sexta-feira, 12 de julho de 2024

Precisa-se de Profetas! (Parte II)

                                                      

Precisa-se de Profetas!

Ninguém é Profeta porque
quer, tão pouco por iniciativa própria.

Para reconduzir o povo à fidelidade, ao relacionamento fraterno, Deus toma a iniciativa de constituir Profetas. Vocação profética é uma prerrogativa divina, cabe a nós dar a resposta. A vocação profética é um dom divino a nós concedido. Vivê-la intensamente é uma resposta ao primeiro passo dado por Deus que vem sempre ao nosso encontro.

Profetas autênticos Deus suscita. Vocacionados, com a graça divina, superam todas as dificuldades da missão.

Precisa-se de Profetas! Peçamos ao Pai que nos envie Profetas. Pois, quando eles faltam, o povo perde o rumo de sua caminhada. Perde seus horizontes e mergulha num abismo de mediocridade, num deserto de esterilidade, num oceano de desumanidade, num lamaçal de atrocidades…

Quando se calam as suas vozes:

- campeia a força dos interesses falsos e impuros, chegando ao absurdo de não se ter vergonha da imoralidade e absoluta perda da sanidade mental, espiritual, intelectual, psicológica etc;

- inaugura o permissivismo, o relativismo (ausência da verdade absoluta) em que tudo é permitido até mesmo a eliminação da vida. Anuncia-se a morte de Deus para a proliferação de deuses. A humanidade não pode ter futuro prescindindo de Deus;

- irrompe a escuridão, instaura-se o caos;

- robustece  e multiplica a infidelidade e idolatria. 

É tempo da missão profética da Igreja: vozes proféticas são e serão sempre luminares, portadores da luz divina para um mundo novo e por isto reafirmamos: “O Senhor é minha luz e Salvação, a quem temerei?”

Finalizo citando Santo Antônio, em um dos seus memoráveis sermões: “Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas.”

Diz São Gregório:

“Há uma lei para o pregador: que faça o que prega. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras.”

Através da Palavra e dos sinais os cristãos serão homens e mulheres no coração do mundo e, ao mesmo tempo, serão homens e mulheres no coração da Igreja!

Senhor, derramai em mim o fogo do Vosso Espírito,
para que a chama profética não se apague!

Senhor, derramai em mim a Vossa graça,
Para que o ardor da vocação profética não esfrie!

Senhor, derramai em mim a Vossa esplendorosa luz,
Para que eu seja fiel ao Caminho que a Vós conduz!

Precisa-se de Profetas! (Parte III)

                                                            

Precisa-se de Profetas!

Precisa-se de Profetas!
Mas, o que é ser Profeta em nosso tempo?

Aprofundando a vocação profética, que recebemos no dia de nosso Batismo, veremos que ser Profeta é, antes de tudo, um dom de Deus e uma resposta humana. 

A missão profética não é iniciativa da Igreja, tão pouco nossa, mas do Espírito Santo.

Os Profetas surgem onde e quando menos esperamos. Com a consciência da unção divina, une culto à prática da justiça, de modo que é constituído por Deus “para arrancar e demolir, para destruir e abater, para edificar e plantar (Jr 1,10)”.

Sua ação é fruto de um encontro decidido, marcante e apaixonado por Cristo, que o torna portador de uma fé convicta, cultivador de profunda intimidade com os Mistérios divinos.

O Profeta é permanente discípulo da escola do Amor. Aprendiz voraz da sabedoria divina do Mestre e de tantos testemunhos dos mártires e Profetas de todos os tempos.

Acolhe a Semente do Verbo antes de anunciá-La! Para falar antes com a vida e depois com as palavras e, assim, sua profecia não seja um alienante contratestemunho; sabe que é preciso cultivar a coerência entre a fé e a vida.

Sabedor da necessária, plena e permanentemente abertura à vontade de Deus: Sua vontade sempre se submete à vontade d’Aquele que o seduziu.

Compromissado com a vida do povo simples é anunciador de uma redenção radical, levando-o a purificação de todas as suas infidelidades em contínuo processo de conversão do coração, correspondendo de maneira incansável aos desejos divinos.

Não há profecia se não for o Profeta um homem de fé! Devendo estar em permanente processo de amadurecimento e acrisolamento da mesma, que vai conferi-lo e revesti-lo de autoridade divina, impossibilitando-o de se enamorar com o autoritarismo, seja de que ordem for. A vocação profética desperta no coração do Profeta uma inquietude missionária!

Ele sabe que é preciso rezar todos os dias para manter acesa a chama do profetismo em seu ministério, renovando sempre a conduta de outrora, com invejável vigor (cf. Ap 2,5).

Num mundo marcado pelas relações interesseiras, o Profeta é  sinal e testemunha da gratuidade do Amor divino, por isto sabe que precisa se alimentar na oração e na escuta da Palavra de Deus, em diálogo aberto e sincero, confiando a Deus suas inquietações, angústias, preocupações, alegrias, certezas, esperanças... Muitas vezes confrontando com realidades de tristeza e desolamento, o profeta deve irradiar e testemunhar a alegria de ser Igreja, santa e pecadora, tudo fazendo para torná-la mais santa e servidora, em incontestável fidelidade ao Senhor...

A voz do Profeta é como a voz de Deus no aqui e agora... Sempre em constante sintonia e abertura para captar o sopro do Espírito, agindo como mediador e porta-voz de Deus.

Portanto, saberá calar para que a voz de Deus possa ressoar, terá uma voz intrépida a denunciar o que contraria e uma voz incansável a anunciar o mundo querido por Deus.

Por ser voz de Deus, é aquele que fala em nome de Deus! E muito mais, Deus através dele fala!

Deve, pois, falar com a autoridade d’Aquele que o envia. Portanto, precisa saber escutar, aprender e acolher a voz de Deus, para que todo povo tenha vida.

O Profeta, num mundo marcado por ruídos e barulhos ensurdecedores, é o homem do silêncio que gera o novo. Num mundo em que se semeiam mentiras e contravalores, mensagens supérfluas e tão frágeis, tão passageiras, o Profeta é mensageiro de um anúncio que não envelhece, não perde a pertinência e atualidade, não lhe sendo permitido escolher lugar, tempo e missão, porque a iniciativa é de Deus.

O Profeta não é alguém que fica nas nuvens...
Mas, com os pés fincados na realidade e nas asas do
Espírito age num lugar concreto, no quotidiano da vida...

Precisa-se de Profetas! (Parte IV)

                                                            

Precisa-se de Profetas! 
O Profeta é o poeta que sonha...

Precisa-se de Profetas, que são aqueles que sabem dar a ousada e necessária resposta aos desafios de cada tempo.

E o Profeta sabe em quem confiou:
“O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei?” (Sl 27,1)

Por isto arrisca a vida contra toda incompreensão, solidão, abandono, perseguição; jamais se deixando intimidar na luta incansável contra a idolatria, empenhando-se na luta pela libertação integral da pessoa e de todas as pessoas... Jamais se deixará devorar pelas estruturas de morte que devoram a vida.

Num mundo em que muitos já não têm esperança (alguns falam em “hopelessness”), o Profeta é, por excelência, homem da esperança divina contra toda falta de esperança humana.

Pessoa humana concreta, com paixões, sentimentos, limitações... Possui uma sexualidade integrada e integradora, possibilitando que esteja bem consigo e com todos.

A conjuntura atual está sempre na mente e no coração do Profeta! Portanto, o Profeta deve buscar respostas para os desafios, não se conformando diante destes, procurando a libertação de todo mal, de toda e qualquer forma de eliminação da vida...

Diante de práticas e mentalidades de banalização e violação da vida, o Profeta não deixa perder o valor sagrado da vida diante dos avanços da biotecnologia...

Ama e defende a vida, desde a concepção até seu declínio natural. Preocupado e desejoso de um futuro promissor, o Profeta sabe o quanto é preciso investir na educação e conscientização das crianças e juventude, sendo assim, compromete-se com a juventude que se degrada e se elimina: “juventude uma opção que não podemos deixar de fazer”.

Sua missão exige dinamismo invejável para promover o cortejo da vida: caminho da esperança, ressurreição, transformação do choro de morte na alegria da vida...; em contraposição aos cortejos de morte: sem esperança, fome, analfabetos, excluídos, drogados, vazios de sentido existencial, relativismo, etc., para que sua profecia chegue à alma daquele que o ouve...

O Profeta é o poeta que sonha... Mas que não sonha só,
Porque é parte de um povo que a Deus se consagra.

Como poeta, escreve a poesia e o canto de um
Mundo Novo, onde todos possam viver
como irmãos e filhos de um mesmo Pai.

O Paraíso é possível (28/11)

O Paraíso é possível

Como se pudéssemos visitar o Paraíso nos primeiros dias da criação, e acompanhar atentamente a obra do Criador, por meio do qual tudo foi criado, na plena comunhão com o Espírito, por um momento apenas.

Veríamos os primeiros dias se sucedendo, e cada criatura, espaço, tudo criado na mais perfeita harmonia, e a obra completa, quando criado o primeiro homem, do barro e com o sopro divino, e a mulher tirada do seu lado, osso dos ossos do homem criado, ambos imagem do Criador, acompanhado da exultação do Criador vendo que tudo era muito bom.

Como se pudéssemos ainda lá permanecer, não repetiríamos o primeiro pecado de nossos pais, que quiseram ser como deuses, comendo do fruto da árvore proibida?

Não seríamos devorados de inveja como o primeiro fratricida, derramando sangue de um inocente?

Muito mais do que uma realidade plausível, as primeiras páginas do Livro Sagrado nos desafiam a reinventar a condição humana, repensar e rever as relações entre nós, para que voltemos a gozar da alegria, da harmonia, da amizade, da perfeição do início da criação.

Não fincar âncoras no passado do Paraíso, como estéril lembrança, mas lançar nosso barco em águas mais profundas, com a certeza de que o Senhor nele se encontra, para que avancemos, apesar de ventos contrários, ao encontro da alegria plena, da vida, e, por fim, da eternidade.

A melhor concepção de Paraíso que podemos ter, é como um projeto que nos desafia e que requer de nós todos empenho incansável, sem perda de tempo, dado que este é irreversível.

O Paraíso é possível quando  renovamos nossa fidelidade, amizade e intimidade com Deus Uno e Trino, que nos criou para nos amar, e deliciosamente conosco se relacionar, dialogar, e por que não, brincar, ainda que pareça estranha esta possibilidade, talvez porque vivemos num mundo marcado pela maldade, insano mal humor, que um dia há de ser varrido das páginas escritas no quotidiano.

O Paraíso é possível quando, de fato, o Senhor for nosso Caminho que nos conduz ao Pai, e que, inevitavelmente, nos conduz também ao encontro do outro, como Ele próprio expressou no maior Mandamento do Amor a Deus, sem divorciá-lo do amor ao próximo.

O Paraíso é possível quando não fugirmos por atalhos que nos distanciam de Deus, pois este distanciamento é o encontro com a própria infelicidade, a não realização; vazio absurdo, escuridão e desolação.

O Paraíso é possível quando não trocarmos a via estreita da cruz, pelas largas estradas que o mundo oferece das felicidades ilusórias, verdades transitórias, porque relativas, prazeres sem compromisso que não emanam da autêntica fonte da felicidade, do consumismo que não preenche, ao contrário, nos consome, nos esvaziando do belo, do brilho, do encantamento; das inúmeras estradas que fomentam o individualismo, arrivismo, inveja, competição, fundamentalismos, fanatismos, preconceitos, atitudes prometéicas...

O Paraíso é possível quando enveredamos não por ruas estreitas da desesperança, insalubres, funestas, violentas, manchadas de sangue, mas pelas alamedas da fé, com raízes fincadas nas entranhas de nosso coração.

Deste modo se abrirão avenidas largas da esperança com horizontes bem próximos de maior comunhão, amizade, fraternidade, sem quaisquer resquícios e sombra da maldade, que turva e polui as águas límpidas que banham a alma de quem tem fé.

Nossa esperança, nutrida pela Seiva do Espírito que conduz e ilumina a história, possibilitará que floresçam e frutifiquem saborosos frutos que nos fazem acreditar no gosto indizível do amor, que nossos pais trocaram pelo fruto proibido, da ciência, do bem e do mal, mas tão longe e vazios do mais pleno, belo e verdadeiro Amor: o Amor de Deus.

O Paraíso é possível, sem saudades estéreis, mas com renovados, sagrados e incansáveis compromissos com a Boa-Nova do Reino que o Senhor veio semear em nossos corações, chão fértil, assim o seja, abertos ao Divino Semeador e Sua Sagrada Semente: Sua Palavra.

A Sagrada Escritura, do primeiro Livro (Gênesis) até o último (Apocalipse), lida, meditada, fonte de Oração, acompanhada da contemplação, nos levará a humanas e, por que não, sagradas ações, para que o novo céu e a nova terra sejam alcançadas.

Peregrinamos reinventando o Paraíso em busca de novos céus e nova terra porque temos fé; cultivamos a esperança e tornamos tudo isto credível pelo empenho em viver a maior de todas as virtudes que jamais passará: a caridade, como nos falou o Apóstolo Paulo (1 Cor 13, 1-13).

Correspondamos à fidelidade e ao amor de Deus

 


Correspondamos à fidelidade e ao amor de Deus

Como discípulos missionários do Senhor, reflitamos sobre o batismo, o acontecimento capital de nossa vida, o grande milagre da nossa vida, que antes de ser um compromisso com a Trindade Santa, é sempre um ato de amor para com a humanidade, à luz da passagem do Livro do Êxodo (Ex 14,5-18) – “Saberão que Eu sou o Senhor, quando Eu for glorificado às custas do Faraó” (cf. Ex 15,17).

Oremos

Senhor Deus, pusestes à prova o Seu povo, que começou a sequência de infidelidades, mas jamais o abandonaste, porque é próprio de quem ama, não abandonar o amado.

Por amor, quisestes levá-lo à liberdade, mas fostes esquecido, e à infidelidade respondeste com fidelidade, pois tens uma Palavra somente, Palavra que jamais retirais, pois irrevogável.

Senhor Deus, contemplo a história do êxodo como a história de nossa libertação e de renovada escravidão; uma história de fidelidade e infidelidade, atos de obediência e rebeldia, em que esperais sempre retorno e pronto a nos acolher.

Senhor, Deus, que viveis em comunhão com Filho e o Espírito Santo, nós Vos glorificamos e damos graças, pois pelo Batismo nos concedeis a graça de nos tornarmos cristãos, membros ativos de uma Igreja verdadeiramente Sinodal, caminhando sempre juntos, a serviço do Vosso Reino. Amém.

 

 

Fonte: Missal Cotidiano -Editora Paulus – p.1046

Permaneçamos fiéis até o fim

                                                    

Permaneçamos fiéis até o fim

 “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo,
mas não podem matar a alma!”

Reflexão à luz das passagens do Evangelho de Mateus (Mt 10,16-23; Mt 10,24-33), em que Jesus envia os discípulos em missão como ovelhas para o meio de lobos.

Exorta para que sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas, acompanhado de outras exortações, concluindo com o imperativo para que os discípulos permaneçam fiéis até o fim, vencendo as provações, perseguições, e tão somente assim serão salvos.

Refletimos sobre a solicitude e o Amor de Deus para com aqueles que Ele chama e envia em missão, uma vez que a perseguição está sempre presente no horizonte dos discípulos de Jesus.

Assim aconteceu com Jeremias e tantos outros profetas (Jr 20, 10-13). O Profeta Jeremias sofreu o abandono dos amigos, o sofrimento, a solidão e a perseguição, por isto é um paradigma do Profeta sofredor, que merece ser lembrado para nos inspirar e fortalecer na caminhada de fé e no testemunho da vocação profética.

Este fez forte apelo à conversão e a fidelidade a Javé e à Aliança, num período, da história do Povo de Deus, marcado por desgraças, infidelidade e injustiça social.

Por sua veemência e fidelidade, Jeremias é chamado de o “amargo Profeta da desgraça” e é acusado de traidor. Sua missão tem um alto preço pago: o abandono e a solidão. Ele é tratado como objeto de desprezo e de irrisão e tido como um maldito, porque não é aceita e compreendida sua mensagem em nome de Javé.

Encontramos no Livro desabafos seus, expressando desilusão, amargura, queixas, confissões e frustração, mas mantém-se fiel, porque estava verdadeiramente apaixonado pela Palavra de Deus.

Apesar do abandono experimentado, até dos amigos mais íntimos, eleva hino de louvor, que expressa confiança em Deus, para além de todo o sofrimento e perseguição.

Bem sabemos que o caminho do Profeta é marcado pelo risco da incompreensão e da solidão, e precisamos de coragem para trilhar este caminho, com a certeza e confiança de que Deus jamais nos abandona.

Portanto, ontem e hoje, os discípulos missionários precisam superar toda a forma de desânimo e frustração decorrentes das perseguições, e nestes versículos assim como nos versículos sucessivos  encontramos uma espécie de “manual do missionário cristão”, que consiste no “discurso da missão” – “Para mostrar que a atividade missionária é um imperativo da vida cristã. Mateus apresenta a missão dos discípulos como a continuação da obra libertadora de Jesus” (1).

Três vezes aparece a expressão “Não temais”, assegurando a presença, ajuda e proteção divina para superação do medo que impeça a proclamação da Boa Nova; o medo da morte física; e neste medo se pode experimentar a solicitude de Deus, um cuidado que desconhece limites.

A mensagem é que a vida em plenitude é para quem enfrentar o medo, na fidelidade, até o fim. O medo não pode nos deixar acomodados.

A ternura, a bondade e a solicitude divina são imprescindíveis, pois fortalecem na missão. É preciso se entregar confiadamente nas mãos de Deus:

“Jesus encoraja os Seus discípulos a alargar o horizonte da vida e a avaliar os riscos vividos por Sua causa, no contexto mais amplo da vida com Deus, da vida eterna.

O cristão é chamado a viver na confiança de que o Pai não o abandona nas mãos dos perseguidores (v.28), que a sua vida, a sua salvação custou o Sangue do Filho e tem por isso, aos Seus olhos, um valor imenso (vv. 29-31).

A fidelidade e a confiança no Senhor serão recompensadas por aquele ‘reconhecimento’ que já se manifestou na Ressurreição de Cristo” (2).

No testemunho da fé, é possível a perseguição, portanto é necessária a confiança. Anunciar e testemunhar a Boa-Nova é não deixar que o medo nos paralise, pois o medo nos impede de sermos autênticos discípulos missionários:

“O cristão não é chamado a procurar o martírio como prova da sua fé, mas a viver constantemente a vida com os olhos fixos no Alto, isto é, a alargar aquele horizonte que hoje, mais do que nunca, tende a fechar-se no círculo dos benefícios desfrutáveis, aqui e agora.” (3)

Também nós precisamos ouvir a todo instante – “Não tenhais medo”. É preciso que a Palavra de Jesus ressoe em nossos ouvidos e fique entranhada no mais profundo de nosso coração:

“Impressiona a história de tantos mártires cristãos, antigos e atuais, que escolheram o caminho da coerência e da fidelidade ao Senhor a custo da própria vida.

É com eles que nos encontramos na Comunhão dos Santos, vivida, sobretudo, na Celebração Eucarística; uma companhia que a comunidade dos crentes gosta de ter ao seu redor, mesmo com as pinturas, os afrescos, os mosaicos que adornam as nossas Igrejas (hoje reduzidas muitas vezes a belas obras que se admiram em igrejas-museu) expressões artísticas surgidas para tornar humanamente visível o que vivemos na fé.” (4)

Considerando a nossa realidade existencial, marcada pela fragilidade, portanto, ela é necessitada da força e intervenção divina.

Urge que, como cristãos, levantemos o olhar para a vida a que Cristo nos chama, ou seja, “viver a força de contestação profética que viveu Jeremias, que Jesus levou perante as autoridades judaicas e romanos e conduziu os Apóstolos ao martírio.

É na relação íntima e comunitária que vivemos com  Deus, no desejo de sermos reconhecidos por Ele que se reforça a adesão a Cristo e ao seu Evangelho, com a esperança libertadora de vivermos confiando no Pai.” (5)

Oremos:

“Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de Vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no Vosso amor. Por N. S. J. C. Amém.”



(2) (3) (4) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - p. 560.
(5) Idem p. 561.

PS: Oportuno para celebrarmos a Festa de Santo Estêvão - 26 de dezembro em que se proclama a passagem do Evangelho de  Mateus (Mt 10,17-22).

“Pai, nunca mais longe de Ti”

                                                            


“Pai, nunca mais longe de Ti”

“Serei como orvalho para Israel; 
ele florescerá como o lírio e lançará raízes como plantas do Líbano. 
Seus ramos hão de estender-se; 
será seu esplendor como o da oliveira 
e seu perfume como o do Líbano” (Os 14,6-7)

Sejamos enriquecidos por este Comentário do Missal Cotidiano, sobre a passagem do Profeta Oseias (Os 14,2-10):

“Deus é o amor que previne, antecipa Sua intervenção, manifesta Seu perdão antes mesmo que os filhos Lho peçam. O que Lhe interessa é que os filhos sejam salvos, voltem a Ele, reencontrem o caminho certo...

É de se perguntar se não configuramos Deus como um juiz prestes a proferir sentença de morte e se por ventura sentimos a necessidade de nos abandonar nos braços do Pai, para lhe dizer com imenso amor: ‘Pai, nunca mais longe de Ti’”.   (1)

Oremos:

“Pai, nunca mais longe de Ti”.
Pai, nunca mais longe do Teu amor imensurável por nós.
Pai, nunca mais ídolos ocuparão Teu lugar e jamais adorá-los.
Pai, nunca mais infidelidade a Tua Aliança de Amor conosco.
Pai, nunca mais indiferença ao teu orvalho de amor sobre nós.
Pai, nunca mais a surdez à Tua Palavra, luz para nossos passos.
Pai, nunca mais crer nas forças que passam, pois só Tu tens poder.

Pai, para sempre contigo e com Teu Amado Filho e o Santo Espírito.
Pai, para sempre mergulhado no mar imenso de Teu amor.
Pai, para sempre envolvidos pela Tua imensa misericórdia.
Pai, para sempre entrelaçados e abraçados pelos laços de Tua ternura.
Pai, para sempre Te amar, nos passos do Teu Filho, com o Espírito de Amor.
Pai, para sempre no seguimento de Teu Filho, a cruz com fé carregar.
Pai, para sempre, com Teu Reino, comprometidos seremos.

Nunca mais longe do Pai.
Nunca mais longe do Filho.
Nunca mais longe do Espírito.
Nunca mais longe do Amante, Amado e Amor.
Nunca mais longe de Teu Evangelho.
Nunca mais longe dos pequeninos e pobres, Teus amados.
Nunca mais longe de Tua amada Igreja que somos. Amém.


(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1995 – p.1010

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