sexta-feira, 7 de junho de 2024

Festa ao Sagrado Coração de Jesus (SCJ)

                                                                      

Festa ao Sagrado Coração de Jesus

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem a sua origem na própria Sagrada Escritura.

No Antigo Testamento:

Ezequiel 34,11-16 – Deus cuida do Seu rebanho.
Ezequiel 11,19-20 – Tirarei o coração de pedra e colocarei um coração de carne.

No Novo Testamento:

Mateus 11,25-30 – Jesus é manso e humilde de coração.
Lucas 15 – O Coração de Deus é Fonte de Misericórdia.           
João 19,31-37 – O Coração de Jesus é transpassado pela lança e jorra Sangue e Água: Sacramentos da Igreja – Batismo e Eucaristia

O coração é um dos modos para falar do infinito Amor de Deus por nós, e este Amor encontra seu ponto alto com a vinda de Jesus.

A devoção ao Sagrado Coração de um modo visível aparece em dois acontecimentos fortes do Evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na Cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34).

Em um, temos o consolo pela dor da véspera da Sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.

Estes dois exemplos do Evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus feito em 1675 a Santa Margarida Maria Alacoque:

“Eis este Coração que tanto tem amado os homens... não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças...

Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma Festa especial para honrar o meu Coração, comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares; e prometo-te que o meu Coração Se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.”

O Papa João Paulo II sempre cultivou esta devoção, e a incentiva a todos que desejam crescer na amizade com Jesus.

Em 1980, no dia do Sagrado Coração, afirmou:

“Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, em torno do Mistério do Coração de Cristo.

Quero hoje dirigir juntamente convosco o olhar dos nossos corações para o Mistério desse Coração. Ele falou-me desde a minha juventude. Cada ano volto a este Mistério no ritmo litúrgico do tempo da Igreja.”

Portanto, faz parte da tradição da Igreja esta Devoção inspirada pela Monja Santa Margarida Maria Alacoque, que nasceu em 1647 e morreu em 1690, e o Movimento do Apostolado da Oração encontra-se pelo mundo inteiro.

Esta devoção ao Sagrado Coração de Jesus está em estreita relação com a Eucaristia, e fortalece nossa fé, esperança e caridade.
        
Vejamos as consequências de uma autêntica devoção ao Sagrado Coração de Jesus:

- fortalece o amor à Igreja e às Comunidades.
- são sempre alimentados do Amor de Deus;
- leva à paixão e compromisso com os pobres, e estes tem lugar todo especial;
- fortalece o profetismo;
- exige o engajamento nas diversas pastorais e movimentos;
- torna-se participante da construção de um mundo novo.

Deste modo, não basta ter apenas Deus dentro de nosso coração, mas estar sempre dentro do Coração de Deus, de tal forma que, quando cumprimos a Lei maior de Deus que é o amor a Ele e ao próximo estamos no coração de Deus e Deus em nosso coração.

Concluindo, o Coração de Jesus é o templo do Espírito Santo que faz de nós também Seu templo, e urge fazer o nosso coração semelhante ao Coração de Jesus, aperfeiçoando a prática do Mandamento do Amor, com a intensificação de nossa devoção e contemplação do Coração de Jesus, a fim de que tal modo, vivamos uma espiritualidade essencialmente Eucarística.

Oportuno, portanto, iniciar ou fortalecer o Apostolado da Oração em nossas Paróquias.

Num mundo marcado, muitas vezes, 
pela frieza, indiferença e anonimato 
o Coração de Jesus é para nós
Fornalha Ardente de Caridade.

Acorramos à Divina Fonte (SCJ)

                                                                 

Acorramos à Divina Fonte

Na Celebração da Festa do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja nos propõe, na segunda Leitura do Ofício das Leituras, um trecho das Obras do Bispo São Boaventura (Séc. XIII), em que ele nos apresenta Jesus como a fonte de vida para a humanidade.

Considera, ó homem redimido, quem é Aquele que por tua causa está pregado na Cruz, qual a Sua dignidade e grandeza.

A Sua morte dá a vida aos mortos; por Sua morte choram o céu e a terra, e fendem-se até as pedras mais duras.

Para que, do lado de Cristo morto na Cruz, se formasse a Igreja e se cumprisse a Escritura que diz:

‘Olharão para Aquele que transpassaram’ (Jo 19,37), a divina Providência permitiu que um dos soldados lhe abrisse com a lança o sagrado lado, de onde jorraram Sangue e Água.

Este é o preço da nossa salvação. Saído d'Aquela fonte divina, isto é, no íntimo do Seu Coração, iria dar aos Sacramentos da Igreja o poder de conferir a vida da graça, tornando-se para os que já vivem em Cristo Bebida da fonte viva que jorra para a vida eterna (Jo 4,14).

 Levanta-te, pois, tu que amas a Cristo, sê como a pomba que faz o seu ninho na borda do rochedo (Jr 48,28), e aí, como o pássaro que encontrou sua morada (cf. Sl 83,4), não cesses de estar vigilante; aí esconde como a andorinha os filhos nascidos do casto amor; aí aproxima teus lábios para beber a água das fontes do Salvador (cf. Is 12,3).

Pois esta é a fonte que brota no meio do paraíso e, dividida em quatro rios (cf. Gn 2,10), se derrama nos corações dos fiéis para irrigar e fecundar a terra inteira.

Acorre com vivo desejo a esta fonte de vida e de luz, quem quer que sejas, ó alma consagrada a Deus, e exclama com todas as forças do teu coração:

‘Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da luz eterna, vida que vivifica toda vida, luz que ilumina toda luz e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da Vossa divindade. 

Ó eterno e inacessível, brilhante e suave manancial d'Aquela fonte oculta aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limite, amplidão sem medida, pureza sem mancha!’

De Ti procede o rio que vem trazer alegria à cidade de Deus (Sl 45,5), para que entre vozes de júbilo e contentamento (cf. Sl 41,5) possamos cantar hinos de louvor ao Vosso nome, sabendo por experiência que em Vós está a fonte da vida, e em Vossa luz contemplamos a luz (Sl 35,10).”

Nesta Divina Fonte de Amor, bebemos da água cristalina do Amor, que jamais termina, mesmo quando parece terminar nossas forças para trilhar o caminho da fé.

Nesta Divina Fonte de Amor, bebemos da água cristalina do Amor, para que a secura de nossa alma, por vezes experimentada, seja novamente “hidratada”, e assim possamos avançar no horizonte da esperança que se dilata, amplia, redimensiona.

Nesta Divina Fonte de Amor, bebemos da água cristalina do Amor, e não apenas, também participamos do Altar em que Ele Se faz verdadeiramente Comida e Bebida para nos revigorar, e o Mandamento Maior que nos ordenou, ao mundo anunciar, testemunhar.

A esta Divina Fonte de Amor acorramos, fome e sede jamais teremos; senão a sede e fome de justiça, de ver acontecer um novo céu e uma nova terra, porque discípulos missionários do Senhor, que esta sede, no Sermão da Montanha, proclamou: “Bem-Aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5, 6).

À esta Divina Fonte sempre acorramos, sem demora, porque tão apenas n’Ela encontramos a Fonte inesgotável e indizível de Amor. 

O Sacratíssimo Coração e o Santíssimo Sacramento (SCJ)

                                                   

O Sacratíssimo Coração e o Santíssimo Sacramento

Celebraremos a Festa do Sagrado Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade; um coração trespassado do qual jorrou Sangue e Água, prefigurando nosso Batismo e a Eucaristia, nosso salutar Alimento de eternidade.

Retomemos a reflexão de Dom Murilo, recente e muito oportuna para esta Festa:

“1ª pergunta: O que Jesus Eucarístico nos oferece?
Ele nos oferece um caminho de vida e de espiritualidade.

Lemos no livro do Deuteronômio: “Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor teu Deus te conduziu” (Dt 8,2).

Para Moisés, a peregrinação dos hebreus pelo deserto, ao longo de quarenta anos, serviu para o Senhor por Seu povo à prova, saber o que tinha no coração e se observaria ou não os Mandamentos Divinos.

Essa longa travessia tornou-se uma referência para todos que viveram no Antigo Testamento. Pouco a pouco, o povo escolhido foi tomando consciência de que a causa de sua desgastante e a cansativa peregrinação foi o esquecimento de Deus.

Quando o Senhor é esquecido, multiplicam-se, imediatamente, bezerros de ouro, que passam a ser adorados.

Séculos depois, Jesus se apresentaria como “caminho” (“Eu sou o caminho...”).

Nos Atos dos Apóstolos, por cinco vezes aparece essa palavra para expressar a Projeto de vida apresentado por Jesus. Ser Seu discípulo é seguir o Caminho.

Atualmente, somos convidados a nos lembrar de que nas estradas que percorremos há “Alguém” que nos acompanha, mesmo que, como aconteceu com os discípulos de Emaús, Sua presença não seja logo percebida.

Na Eucaristia, Jesus nos convida a nos unirmos a Ele. Porque sabe que sozinhos não iremos longe, Ele nos oferece “o Pão descido do céu” (Jo 6,5). Ele próprio é esse Pão.

É um privilégio receber como Alimento o próprio Filho de Deus – privilégio e graça. Afinal, só Ele pode nos dar o perdão dos pecados, a salvação e a vida eterna. Desgraça suprema é viver eternamente longe de Deus.

2ª pergunta: O que Jesus Eucarístico espera de nós?
“Não te esqueças do Senhor teu Deus que te fez sair do Egito!”, lemos no Deuteronômio (8,14).

Pecar é esquecer-se de Deus; é construir uma vida sem referência a Ele; é ignorar Seus Mandamentos; é seguir um caminho próprio. Em nossa época, mais e mais secularizada, pretende-se justamente isto: construir um mundo sem referência ao Criador.

A participação na Eucaristia exige de nós uma abertura para o outro: não podemos amar a Deus, que não vemos, se não amamos o irmão que está ao nosso lado.

Somos chamados a buscar a unidade entre nós, pois o mesmo Cristo que nos alimenta e nos transforma, alimenta e transforma nossos irmãos:

“Porque há um só Pão, nós todos somos um só corpo” (1Cor 10,17). Não podemos ficar indiferentes às divisões em nossa família e em nossas comunidades. Tais divisões nascem do egoísmo, do ciúme e do ódio ciosamente guardado nos corações.

Quem recebe o Senhor deve viver segundo Seus Ensinamentos, acolher quem é amado por Ele e ter sentimentos que Ele possa ter em nós.

3ª pergunta: O que podemos oferecer a Jesus Sacramentado?
Podemos lhe oferecer nossa acolhida: Jesus, esta cidade é Tua. Entra na casa de cada filho e filha desta cidade; também na casa daqueles que não Te conhecem e, por isso, não Te amam!

Somos chamados a lhe oferecer nosso coração: Jesus, meu coração é Teu. É inconstante, é pobre, mas é o que tenho. Toma conta dele e transforma-o segundo o Teu coração, manso e humilde!

Mais do que tudo, devemos adorá-Lo no Santíssimo Sacramento, unindo-nos a todos aqueles que, ao longo dos 465 anos da história desta cidade, O adoraram.” (1)

Como estabelecer imediatamente a relação da Eucaristia com o Sagrado Coração de Jesus, a partir das três questões apresentadas:

- O que Jesus Eucarístico nos oferece?
- O que Jesus Eucarístico espera de nós?
- O que podemos oferecer a Jesus Sacramentado?

Celebrando a Festa do Sagrado Coração de Jesus, reflitamos:

- O que O Sagrado Coração de Jesus nos oferece?
- O que O Sagrado Coração de Jesus espera de nós?
- O que podemos oferecer ao Coração de Jesus?

Ao concluir, repitamos com o coração sintonizado com o mais belo Coração:

- “Jesus, manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao Vosso”; e ainda:

- “Sagrado Coração de Jesus, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso”.

  

(1) Reflexão feita pelo Arcebispo de Salvador, Dom Murilo S. R. Krieger,  quando da realização da Festa de Corpus Christi - (2014).

Que ela nos ensine a mergulhar no Coração de Jesus! (SCJ)

                                                 

Que ela nos ensine a mergulhar no Coração de Jesus!

A Monja Santa Margarida Maria Alacoque nasceu em 1647 e morreu em 1690, e foi grande inspiradora da devoção ao Sagrado Coração de Jesus que há muito já fazia parte da tradição da Igreja. Para que o Movimento do Apostolado da Oração fosse espalhado pelo mundo inteiro, a ela pode-se creditar boa parte.

Com sua colaboração, devido às revelações recebidas, contemplamos a estreita relação entre o Sagrado Coração de Jesus e a Eucaristia, de modo que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus leva,  inevitavelmente, ao fortalecimento da fé, esperança e caridade.

O coração é um dos modos para falar do infinito Amor de Deus pela pessoa humana, obra de Sua criação, fruto do Seu amor, nascido das entranhas de Seu coração, e da mesma forma redimidos pela Água e Sangue que do Seu coração jorrou abundantemente. Não há dúvida de que este Amor encontra seu ponto alto com a vinda de Jesus.

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem a sua origem na própria Sagrada Escritura.

No Antigo Testamento encontramos: Ezequiel 34,11-16: Deus cuida do Seu rebanho; Ezequiel 11,19-20: Tirarei o coração de pedra e colocarei um coração de carne.

Outras passagens do No Novo Testamento:
Mateus 11,25-30: Jesus é manso e humilde de coração;
Lucas 15: O coração de Deus é fonte de Misericórdia.

Dois momentos fortes do Evangelho merecem ênfase:

O gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na Cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,31-37): O Coração de Jesus é transpassado pela lança e jorra Sangue e Água: Sacramentos da Igreja – Batismo e Eucaristia.

No primeiro, o consolo pela dor da véspera da Sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.

Estes dois exemplos do Evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus feito em 1675 a Santa Margarida Maria Alacoque:

“Eis este Coração que tanto tem amado os homens... não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças...

... Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o meu Coração, comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares...

... E prometo-te que o meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu Divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.”

O Papa São João Paulo II sempre cultivou esta devoção, e a incentiva a todos que desejem crescer na amizade com Jesus. Em 1980, no dia do Sagrado Coração, afirmou:

“Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, em torno do Mistério do Coração de Cristo. Quero hoje dirigir juntamente convosco o olhar dos nossos corações para o mistério desse Coração. Ele falou-me desde a minha juventude. Cada ano volto a este mistério no ritmo litúrgico do tempo da Igreja.”

Uma devoção autêntica ao Coração de Jesus faz brotar no coração santas atitudes e compromissos:

Crescimento notável do amor pela Igreja; os pequenos e pobres têm lugar todo especial; procura-se alimentar constantemente do amor de Deus, de modo privilegiado na Eucaristia; há a necessidade do recolhimento, do silêncio diante do Augustíssimo Sacramento; fortalecimento do profetismo; torna-se imperativo o engajamento nas diversas pastorais e movimentos; empenho decidido na participação da construção de um Mundo Novo; não se contentar em ter Deus dentro do coração apenas, mas estar sempre dentro do coração de Deus; tornando-se autêntico e apaixonado discípulo missionário do Senhor.

Finalizando, o Coração de Jesus é o templo do Espírito Santo que faz de nós também Seu templo – somos templos do Espírito Santo. Num mundo marcado muitas vezes pela frieza, indiferença e anonimato o Coração de Jesus é para nós fornalha ardente de caridade.

Urge fazer o nosso coração semelhante ao Coração de Jesus, aperfeiçoando e aprofundando a prática do Mandamento do Amor; intensificando nossa devoção e contemplação do Coração de Jesus; aprofundando nossa espiritualidade essencialmente Eucarística e, porque não dizer, participando do Apostolado da Oração.

A devoção ao Sagrado Coração é o empenho no pleno cumprimento da Lei maior do Amor de Deus que é o amor a Ele e ao próximo, somente assim estaremos no Coração de Deus e Ele em nosso coração. 

PS: Santa Margarida Maria Alacoque - Memória celebrada dia 16 de outubro

Tríplice face da misericórdia divina (SCJ)


Tríplice face da misericórdia divina

Aprofundemos sobre a Festa do Sagrado Coração de Jesus.

Passagens bíblicas: Ez 34,11-16; Sl 22,1-6; Rm 5,5b-11; Lc 15,3-7

Reflitamos sobre a tríplice face do amor de Deus à luz da Palavra proclamada.

Amor que procura: a misericórdia de Deus se manifesta no amor que procura, como vemos na Parábola da ovelha extraviada, no Evangelho proclamado.

Assim é o amor de Deus, que veio nos procurar, quando ainda estávamos perdidos. Veio procurar para nos carregar em Seus ombros, e assim o fez, quando o Filho carregou a Cruz da Redenção da Humanidade.

Deus continua nos procurando, para nos amar, para conosco Se relacionar, numa amizade que fora no Paraíso rompida e perdida, mas pelo Filho, no Sangue derramado, reconquistada e para sempre vivida.

Amor que cuida: assim lemos e refletimos na primeira leitura. Deus mesmo vem por meio do Seu Filho, o Bom Pastor do rebanho, que pareciam ovelhas perdidas e abandonadas, sem pastor.

Assim é o amor de Deus que veio cuidar de nossas fragilidades, curar as feridas da alma, e nos fortalecer com o Pão da Vida, Sangue no Cálice da Nova e Eterna Aliança, antídoto para não morrermos, remédio de imortalidade.

Deus continua cuidando de nós, colocando pastores à frente da comunidade; suscitando ministros ordenados, consagrados e consagradas; cristãos leigos e leigas, com o Reino mais que comprometidos, em tantas pastorais, movimentos e organizações.

Amor que renova: amor que nos foi derramado pelo Espírito, que o Pai enviou em nome de Jesus, como Ele mesmo prometera aos Seus discípulos, quando com eles caminhava, e para o apostolado os preparava.

Assim é o amor de Deus, que veio nos renovar, do pecado nos reconciliar, e assim, de coração purificado, vínculos mais estreitos e fortes, laços indestrutíveis de amor fortalecer, para que a luz divina possamos resplandecer.

Deus continua nos renovando na Mesa da Eucaristia que participamos, no Sacramento do Perdão que celebramos e vivenciamos, em cada gesto de amor e acolhida, que em relação ao próximo, generosamente, multiplicamos.

Agradeçamos ao amor do Deus Uno e Trino, Mistério imenso e indizível de amor. Mergulhemos no mar infinito do Seu amor, que contemplamos e encontramos nas chagas abertas do Cristo Redentor, a quem damos toda a honra, glória, poder e louvor.

Contemplemos e bebamos do jorrar abundante de água e sangue, Mistério do Batismo e da Eucaristia prefigurados, de onde nascemos, somos alimentados, e para sempre eternizados, e na comunhão dos céus, um dia esperamos ser acolhidos.

Ressuscitemos o silêncio! (SCJ)


Ressuscitemos o silêncio!
Silêncio diante do Coração de Jesus

Na Liturgia da Palavra da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, contemplamos o imensurável amor de Deus por nós.

Na passagem da primeira leitura (Dt 7,6-11), contemplamos o amor de Deus em aliança de misericórdia, fazendo-nos Seu povo preferido, com o compromisso de corresponder a Ele na prática dos Mandamentos Divinos e decretos prescritos.

O Salmo nos apresenta um refrão de indescritível beleza: “O Amor do Senhor Deus por quem O teme, é de sempre e perdura para sempre”.

Na passagem da segunda leitura (1Jo 4,7-16), o Apóstolo João, em sua Primeira Carta, falou que foi Deus quem nos amou primeiro, e somente amando é que o Senhor permanece em nós e nós n’Ele – “e nós conhecemos o Amor que Deus tem para conosco, e acreditamos n’Ele. Deus é Amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com Ele”.

Na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 11,25-30), Jesus, manso e humilde de coração, nos faz o convite: “Vinde a mim vós que estais cansados e fatigados, porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

Muito mais do que falar da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, uma Solenidade como esta leva-nos a provocar a comunidade ao silêncio (sobretudo se consideramos que a palavra coração aparece 853 vezes no Antigo Testamento e 156 no Novo Testamento.

Silêncio... Ressuscitar o silêncio.

Considerando que vivemos numa sociedade que multiplica assustadoramente os ruídos (desnecessário descrevê-los; o leitor bem os conhece e vive esta mesma realidade, sobretudo na cidade). 

Ruídos em nossas ruas e praças, casas e trabalho, escolas e hospitais. Até mesmo onde o silêncio não poderia jamais ser exilado, nos Templos Sagrados e no templo sagrado do coração humano, em nossos cultos e celebrações...

Façamos silêncio diante do Coração trespassado do Senhor, do qual jorrou Sangue e Água, e que um pouco antes o discípulo amado, João, reclinou a cabeça. 

Coloquemos nosso coração em sintonia com o Coração de Jesus, para que ao d'Ele semelhante seja, e contemplemos o que neste Coração encontramos.

Os pobres que foram cumulados de bens, os pecadores que foram perdoados, os paralíticos que foram libertados, os cegos que voltaram a ver a luminosidade de um novo dia, os aflitos que reencontraram o sentido e resposta para suas angústias e inquietações, os pequeninos (Seus privilegiados), os famintos que foram saciados; os discípulos que foram chamados; Sua inseparável Mãe, nós, eu, você...

Ressuscitemos o silêncio da alma.
Façamos silêncio em nosso coração!
Silêncio no mais profundo de nós.
Façamos silêncio para contemplar
as maravilhas de Deus!

A pira e a Fornalha (SCJ)

A pira e a Fornalha

Não são sinônimos para quem crê, para quem tem fé,
Para quem não permite que morram os belos sonhos,
Para quem não deixa que se pulverizem as vitais utopias,
Para quem pela Paixão do Reino se consome avidamente.

Na pira não se queimam mais cadáveres em sacrifício,
Queimam suas atitudes que nos roubam a beleza do viver,
De modo especial, os pecados capitais que nos seduzem:
Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça.

Vejo suas labaredas crepitarem e aos céus subirem,
Como pontas fumegantes alcançando as alturas,
Precedendo às cinzas que dos pecados ficarão
Porque foram tirados das entranhas de nossa alma.

Pira com fogaréu em chamas como línguas de fogo;
Seu fogo por enquanto não poderá ser apagado, 
Sobretudo quando ainda  há os que resistem nela não jogar
Sentimentos de ódio, orgulho, petulância, ambição.

Mas há outra Fornalha para sempre acesa, eu creio,
Fornalha ardente de caridade: o Sagrado Coração de Jesus.
Fogo inextinguível, implacável e imortal em labaredas,
Ao contrário, nos vem dos céus, inflamando nosso coração.

Coração incandescente e eternamente luminoso,
Que nos comunica a luz em sombrias travessias,
Para que não tropecemos no dia ainda que claro,
Mas por vezes escuro pelas reais dificuldades.

Ó Divina Fornalha ardente, também vejo Suas chamas,
Ouço o suave ruído do crepitar de Suas chamas descendo,
Cumulando minha alma dos sete dons, como em Pentecostes:
Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Temor e Piedade.

Viver é fazer escolhas sábias, sem hesitações e letargias;
Nas piras queimarmos o que for necessário para que mais humanos sejamos,
Pela Fornalha ardente do Coração de Jesus sendo inflamados,
Porque somente assim felizes seremos, porque divinamente amados.

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