sábado, 23 de novembro de 2024

Se quisermos reinar com o Senhor... (Cristo Rei)

                                                              

Se quisermos reinar com o Senhor...

 

Com toda a Igreja, celebraremos, no próximo domingo, a Solenidade de Jesus Cristo Rei e Senhor do Universo, e com vistas à preparação reflitamos o Sermão escrito pelo Bispo Santo André de Creta (séc. VIII):

 

Digamos também nós a Cristo: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9), Rei de Israel (Mt 27,42). Levantemos para Ele, quais folhas de palmeira, as derradeiras Palavras na Cruz.

 

Vamos com entusiasmo para a frente, não com ramos de oliveira, mas com as honras das esmolas de uns aos outros. Estendamos a Seus pés, como vestes, os desejos do coração.

 

Deste modo, pondo Seus passos em nós, esteja dentro de nós, e nós inteiros n’Ele; e Se manifeste Ele totalmente em nós.

 

Repitamos para Sião a aclamação do Profeta: Tem confiança, filha, não temas. Eis que vem a ti teu rei, manso e montado no jumentinho, filho da que leva o jugo (cf. Zc 9,9).

 

Vem Aquele que está presente em todo o lugar e ocupa tudo, para realizar em ti a salvação de tudo. Vem Aquele que não veio chamar os justos, mas os pecadores à conversão  (Mt 9,13), para fazer voltar os desviados pelo pecado. Não temas, pois. Está Deus no meio de ti, não serás abalada (cf. Dt 7,21).

 

De mãos erguidas, recebe-O, a Ele que gravou nas próprias mãos tuas muralhas. Acolhe-O, a Ele que cavou em Suas palmas Teus fundamentos. Recebe-O, a Ele que tomou para Si tudo o que é nosso, à exceção do pecado, a fim de mergulhar tudo que é nosso no que é d’Ele.

 

Alegra-te, cidade-mãe, Sião; não temas. Celebra tuas festas (Na 2,1). Glorifica por Sua misericórdia quem em ti vem para nós. Mas também tu, rejubila-te com entusiasmo, filha de Jerusalém, canta, dança de alegria. Resplandece, resplandec' (assim aclamamos junto com Isaías, o clarim sagrado), porque chegou tua luz e nasceu sobre ti a glória do Senhor (Is 60,1).

 

Que luz é esta? Só pode ser aquela que ilumina a todo homem que vem ao mundo (cf. Jo 1,9). A luz eterna, luz que não conhece o tempo e revelada no tempo, luz manifestada pela carne e oculta por natureza, luz que envolveu os pastores e Se fez para os magos guia do caminho. Luz que desde o princípio estava no mundo, por quem foi feito o mundo e o mundo não a conheceu. Luz que veio ao que era Seu, e os Seus não a receberam.

 

Glória do Senhor. Qual glória? Na verdade, a Cruz em que Cristo foi glorificado. Ele, esplendor da glória do Pai, como Ele próprio, estando próxima a Paixão, disse: Agora é glorificado o Filho do Homem e Deus é glorificado n’Ele; e o glorificará sem demora (cf. Jo 13,31-32).

 

Chama de glória neste passo Sua exaltação na Cruz. Porque a Cruz de Cristo é glória e, realmente, sua exaltação. Por isto diz: Eu, quando for exaltado, atrairei todos a mim (Jo 12,32).

 

Lembremo-nos daquela manhã de Ramos em que O aclamamos Rei, Filho de Davi, demos “Hosana no mais alto dos céus”, e alguns dias depois, celebramos a Sua Paixão e Morte, por amor de Deus.

 

Acolhamo-Lo como Pessoa e Palavra, como vida e Projeto a ser vivido, no testemunho autêntico da fé, com confiança inabalável, perseverança até o fim, permanecendo n’Ele e com Ele no carregar de nossa cruz.

 

Seja nosso coração aberto para que nele o Senhor faça morada e possa reinar, e o Seu nome impresso em nossa mente e coração e marcados pelo Selo de Seu Espírito, vivamos a graça da filiação divina, no dia do Batismo recebida, pois o cristão tão somente alcança a felicidade completa quando celebra com fé, e não a separa do seu existir; quando a fé é celebrada e a vida corresponde com gestos e compromissos, que se renovam com a força que nos vem da Eucaristia.

 

Por isto, exultemos de alegria pela graça de poder servir, e que esta graça nunca nos falte, porque de força divina precisamos, do contrário, sucumbiríamos sob o peso da cruz.

 

Reinemos com Jesus sendo sinal de Sua luz no mundo. Cristão é por natureza alguém que tem a luz, porque seguindo a Divina Fonte da Luz não caminha nas trevas.

 

Gloriemo-nos na Cruz de nosso Senhor, como nos exorta o Apóstolo Paulo (cf. Gl 6, 14), pois cremos que a Cruz tem aparência de derrota, mas é verdadeiramente sinal de vitória.

 

Ela é um instrumento que, se assumido por amor, redimensionado no Mistério Pascal que cremos e professamos, nos alcançará a glória da imortalidade, o esplendor máximo e inesgotável da luz e alegria do céu.

 

Proclamemos Jesus Rei, mas um Rei que  vem fazer de Sua vida, Amor, doação, entrega, e Seu reinado não corresponde às realidades terrenas, porque tem outros princípios e fundamentos. Jesus, um Rei que vem a nós, justo e salvador da humanidade.

 

Veio, vem e virá sempre. Por ora, a vigilância ativa, e assim nos preparamos para o início de um novo Ano Litúrgico, com o Tempo do Advento que se anuncia.

 

Concluindo, a Deus elevemos glória e louvor, honra e poder por meio de Seu Filho Rei e Senhor de nossa vida.

 

Reinar com Jesus é amar como Ele amou, viver como Ele viveu.

 

A centralidade do Cristo Ressuscitado em nossa vida (Cristo Rei)

 


A centralidade do Cristo Ressuscitado em nossa vida
 
Na passagem da Carta de Paulo aos Romanos (Rm 5,12-15), o Apóstolo Paulo nos convida a refletir sobre a nossa condição humana.
 
Temos que tomar a decisão correta: ou viver no egoísmo e autossuficiência que gera a morte, ou pôr-se, decidida e corajosamente, numa ca

minhada de fidelidade ao Projeto de Deus que gera vida nova.
Como discípulos missionários, cremos que a Salvação vem pela fé em Jesus Cristo e se destina a todos, indistintamente, porém, somente a fidelidade a Ele é garantia de vida nova e plena; um dom, uma doação por amor à causa do Reino de Deus.
 
Urge, portanto, centralizar e enraizar a nossa fé em Cristo Ressuscitado, e em Sua Palavra, nutridos pelo Pão da Eucaristia, Pão da imortalidade, participante ativamente da Igreja, em comunhão com os irmãos e irmãs, empenhados na missão evangelizadora.
 
Quando centralizamos Jesus Cristo Ressuscitado em nossa vida e em nossas comunidades:
 
- temos alegria plena e verdadeira;
- valorizamos os princípios, momentos e espaços sagrados;


- procuramos fazer da família um santuário da vida;
- empenhamo-nos na construção de um mundo mais justo e fraterno, sem fanatismo e respeito pelas diferenças;


- buscamos e nos abrimos à sabedoria que vem do alto e enfrentaremos toda e qualquer dificuldade;
- nosso coração fica ardente, porque Ele tem a Palavra que abrasa o coração;


- saberemos usar as coisas que passam e abraçamos as que não passam; que nos conduzem à eternidade.
 
Coloquemos Jesus Cristo Ressuscitado no centro de nossa vida, e assim colocaremos, ao mesmo tempo, no centro de nossa vida a Verdade, o Amor, a Alegria, a Paz, a Luz, a Vida e a Salvação.
 
 

Vistamos o hábito da religião e da caridade (Cristo Rei)


Vistamos o hábito da religião e da caridade

Ao celebrarmos a Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo, sejamos iluminados pelo Sermão de São Cesário de Arles (séc. VI).

“Se pensamos nos bens que Deus derramou sobre nós chegando até a morte, não haveríamos de temer aquele juízo; mas por desgraça muitos o convertem em motivo de sentença contra eles.

Não paguemos o bem com o mal..., pois do contrário, o que faremos naquele dia temível quando o Senhor Se sentar em Seu trono cercado da milícia celestial no meio da luz, enquanto os Anjos ressoam suas trombetas e o mundo estremeça...?

Então, além da própria consciência, Aquele Juiz, já mais justo que misericordioso, começará a acusar os réus por terem desprezado a Sua misericórdia:

‘Eu plasmei a ti, ó homem!, com minhas mãos, Eu te infundi o Espírito..., e tu, desprezando os meus preceitos de vida perfeita, segues ao mentiroso antes que a Deus.

Expulso do paraíso e sujeito às cadeias da morte..., entrei em um seio virginal para nascer dele sem diminuição de sua pureza; reclinei-me em um presépio envolto em panos, com as dores e sofrimentos da infância...; sofri as bofetadas e cusparadas daqueles que zombavam de mim, bebi vinagre com fel, fui ferido pelos açoites, coroado de espinhos, cravado na cruz, atravessado pela lança, e para que tu te libertasses da morte entreguei a minha vida em meio a tormentos.

Aqui tens os sinais dos cravos dos quais fui suspenso. Olha aqui meu lado ferido. Aceitei as dores para dar a ti a glória, sofri a morte para que vivesses por toda a eternidade. Jazi escondido em um sepulcro para que tu reinasses no céu. Por que perdeste o que te dei?

Por que, ingrato, rejeitaste os dons de tua redenção: Não reclamo de minha morte, mas dai-me a tua vida, já que por ela entregue a minha...
Por que maculaste a habitação que consagrei para mim com as imundícias da luxúria...?

Por que me carregaste com a cruz dos teus crimes, mais pesada que aquela na qual estive suspenso? Mais pesada, de fato, é a cruz de teus pecados, da qual pendo a força, do que aquela que, compadecido de ti, subi satisfeito.

Sendo impassível me dignei padecer por ti, e tu desprezaste a Deus no homem, a saúde no enfermo, a chegada no caminho, ao pai no juiz, a vida na cruz e o remédio na agonia’.

Examinai a embarcação de vossa vida, e se observais as cavernas desfeitas pela soberba, a avareza e a luxúria, apressai-vos em repará-las com as boas obras e a esmola.

Assim como ao bom sua virtude não lhe beneficia de nada se morre em pecado, assim ao pecador os vícios não lhe prejudicam se morre arrependido.

Vivei bem, não me digais que sois jovens e casados, porque não é o traje do monge que dá a virtude. Em qualquer estado de vossas vidas podeis vestir o hábito da religião e da caridade.” (1)

Finalizando mais um ano Litúrgico, é tempo favorável para revermos o caminho que fizemos, com erros e acertos, possíveis tropeços e quedas, pecados cometidos, com sincero arrependimento, confessados e perdoados.

O Sermão é um forte apelo de conversão para que melhor correspondamos ao amor de Deus por nós, por Jesus vivido e comunicado.

Quando vestimos o hábito da autêntica religião e da caridade, tornamo-nos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36), e podemos afirmar que Jesus Cristo é nosso Rei e Senhor de todo o Universo, e podemos coroá-lo, multiplicando gestos de amor e solidariedade, na solidificação da fé, e iluminando os caminhos com a luz da esperança de um novo céu e uma nova terra, ainda que vejamos sinais sombrios de dor e morte.

Coroar Jesus é sincero compromisso com a Boa-Nova do Reino, e viver a graça do Batismo, como profetas, sacerdotes e Rei.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp. 761-762. 

Venha Teu Reino, Senhor! (Cristo Rei)

                                                 


Venha Teu Reino, Senhor!

Ao Celebrarmos a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, sejamos enriquecidos pelo  Opúsculo sobre a Oração, escrito pelo Presbítero Orígenes (Séc. III).

“O Reino de Deus, conforme as Palavras de nosso Senhor e Salvador, não vem visivelmente, nem se dirá: Ei-lo aqui ou ei-lo ali; mas o Reino de Deus está dentro de nós (cf. Lc 17,21), pois a Palavra está muito próxima de nossa boca e em nosso coração (cf. Rm 10,8).

Donde se segue, sem dúvida nenhuma, que quem reza pedindo a vinda do Reino de Deus pede – justamente por já ter em si um início deste Reino – que ele desponte, dê frutos e chegue à perfeição. Pois Deus reina em todo o santo e quem é santo obedece às Leis espirituais de Deus, que nele habita como em cidade bem administrada. Nele está presente o Pai e, junto com o Pai, reina Cristo na Pessoa perfeita, segundo as Palavras: ‘Viremos a ele e nele faremos nossa morada’ (Jo 14,23).

Então o Reino de Deus, que já está em nós, chegará por nosso contínuo adiantamento à plenitude, quando se completar o que foi dito pelo Apóstolo: sujeitados todos os inimigos, Cristo entregará o Reino a Deus e Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos (cf. 1Cor 15,24.28).

Por isto, rezemos sem cessar, com aquele amor que pelo Verbo se faz divino; e digamos a nosso Pai que está nos céus: ‘Santificado seja Teu nome, venha o Teu reino’ (Mt 6,9-10).

É de se notar também a respeito do Reino de Deus: da mesma forma que não há participação da justiça com a iniquidade nem sociedade da luz com as trevas nem pacto de Cristo com Belial (cf. 2Cor 6,14-15), assim o Reino de Deus não pode subsistir junto com o reino do pecado. Por conseguinte, se queremos que Deus reine em nós, de modo algum reine o pecado em nosso corpo mortal (Rm 6,12), mas mortifiquemos nossos membros que estão na terra (cf. Cl 3,5) e produzamos fruto no Espírito.

Passeie, então, Deus em nós como em paraíso espiritual, e reine só Ele, junto com Seu Cristo; e que em nós Se assente à destra de Sua virtude espiritual, objeto de nosso desejo.

Assente-Se até que Seus inimigos todos que existem em nós sejam reduzidos a escabelo de Seus pés (Sl 109,1), lançados fora todo principado, potestade e virtude. Tudo isto pode acontecer a cada um de nós e ser destruída a última inimiga, a morte (1Cor 15,26).

E Cristo diga também dentro de nós: ‘Onde está, ó morte, teu aguilhão? Onde está, inferno, tua vitória?’ (1Cor 15,55; cf. Os 13,14). Já agora, portanto, o corruptível em nós se revista de santidade e de incorruptibilidade, destruída a morte, vista a imortalidade paterna (cf. 1Cor 15,54), para que, reinando Deus, vivamos dos bens do novo Nascimento e da Ressurreição”.

A meditação deste Opúsculo muito nos ajuda, no aprofundamento da Oração que o Senhor nos ensinou, sobretudo, quando dizemos: “venha a nós o Vosso Reino, Senhor”.

Lembremo-nos do que nos disse o Presbítero:

“Passeie, então, Deus em nós como em paraíso espiritual,
e reine só Ele, junto com seu Cristo;
e que em nós se assente à destra de sua virtude espiritual,
objeto de nosso desejo”.

Tudo isto acontece, quando cremos e vivemos este Prefácio da Missa da Solenidade de Cristo Rei:

“Com óleo de exultação, consagrastes Sacerdote Eterno e Rei do universo Vosso Filho único, Jesus Cristo, Senhor nosso. Ele, oferecendo-Se na Cruz, vítima pura e pacífica, realizou a redenção da humanidade.

Submetendo ao Seu poder toda criatura, entregará à Vossa infinita majestade um Reino eterno e universal: Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz...”.

Seja nossa vida marcada pelo compromisso com o Reino de Deus, para que a Trindade Santa habite e passei em nós, como em paraíso espiritual.

“Reinar é servir” (Cristo Rei)

                                                      

“Reinar é servir” 

Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 786): “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’ "(Lumen Gentium n.36).

Também, citando a Gaudium et Spes (n. 10,2; 45,2) professa: “A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontram em seu Senhor e Mestre” (CIC n. 450).

Em poucas linhas, encontramos uma densidade inesgotável que nos convida ao silêncio e à contemplação, para que não apenas celebremos, mas como discípulos missionários, anunciemos e testemunhemos que Jesus é o Senhor de nossa história, em todos os âmbitos, em todos os corações, e de todo o Universo, se numa palavra apenas fôssemos dizer.

Cristo, Ungido, Enviado, Aquele que foi por muito tempo esperado. A realização da promessa messiânica se cumpriu em Sua Pessoa: “O Verbo se fez Carne e habitou entre nós...” (Jo 1,14), e a Ele damos toda honra, glória, poder e louvor.

Rei, mas um Rei diferente, pobre, despido, ultrajado, tendo como trono a Cruz, esvaziado de Sua condição divina, humilhou-Se e foi obediente até o fim, e Deus O Ressuscitou, para que diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fl 2, 7-8).

Senhor, porque reina em tudo e em todos, a Ele tudo foi submetido: “O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo. Mas quando se diz que tudo lhe será submetido, é claro que se deve excluir Deus, que tudo submeteu a Cristo. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então próprio Filho Se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos.” (1 Cor 15, 26-28).  

Servidor de todos, ao lavar os pés dos discípulos, lavou os pés de toda humanidade, deixando ao mundo um sinal de humildade e serviço: o Mestre e Senhor lavou os pés dos servos; os pés de toda a humanidade, e a lição para sempre foi gravada na mente e no coração da humanidade, selado como  sinal de amor. Lição que haveremos de reaprender incansavelmente, quotidianamente.


O Senhor tem a chave e  confiou a Pedro. Também é a porta que nos possibilitou a entrada na eternidade (Jo 10, 9), e tão somente por esta porta estreita haveremos de passar, se coragem e fidelidade no carregar da cruz tivermos, sem deserção, sem medo ou refúgio na mediocridade de uma fé morna e instalada, sem sagrados compromissos com a vida.

É preciso que centralizemos o Senhor em nossa vida, para que tudo ganhe um novo sentido em nosso existir. Quanto mais O centralizarmos, mais plena será nossa alegria. Centralizar Jesus é ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos, de tal modo a Ele configurado, que Ele é gerado e formado em nós, e nos outros.

Ele é o fim de toda a história, para Ele tudo haverá de convergir. Nossos dias, nossos passos, nossos planos, projetos, sonhos somente florescerão abundantemente, e darão frutos eternos se não tivermos ninguém além d’Ele para nos guiar e nos iluminar.

Com Jesus, cada noite escura de nossa vida, é acompanhada da certeza de que a luminosidade irromperá quando menos esperarmos, porque vigilantes esperamos Aquele que veio, vem e virá um dia, gloriosamente.

Por ora, é tempo de reinar com o Senhor, e somente o faremos se O servimos em cada irmão e irmã, sobretudo nos pobres, com os quais quis Se identificar. E este serviço silencioso, sem holofotes, glamoures, ibopes, confetes, nos credencia para a recompensa na eternidade, como Ele nos disse sobre o julgamento final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25, 34)

Reinamos com o Senhor, quando servimos. E, para que sirvamos incansavelmente com ardor, É preciso que nosso coração Seja inflamado pelo Seu indizível Amor.


Reinar com Jesus é viver com a força desarmada do amor! (Cristo Rei)

Reinar com Jesus é viver com a força desarmada do amor!

Com a Solenidade em que proclamamos que Cristo é Rei do Universo e Senhor de nossa vida, coroamos mais um ano de caminhada com Ele, como alegres Discípulos missionários.

Ao proclamamos Jesus como Rei de nossa vida, temos a certeza de que com Ele também reinaremos. Mas o que significa proclamá-Lo Rei?

Na medida em que o proclamamos Rei reinamos com Ele amando até o fim, fazendo da nossa vida livre e generosa doação, na entrega da mesma, traduzida em serviço para com Ele na pessoa do empobrecido, para um dia na glória estar.

Reinar com Jesus é fazer d’Ele e de Sua Palavra o centro de nossa vida, pautar nossa existência, todo nosso pensar, sentir, agir à luz de Seus ensinamentos, Sua Palavra que nos liberta e nos orienta em todos os passos; é trilhar o Caminho, iluminados pela Verdade para que a Vida plena prometida, em nós seja abundante.

Reinar com Jesus é ter coragem de carregar Seu trono, que aos olhos do mundo nada tem de encantador, ao contrário. É carregar o trono onde foi entronizado e coroado: a Cruz! 

Expressão que nos inquieta: o trono do Senhor é a Cruz!

Reflitamos:

- Temos coragem de reinar com Ele?

- Temos coragem de nos comprometer com o Seu Senhorio sobre tudo e todos, uma vez que Ele é o primogênito, a Cabeça, o Princípio e o fim de todas as coisas, no qual reside toda a plenitude do amor do Pai?

Que Rei tão diferente: pobre, despido, solitário, aparentemente derrotado, incompreendido, humilhado, dilacerado, escarrado, cuspido, ensanguentado, de aparência horrivelmente indescritível. Vítima da mais crudelíssima e humilhante de todas as mortes.

É este Rei que amamos.
Um Rei que tem a força desarmada do amor.

Aparentemente derrotado, mas por amor vivido em fidelidade ao Pai e ao Projeto do Reino, na glória exaltado, ressuscitado, mais que vitorioso. À direita do Pai sentado, Vivo, guia, dirige, julga a história, nos antecipa na glória da eternidade, tendo vencido o último de todos os inimigos: a morte.

Muito mais que uma Solenidade, é momento de grandes avaliações e corajosas decisões.

Reflitamos:

- O que significa, para mim, proclamá-Lo Rei?
- De que modo a minha vida expressa a Soberania de Cristo?

- O que Deus quer de mim quando meus lábios professam que Ele é Senhor da minha vida?
- De que modo, como Igreja, estou participando da construção do Reino de Deus.

- Como cristão leigo, vivo meu protagonismo, como batizado na evangelização nos mais diversos espaços e campos de minha existência?
- Como fermento a nova sociedade?

- Como dou gosto de divindade à existência, à história?

- Como ilumino, e como me deixo iluminar no pensar e no agir?
Proclamá-Lo Rei, aclamá-Lo como Senhor, não basta!

É preciso testemunhá-Lo com uma força indescritível e revolucionária: a força do Amor.

Não o amor que o mundo apregoa, mas o que Ele viveu e na Cruz consumou, por isto na glória Se eternizou e a mais bela lição nos deixou:

Doação, entrega, perdão, reconciliação, salvação... Amor universal que aos inimigos alcançou. Amor que ninguém nunca tão intensamente viveu: por isto Ele morreu.

Se morrermos com Ele, também com Ele ressuscitaremos e com
Ele para sempre reinaremos. Amém!

Cristo Reina quando nosso coração se inflama de amor (Cristo Rei)

                                                                   

Cristo Reina quando nosso coração se inflama de amor

Chegando ao final de mais um Ano Litúrgico, celebramos, com toda a Igreja, a Solenidade de Cristo Rei do Universo, proclamando ao mundo que Ele é o Senhor de nossa vida.

Com júbilo, renovamos nosso compromisso de discípulos missionários do Senhor, amando como Ele ama. Um amor incondicional que ama até o fim e, de modo especial, os mais empobrecidos com os quais se identifica.

Reinar com Jesus é fazer d’Ele e de sua Palavra o centro de nossa vida, pautar nossa existência, todo nosso pensar, sentir e agir à luz de Seus ensinamentos. 

Trilhando o caminho da fé, ancorados pela esperança e inflamados pelo fogo da caridade, seremos iluminados pela verdade, teremos a vida plena prometida abundantemente. É preciso ter coragem de carregar o trono de Jesus, que aos olhos do mundo nada tem de encantador, ao contrário. Carregar o trono onde Ele foi entronizado e coroado: a Cruz! Expressão que nos inquieta: a Cruz é o trono do Senhor!

Um longo caminho percorremos e reinamos com o Senhor no realizar de  cada pequeno gesto, sempre acompanhado de muito amor e que, portanto, aos olhos de Deus tornam-se grandes.

Coroamos o Senhor como servos inúteis que somos com o nosso trabalho, portanto, não podemos ser econômicos em descobrir modos e expressões efetivas e afetivas para coroá-Lo; amando a Deus sobre todas as coisas, com nossa alma, força, mente e entendimento e ao nosso próximo como Ele nos amou. 

Quem a Deus ama, reina com o Senhor servindo alegremente. Que continuemos coroando o Senhor, resistindo às tentações que nos acompanham a todo instante, sem jamais sucumbir a elas, vigilantes e pacientes nas tribulações e adversidades, pois tudo podemos n’Aquele que nos fortalece e, na mais bela expressão de gratidão e gratuidade.

A Ele todo o louvor e glória. Tão somente assim O coroamos e O proclamamos Rei do Universo e  Senhor de nossa vida.

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