dos discípulos, lavou os pés de toda humanidade, deixando ao mundo um sinal de humildade e serviço: o Mestre e Senhor lavou os pés dos servos; os pés de toda a humanidade, e a lição para sempre foi gravada na mente e no coração da humanidade, selado como sinal de amor. Lição que haveremos de reaprender incansavelmente, quotidianamente.
O Senhor tem a chave e confiou a Pedro. Também é a porta que nos possibilitou a entrada na eternidade (Jo 10, 9), e tão somente por esta porta estreita haveremos de passar, se coragem e fidelidade no carregar da cruz tivermos, sem deserção, sem medo ou refúgio na mediocridade de uma fé morna e instalada, sem sagrados compromissos com a vida.
É preciso que centralizemos o Senhor em nossa vida, para que tudo ganhe um novo sentido em nosso existir. Quanto mais O centralizarmos, mais plena será nossa alegria. Centralizar Jesus é ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos, de tal modo a Ele configurado, que Ele é gerado e formado em nós, e nos outros.
Ele é o fim de toda a história, para Ele tudo haverá de convergir. Nossos dias, nossos passos, nossos planos, projetos, sonhos somente florescerão abundantemente, e darão frutos eternos se não tivermos ninguém além d’Ele para nos guiar e nos iluminar.
Com Jesus, cada noite escura de nossa vida, é acompanhada da certeza de que a luminosidade irromperá quando menos esperarmos, porque vigilantes esperamos Aquele que veio, vem e virá um dia, gloriosamente.
Por ora, é tempo de reinar com o Senhor, e somente o faremos se O servimos em cada irmão e irmã, sobretudo nos pobres, com os quais quis Se identificar. E este serviço silencioso, sem holofotes, glamoures, ibopes, confetes, nos credencia para a recompensa na eternidade, como Ele nos disse sobre o julgamento final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25, 34)
Reinamos com o Senhor, quando servimos. E, para que sirvamos incansavelmente com ardor, É preciso que nosso coração Seja inflamado pelo Seu indizível Amor.
Reinar com Jesus é viver com a força desarmada do amor! (Cristo Rei)
Expressão que nos inquieta: o trono do Senhor é a Cruz!
Reflitamos:
- Temos coragem de nos comprometer com o Seu Senhorio sobre tudo e todos, uma vez que Ele é o primogênito, a Cabeça, o Princípio e o fim de todas as coisas, no qual reside toda a plenitude do amor do Pai?
Reflitamos:
- Como cristão leigo, vivo meu protagonismo, como batizado na evangelização nos mais diversos espaços e campos de minha existência?
- Como dou gosto de divindade à existência, à história?
Cristo Reina quando nosso coração se inflama de amor (Cristo Rei)
Cristificar, eis a nossa missão! (Cristo Rei)
“Cristo reina dando-Se a Si mesmo” (Cristo Rei) (ano C)
Caridade e humildade no seguimento do Senhor (Cristo Rei)
Caridade e humildade
no seguimento do Senhor
“Por este caminho se
corre com dois pés,
o da humildade e o
da caridade”
Sejamos enriquecidos pelo Sermão do Bispo São Cesário de Arles (Séc. VI), que nos apresenta duas
exigências no seguimento de Jesus Cristo.
“Parece duro, irmãos
caríssimos, e considera-se um peso quase insuportável o que mandou o Senhor no
Evangelho, ao dizer: ‘Se alguém quiser seguir-me, renuncie a si mesmo’. Mas não
é duro o que mandou Aquele que ajuda a cumprir o que mandou.
Renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz e siga a Cristo. Para onde se deve seguir a Cristo senão para
onde Ele foi? Sabemos que ressuscitou e subiu ao Céu: para aí deve ser seguido.
De modo algum se
deve perder a esperança, porque foi Ele que o prometeu e não porque o homem O
possa conseguir por si mesmo. O Céu estava longe de nós antes de Ele ter subido
ao Céu. Porque não temos a esperança de lá chegar, se somos membros da Sua
Cabeça? Portanto, porque sofremos muitas aflições e dores na terra, sigamos a
Cristo, onde está a suma felicidade, a suma paz, a suma segurança.
Mas quem quiser
seguir a Cristo, deve escutar o que diz o Apóstolo: Quem diz que permanece em
Cristo, deve caminhar como Ele caminhou.
Queres seguir a
Cristo? Sê humilde, como Ele foi humilde. Não desprezes a humildade, se queres
subir à altura sublime para onde Ele subiu.
O caminho tornou-se
escabroso quando o homem pecou; mas tornou-se plano quando Cristo o calcou pela
Ressurreição, transformando a vereda estreita em senda real. Por este caminho
se corre com dois pés, o da humildade e o da caridade.
A sua altura excelsa
agrada a todos; mas a humildade é o primeiro degrau. Por que adiantas o pé para
além de ti? Queres cair, não subir. Começa pelo primeiro degrau, isto é, pela
humildade, e subirás.
O nosso Senhor e
Salvador não disse apenas: ‘Renuncie a si
mesmo’, mas acrescentou: ‘Tome a sua cruz e siga-Me’. Que quer dizer: ‘Tome a
sua cruz’? Suporte o que é molesto: siga-Me assim.
Quando começar a
seguir no meu modo de proceder e nos meus Mandamentos, terá muitos que se lhe
opõem, muitos que o querem impedir; terá não só muitos zombadores, mas também
muitos perseguidores. E isso o farão não só os pagãos, que estão fora da
Igreja, mas também os que parecem estar dentro do Corpo, embora estejam fora
pelas suas ações perversas, e perseguem continuamente os bons cristãos porque
se gloriam apenas do nome cristão. Estes estão entre os membros da Igreja como
os maus tumores no corpo. Portanto, se queres seguir a Cristo, não hesites em
levar a sua cruz: suporta os maus, não sucumbas.
Portanto, se
queremos cumprir o que disse o Senhor: ‘Se alguém quiser seguir-Me, tome a sua
cruz e siga-Me’, com a ajuda de Deus devemos esforçar-nos por cumprir o que diz
o Apóstolo: Se temos que comer e que vestir, já estaremos contentes; não
aconteça que, se procuramos mais do que convém à natureza terrena e queremos
ser ricos, caiamos na tentação e na cilada do diabo e nos muitos desejos
inúteis e nocivos, que submergem os homens na morte e na perdição. O Senhor,
com a Sua proteção, Se digne livrar-nos desta tentação”.
Como
discípulos missionários do Senhor, precisamos fazer nossas renúncias cotidianas, para que com liberdade O sigamos, carregando nossa cruz com plena
confiança em Sua presença e força em todo o caminho.
No entanto, é preciso que, a cada dia, a humildade e a caridade sejam elementos constitutivos de nossa identidade e espiritualidade cristã, a fim de que a luz de Deus brilhe mais forte através de nossas boas obras.