sexta-feira, 7 de junho de 2024

Meditemos sobre o mais Belo Coração (SCJ)


Meditemos sobre o mais Belo Coração

Em silêncio orante, meditemos:

 “[...] Nosso Senhor permitiu este golpe de lança para chamar a nossa atenção para o Seu Coração, para nos fazer pensar no Seu Amor que é a fonte de todos os Mistérios da Salvação: as promessas do Éden, as profecias e as figuras da antiga lei, a ação providencial sobre o povo de Deus, a encarnação, a vida, os ensinamentos e a morte do Salvador.

A abertura do lado de Jesus é como a fonte que regava o paraíso terrestre, é como a fenda do rochedo que deu a água para saciar o povo de Israel.” (1)

Água e Sangue jorrados do lado aberto do Senhor: Vida e Alimento.



(1) Leão Dehon, OSP 3, p. 367ss. Tradução do Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ - O Coração de Jesus aberto pela lança- Sexta–feira Santa - (Jo 19, 34- 36).

Há muito mais no Coração de Jesus (SCJ)

Há muito mais no Coração de Jesus

Silêncio para esta contemplação...

Silêncio para recuperar as forças na Sagrada Fonte de Seu Coração, torrente de todas as graças que muito precisamos. 

Silêncio para reforçar nossos pés para passos mais dedicados e seguros.

Silêncio para revigorar nossas mãos para amar e servir com maior generosidade.

Silêncio para reforçar os princípios éticos que devem nortear nossa vida.

Silêncio para recuperar o brilho do olhar de nossa fé.

Silêncio para descansar em verdes pastagens que encontramos no Sagrado Coração de Jesus, sobretudo na Sua Palavra e na Eucaristia.

Silêncio para atender ao chamado do Senhor: Vinde a mim vós todos... Como se dissesse – Venham! Façam silêncio! E renovarão o vigor da alma para o bom combate da fé.

Há muito mais neste Coração...
Silêncio para a gratidão.

Quanto temos para agradecer. Muitas vezes percebemos tão facilmente as dificuldades, talvez porque seus ruídos sejam ensurdecedores e emudecedores.

Que não seja eterna a obscuridade das tristezas, como não o é a luminosidade das alegrias. 

Agradeçamos no silêncio de nosso “quarto”.

O que agradecer? 
Será necessário dizer?

Fazer da Eucaristia o que ela é em sua essência: ação de graças a Deus que nos cumula de todos os bens e de tudo o que for necessário, ainda que não percebamos, ainda que não agradeçamos...

Há muito mais no Coração de Jesus...
Silêncio para o agradecimento.
Silêncio para o aprendizado da essência do ser cristão: amar como Jesus ama.

Amar na Sua medida sem medida; em Sua profundidade inesgotável; em Sua altura jamais alcançável; em largura e comprimentos que ultrapassam quaisquer medidas humanas já concebidas.

Amar como Ele ama.
Amar o outro como Ele ama.
Amar-se também como o amor com que Ele nos ama. 

Aprende-se a amar amando, aprende-se a amar sendo amado (antes que se diga que não se aprende a amar).

Há muito mais neste coração...
Silêncio mais uma vez para o mais belo de todos os aprendizados – amar.

Há muito mais neste Coração...
Silêncio para a contemplação...
De força, a recuperação;
De gratidão, nossa expressão;
Do amor, um aprendizado.
Silêncio!
Silêncio no coração diante do Mais Belo Coração -
O Coração de Jesus.

Silêncio! 
Que Ele diga, que a Ele depois digamos:
“Meu Deus, como Te amo!”

Contemplemos o infinito amor e ternura de Deus (SCJ)

                                                   


Contemplemos o infinito amor e ternura de Deus 

Aprofundando sobre a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, reflitamos à luz da  passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-4.8.c-9), uma das mais belas de todo o Antigo Testamento, na qual mediante uma linguagem humana cheia de experiência da intimidade familiar, Deus Se apresenta com o Coração de Pai e Mãe. Já havia Se apresentado com a imagem esponsal, e agora como Pai.

Quanto nos impressiona o Amor de Deus que é diferente do amor humano, pois o Seu ardor é totalmente consumado na misericórdia irrevogável e eterna.

Contemplamos uma das mais ternas imagens para descrever o Amor de Deus por nós, o carinho e cuidado materno e paterno que tem para conosco, Seus filhos.

De santidade infinita, o Senhor Deus é o “totalmente outro” do homem e da mulher, e assim Sua fidelidade é eterna, e Seu amor e perdão são sempre possíveis.

Deus sendo totalmente outro, é o mais belo e puro e eterno Amor, que acolhe, acompanha, perdoa, renova, recria, reconduz... Deus exige tão apenas amor, porque de fato, amor exige amor, e não amor qualquer, mas um amor fiel.

Concluindo, vejamos o que nos diz o Lecionário Comentado sobre esta passagem:

“Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão...

Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém, que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e nós. Amor exige amor. E amor fiel.” 

Concluindo:

Todos os tons e vocábulos do amor (esponsal, amigável, paterno/materno) são utilizados pelo Profeta (Oseias) para exprimir o que é inexprimível, isto é, a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem [...] o amor é contagioso e pede amor: e eis que o nosso programa de vida, necessariamente missionário, porque quem recebe deve dar – tem por modelo Jesus e Seu Ministério (Evangelho do dia Mt 10,7-15).” (1)

Contemplemos a ternura infinita do Deus, enamorado loucamente do homem, como Oseias tão bem nos apresenta.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2011 - pp.693-694.

Inflamados de amor pelo Senhor (SCJ)

                                                   

Inflamados de amor pelo Senhor

“Por este motivo, exorto-te a reavivar o dom espiritual que
Deus depositou em ti pela imposição das minhas mãos.
Pois Deus não nos deu um espírito de medo, mas um
espírito de força, de amor e de sobriedade”
(2 Tm 1,6-7).

Reflexão à luz da passagem da Segunda Carta do Apóstolo Paulo a Timóteo (2 Tm 1,1-3.6-12).

O Apóstolo exorta Timóteo a reavivar a vocação, reanimando o carisma que recebeu, à luz da escuta da Palavra Divina, da comunhão com Deus e dos Sacramentos, que nos comunicam a graça de Deus.

É preciso viver as qualidades fundamentais, que devem estar presentes na vida do Apóstolo:

- a fortaleza frente às dificuldades;
- o amor que impulsiona para uma entrega total a Cristo e ao rebanho;
- a prudência necessária para animação e orientação da comunidade.

Com isto, se afasta o perigo das desilusões, fracassos, monotonia, fragilidade humana, que enfraquecem o entusiasmo original, levando à perda das motivações primeiras do compromisso com Jesus e a Boa-Nova do Reino.

É preciso despir-se de toda preguiça, inércia, comodismo, renovando as forças e a coragem para superar todo medo, e, assim, vencermos as dificuldades que nos impedem de viver inteiramente para Deus e para nosso próximo.

Impelidos pelo Amor divino, vamos bem mais longe, reavivando a vocação como dom de Deus, encontro de duas liberdades: a divina que chama, e a humana que responde.

A vocação é sempre fecunda se for fruto de um encontro que muda a vida de quem encontra o Senhor, como bem afirmou o Papa Bento XVI:

«No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus Caritas Est, 1). 

Três rios correm do Coração de Jesus! (SCJ)

                                                                      

Três rios correm do Coração de Jesus!

Sejamos enriquecidos por uma das Cartas escrita por Santa Margarida Maria Alacoque (séc. XVII), em que nos fala do Sagrado Coração de Jesus.

“A mim me parece que o grande desejo de nosso Senhor, de que se tribute honra especial a Seu Sagrado Coração, tem por finalidade renovar em nós os frutos da redenção.

Pois o Sagrado Coração é fonte inexaurível; que somente quer difundir-Se pelos corações humildes, a fim de que estejam livres e prontos a viver sua vida em conformidade com seu beneplácito.

Deste Divino Coração correm sem parar três rios: o primeiro é de misericórdia pelos pecadores, derramando neles o espírito de contrição e de penitência.

O segundo é de caridade, para auxílio de todos os sofredores, em particular dos que aspiram à perfeição, para que encontrem os meios de superar as dificuldades.

Do terceiro, enfim, emanam o amor e a luz para Seus amigos perfeitos, que Ele deseja unir a Sua ciência e à participação de Seus preceitos, para que, cada um a seu modo, se dedique totalmente à expansão de Sua glória.

Este Coração Divino é oceano de todos os bens. N’Ele precisam os pobres mergulhar todas as suas necessidades. É oceano de alegria, onde temos de mergulhar todas as nossas tristezas.

É abismo de humildade contra nossa loucura, abismo de misericórdia para os miseráveis, abismo de Amor para as nossas indigências.

Tendes, por isto, de unir-vos ao Coração de nosso Senhor Jesus Cristo, no princípio da vida nova, para vos preparardes bem; no fim, para consumardes.

Vossa Oração é vazia? Então, basta que ofereçais a Deus as preces que o Salvador eleva por nós no Sacramento do altar, entregando Seu fervor em reparação de vossa tibieza. Sempre que ides fazer algo, rezai assim:

‘Meu Deus, faço ou suporto isto no Coração de Teu Filho e, conforme a Seus santos desígnios, ofereço-Te em reparação de tudo quanto há de falho ou de imperfeito em minhas obras’.

E deste modo, em todas as circunstâncias. E em tudo que vos acontecer de penoso, aflitivo ou injurioso, dizei a vós mesmos:

‘Recebe o que o Sagrado Coração de Jesus Cristo te envia a fim de unir-te a Ele’.

Acima de tudo, porém, guardai a paz do coração que supera todos os tesouros. Para guardá-la, nada de melhor que renunciar à própria vontade e colocar a vontade do divino Coração em lugar da nossa, de modo que Ela realize em nosso nome o que redunda em Sua glória. E nós, felizes, nos submetamos a Ele, com absoluta confiança” (1)

Contemplando a Imagem do Sagrado Coração de Jesus, façamos nosso exercício espiritual de contemplação do amor de Deus.

Seja, portanto, nosso coração inundado e transbordado pelo Amor Divino e que dele saiam rios não poluídos, mas:

- de Misericórdia para com os pecadores; 
- de Caridade para com os pobres;
- e de Amor para com aqueles que o Senhor tanto ama!

(1) Das Cartas de Santa Margarida Maria Alacoque - (Vie et Oeuvres 2, Paris 1915)
Memória celebrada dia 16 de outubro.

É preciso corresponder ao amor de Deus (SCJ)

                                                            

É preciso corresponder ao amor de Deus

“Oseias, Profeta do amor, canta a fidelidade do Amor de Deus
para com a humanidade e Sua capacidade de perdão”.

Reflitamos sobre o Sagrado Coração de Jesus, à luz da passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1.3-4.8c-9),  na qual contemplamos a face misericordiosa de Deus, Sua fidelidade irrevogável que se manifesta no perdão, no convite à conversão:

“Quando Israel era criança, Eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho... Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que Eu cuidava deles.

Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de Amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo; e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão...”

É sempre imperativo para o profetismo a ser vivido, voltar-se para Deus em absoluta relação de amor com Ele, aprofundando nossa fidelidade aos Seus preceitos, em relacionamentos de gratuidade para com Ele e com nosso próximo. 

A confiança incondicional na Sua presença deve ser sempre acompanhada de frutuosa prática da justiça para que o culto seja a Ele agradável, de modo que, o suor e o sangue, se necessário no chão derramados reguem sementes de um novo amanhecer, tão somente assim o incenso que se sobe no culto, será por Ele aceito.

Profecia é sinal de sangue e suor derramados, incenso ao Deus Vivo e Verdadeiro elevado!

O Profeta nos convida a refletir, a tomar consciência e abandonar o ignominioso serviço às divindades inexistentes, materializada na adoração muito presente entre nós como nos diz com toda profundidade o Missal  Cotidiano (pág. 996):

“Hoje gritariam os Profetas contra muitas divindades a quem os cristãos queimam incenso de sua devoção, pretendendo ao mesmo tempo continuar cristãos: a divindade do dinheiro, do sexo, do comodismo e dos bens de consumo, a divindade do carro, da televisão, do estrelismo em todas as formas, esportes, cinema, moda...

‘Afinal de contas, que mal há nisso?’ pergunta-se. O cristão, porém, não deve caminhar levianamente; deve examinar-se, para ver se e em que medida alguma dessas divindades o impede de ter verdadeiro relacionamento com Deus”.

Somente a fidelidade a Deus e Seu Projeto conduzirá a humanidade à verdadeira felicidade, na construção de relacionamentos fundados na prática da justiça, externados em gestos solidários que levem à edificação da fraternidade universal. 

Eclipsá-lo, mesmo afirmar Sua morte, têm sido motivos para o caos em que muitas vezes nos encontramos mergulhados, sem perspectivas utópicas, sem horizontes promissores...

A reflexão do Livro do Profeta Oseias nos leva a tomar uma atitude: ceder ao ignominioso serviço idolátrico voltando-nos contra nós mesmos ou viver na fidelidade e adoração verdadeira do retorno para Deus em absoluta fidelidade a Sua Lei, que se resume no amor a Ele e ao próximo, prelibando a alegria da conversão, do perdão obtido em alegre e verdadeiro louvor a Ele também oferecido.

A idolatria, a infidelidade e a ingratidão para com Deus levam-nos, inevitavelmente, a uma ignominiosa realidade. Indubitavelmente a adoração e o culto a Deus, expressos no amor e no serviço ao próximo, levar-nos-á a prelibação da alegria no mais fundo de nosso coração, onde Ele fez Sua morada.

Ah, o Amor de Deus, como compreendê-lo?
Impossível para nossos critérios e conceitos.
Amor de Deus, mais que compreendido,
Precisa ser correspondido e vivido,
eis o caminho a percorrer e melhor viver!

A preciosa oferta da viúva


A preciosa oferta da viúva

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,38-44), sobre a oferta da pobre viúva no templo.

Reflitamos sobre o culto verdadeiro e agradável a Deus, tão diferente dos cultos marcados pelas aparências dos rituais: Deus não tem interesse por grandes manifestações religiosas ou ritos externos suntuosos. 

Da mesma forma, não mede nossas ações e gestos com algarismos, ao contrário, mede com o amor; avalia de acordo com os valores interiores da pessoa porque Ele vê além das aparências, vai até o coração.

O culto autêntico deve ser marcado na atitude de vida: doação, confiança e entrega total em favor do próximo, esvaziando-se de si mesmo e colocando-se plenamente nas mãos de Deus.

Esta passagem é situada em Jerusalém, nos dias que antecedem à prisão, julgamento e morte de Jesus.

Jesus faz uma crítica aos ritos vazios, desmascarando a hipocrisia, a incoerência dos cultos e ritos realizados no templo pelos doutores da lei, e nos ensina como deve ser um culto agradável a Deus. De fato Deus vê além das aparências. 

Os doutores da lei têm comportamentos hipócritas, uma devoção de fachada, revelando que os ritos externos que realizam, os gestos teatrais, o cumprimento das regras, ainda que religiosamente corretas, não aproximam as pessoas de Deus, e nem as conduzem à santidade de Deus. 

Os discípulos de Jesus deverão ter outra atitude diante de Deus e do próximo: dom total, despojamento pleno, entrega radical e sem medida. Viver a fé cristã não é uma representação teatral.

De fato, o verdadeiro crente é aquele que nada guarda para si, mas no dia a dia, no silêncio e nos gestos mais simples, sai do seu egoísmo e da sua autossuficiência, colocando toda sua existência nas mãos de Deus.

Há momentos em que tudo escurece, falta-nos apoio, nossa vida parece tremer. É nesta hora que damos o autêntico testemunho da solidez de nossa fé, e verdadeiramente, podemos dizer: “Senhor, eu creio, mas vem em auxílio de minha pouca fé, e minha fraqueza. Pai, entrego-me em Tuas mãos”.

Urge que nos coloquemos totalmente nas mãos de Deus, oferecendo a Ele toda a nossa vida, vivendo na gratuidade, e não na troca de favores, sem procurar fama e privilégios.

Também precisamos nos despojar de nossos projetos pessoais e preconceitos, a fim de nos entregarmos com total confiança nas mãos de Deus, com completa doação, dando um salto em total abandono no Senhor, sem nenhuma dúvida ou hesitação. 

Assim viveremos uma fé amadurecida, na doação total inclusive nas situações mais adversas, no testemunho da pobreza evangélica, acompanhada da humildade e fecundidade, num amor sem limites e incondicional.

Tão somente assim teremos uma verdadeira motivação de nosso engajamento pastoral, em total expressão de gratuidade, sem procura de honrarias, valorização, promoção ou elogios.

Oremos:

"Que Deus, afastando de nós todos os obstáculos, nos acompanhe para que inteiramente disponíveis nos coloquemos a serviço do Reino, na fidelidade a Jesus Cristo, com a força do Santo Espírito. Amém”.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG