quinta-feira, 6 de junho de 2024

“A messe é grande, poucos são os operários”

“A messe é grande, poucos são os operários”

“Pois é claro que são vocês uma carta de Cristo, redigida por nós, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo,
não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne,
nos corações” (2 Cor 3,3).

Inspirado nas Palavras do Apóstolo Paulo, quatro anos passado, glorifiquei a Deus pelo Jornal Voz Viva que chegava à sua centésima Edição.

A plena abertura ao sopro do Espírito do Deus possibilita que em nosso Jornal sejam impressos artigos, reflexões, reportagens, enfim, temas diversificados que nos ajudam a solidificar nossa fé, reavivando nossa esperança, inflamando a chama da caridade como discípulos missionários do Filho Amado do Pai.

Nas reuniões preparatórias, no fechamento da edição, na diagramação e envio à gráfica, até que chegue às nossas mãos, sentimos como que um “parto”, fecundado pelo Espírito Santo, recordando à Igreja as Palavras de Cristo (Jo 14,26).

Como tantos acontecimentos que testemunhamos na Igreja, o Jornal Voz Viva nos remete ao milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes: Não são muitos em sua produção, – como bem lembrou o Senhor – “A messe é grande, poucos são os operários”.

De modo especial, glorifico a Deus pela Pastoral da Comunicação de nossa Paróquia, e a todos que de tantas formas contribuem para o êxito de nosso Jornal.

Que o Jornal Voz Viva continue cumprindo o objetivo a que se propõe: evangelizar, anunciar a Boa Nova do Evangelho a toda criatura, em todos os âmbitos, na Igreja e em todo lugar.



PS: Depoimento para o jornal “Voz Viva” – Paróquia Santo Antônio de Gopoúva - Diocese de Guarulhos - SP - Edição nº100. 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

A esperança no Senhor não nos decepciona


 

A esperança no Senhor não nos decepciona

Somos peregrinos da esperança, incansáveis, e não podemos estagnar, tão pouco retroceder, pois como nos falou o Apóstolo - “E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Anunciamos e testemunhos Aquele que é a divina fonte de toda esperança, e na fidelidade a Ele, que  nos chamou, não pelos nossos méritos, avançando para águas mais profundas (Lc 5,1-11), atravessando os mares agitados pelos ventos do cotidiano, com seus nomes tantos.

Peregrinos da esperança:

- voaremos nas asas do Espírito, na busca das coisas do alto onde habita Deus (cf 3,1-4); e testemunharemos as virtudes divinas que nos movem: fé, esperança e caridade;

- desabrocharemos, teimosamente, onde nada se pode esperar, assim como Abraão que esperou contra toda a esperança, acreditou e se tornou pai de muitos povos, conforme lhe fora dito (cf. Rm 4,180);

- floresceremos na aridez do deserto da cidade, com seus cenários, ora com sua bela, ora nem tanto assim: flores de solidariedade, amizade, compaixão, proximidade e fraternidade;

- viveremos a graça de sermos jardineiros do criador e cuidaremos da Casa Comum, tão vilipendiada por insanos desejos de lucro que se sobrepõem à sacralidade da condição humana, com suas consequências multiplicadas;

- testemunharemos a graça do batismo, renovando nossas forças na Mesa Sagrada da Palavra e da Eucaristia, Santíssimo Alimento, que nos veio do coração trespassado do Senhor. (Jo 19,31-37). Amém.

Oro ao Pai...


 

Oro ao Pai...


Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito, como nos ensina a Igreja,
Confiante na onipotência da misericórdia divina,
Para que não desistas de teus sonhos e sigas em frente.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que tuas “asas” por vezes feridas, pelas decepções,
Sejam curadas para os voos da persistência.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
para que sejas persistente nos santos esforços,
na edificação e santificação de tua família.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que quando as portas parecerem para sempre fechadas,
Encontres janelas, onde raios da esperança divina entrem.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que teu agir seja conduzido pelas virtudes cardeais:
prudência, justiça, fortaleza e temperança.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que em teu coração, como um espaço do jardim do Criador,
Fecundem as sementes das virtudes divinas: fé, esperança e caridade.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que a luz do Senhor ilumine teus caminhos,
A Eucaristia, Divino Alimento, Pão para o peregrinar. Amém.
 

Pássaro enlameado

                                                            

Pássaro enlameado

“Como cantar o cântico do Senhor
em terra estranha?
(Sl 137,4)

Já não há como voar, quando se está enlameado.
Sinto em minhas asas um peso que nunca senti.
Não há mais alturas a alcançar.
Haverá razões para voltar a cantar?

O ninho que tecia sem pressa,
Já não sei mais onde se encontra,
E nem tenho porque mais tecer,
Pois não há mais filhotes a alimentar.

Sou apenas um pássaro enlameado,
Vítima tão frágil de um deus voraz
Que a outros pássaros enterrou,
Na ambição desmedida e criminosa.

Meu canto é de dor e lamento
Pelas vidas humanas sacrificadas,
Centenas de falecidos e desaparecidos;
Aos lamentos que sobem aos céus, uno o meu.

Meu canto é de dor e profecia,
Pois a quem foi confiado nossa casa comum,
Haverá de reaprender o valor sagrado da vida,
Que em nada pode ser submetido e subtraído.

Meu canto é de dor e esperança,
Que nunca mais haverá pássaros enlameados,
E os cantos soarão como bela sinfonia na mata
E crianças, jovens e idosos, com sorrisos e a mesa farta.

Embora seja apenas um pássaro enlameado,
Estou unido no mistério de dor e paixão
De tantos corações doloridos.
É tempo de revigorar as asas e voltar a cantar.

Pássaro enlameado compadecido,
Canto meu canto de dor, lamento, profecia e esperança
De que um dia acordaremos e cantaremos juntos:
Nasceu novo dia, sem resquícios de insana idolatria.

PS: Em 25 de janeiro de 2019, aconteceu um dos maiores desastres ambientais no Brasil, o rompimento da barragem de Brumadinho-MG, provocando 252 mortes.

Escrevi este poema, expressando minha solidariedade com a dor de seus familiares, somado às orações por todos os mortos.

"Fiquemos firmes no combate”

                                                                 

"Fiquemos firmes no combate”

São Bonifácio, cujo nome significa aquele que realiza boas ações, foi Bispo e mártir da Igreja, exemplo de Pastor solícito, vigilante no cuidado do rebanho de Cristo a ele confiado. Nascido em 673 e martirizado em 754.

A Igreja celebra sua memória dia 5 de junho, e meditamos na Liturgia das Horas uma de suas Cartas, que merece ser conhecida, pois em muito nos enriquecerá na fidelidade ao Senhor.

A Igreja é como uma grande barca que navega pelo mar deste mundo. Sacudida nesta vida pelas diversas ondas das tentações, não deve ser abandonada a si mesma, mas governada.

Na Igreja primitiva temos o exemplo de Clemente, Cornélio e muitos outros na cidade de Roma, de Cipriano em Cartago, de Atanásio em Alexandria. Sob o reinado dos imperadores pagãos, eles governaram a barca de Cristo, ou melhor, a Sua caríssima esposa, que é a Igreja, ensinando-a, defendendo-a, trabalhando e sofrendo até ao derramamento de sangue.

Ao pensar neles e noutros semelhantes, fico apavorado; o temor e o tremor me  penetram e o pavor dos meus pecados me envolve e deprime! (Sl 54,6); gostaria muito de abandonar inteiramente o leme da Igreja, se encontrasse igual  precedente nos Padres ou na Sagrada Escritura.

Mas não sendo assim, e dado que a verdade pode ser contestada, mas nunca vencida nem enganada, nossa alma fatigada se refugia nas palavras de Salomão: Confia no Senhor com todo o teu coração, e não te fies em tua própria inteligência; em todos os teus caminhos, reconhece-O, e Ele conduzirá teus passos (Pr 3,5-6). E noutro lugar: O nome do Senhor é uma torre fortíssima. Nela se refugia o justo e será salvo (cf. Pr 18,10).

Permaneçamos firmes na justiça e preparemos nossas almas para a provação; suportemos as demoras de Deus, e lhe digamos: Vós fostes um refúgio para nós, Senhor, de geração em geração (Sl 89,1).

Confiemos n’Aquele que colocou sobre nós este fardo. Por não podermos carregá-lo sozinhos, carreguemo-lo com o auxílio d’Aquele que é onipotente e nos diz: O meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30).

Fiquemos firmes no combate, no dia do Senhor, porque vieram sobre nós dias de angústia e de tribulação (cf. Sl 118, 143). Se Deus assim quiser morramos pelas Santas Leis de nossos pais (cf. 1Mc 2,50), a fim de merecermos alcançar junto com eles a herança eterna”.

Provações, inquietações, dificuldades, contrariedades, às vezes perseguições, incompreensões no ontem da história da Igreja, hoje e sempre. Elas também podem se apresentar na vida e história de cada um de nós.

Façamos silêncio, acolhamos a palavra de alguém que selou com o sangue derramado o amor e a sedução por Jesus, alguém que soube morrer como grão de trigo para frutos de eternidade produzir.

Neste silêncio e oração, a Palavra de Deus encontre em nosso coração um bom pedaço de terra fértil para cair e também frutos abundantes produzir.

Sejamos como São Bonifácio e tenhamos o que sua vida nos inspira: coragem, fidelidade, testemunho, coerência, amor por Jesus e Sua Igreja e muito mais que se possa dizer...

Aprendamos com ele a não fugir do bom combate da fé, tenhamos fortaleza de ânimo, contando com a força e ação do Santo Espírito, como discípulos missionários do Senhor e amados filhos do Pai que nos quer felizes agora e sempre.

Com São Bonifácio, e com tantos outros mártires da Igreja, aprendemos a mais bela notícia: a morte dos justos, dos santos não têm a última palavra e como o Salmista rezamos:

“É sentida por demais pelo Senhor a morte dos Seus Santos, Seus amigos.” (Sl 115). E tamanho sentimento encontrou a mais bela vitória, quando o Pai Ressuscitou o Filho que morreu na Cruz, e este morrendo fez morrer a morte, para que vivêssemos para sempre. Amém!

terça-feira, 4 de junho de 2024

A vigilância ativa e os compromissos emergentes da fé

                                                


A vigilância ativa e os compromissos emergentes da fé

Reflexão à luz da passagem da Segunda Carta de São Pedro (2Pd 3,12-15a.17-18; Sl 89, 2-4.10.14-16; Mc 12,13-17), sobre o compromisso social e religiosa, e sua relação profunda e inseparável na expressão de uma fé viva, sólida, ancorada pela esperança de um mundo novo que culmina na eternidade, sempre impulsionados por pequenos e grandes gestos de amor.

Com a Igreja, aprendemos que a vida cristã coerente deve ser vivida na vigilância ativa, ou seja, a espera de um novo céu e nova terra, a espera do Senhor que veio, vem e virá pela segunda vez.

Esta vigilância se dá com esforços multiplicados, acompanhados de uma conduta irrepreensível, sem jamais paralisar ou retroceder no crescimento da amizade e intimidade com o Senhor Jesus Cristo.

Deste modo,  Jesus ao dizer “Dai a César o que de César e a Deus o que é de Deus” nos permite afirmar que reconhecer e aceitar o poder político não equivale a desconhecer e rejeitar a Deus. O poder político é lícito para o exercício dos assuntos públicos, mas somente a Deus devemos adorar em espírito e verdade, em doação e na entrega plena e total de nossa vida.

Está implícita a dupla fidelidade que o cristão deve viver em sua dimensão pessoal, no seu existir e agir: a dimensão religiosa e a dimensão temporal.

Jamais se deve separar totalmente a ação política da ação religiosa, como muito bem nos diz a Igreja em diversos Documentos, e de modo muito especial a “Gaudium et Spes” (Vaticano II - nºs 73-77 – Cap. IV). 

Em resumo, neste capitulo, fala da consciência da missão da Igreja na comunidade Política.

Também em outro documento, o Papa São Paulo VI afirmou: - “A política é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros” (Octogesima Adveniens, 46).

Finalizando, seguir Jesus, assumir a missão que Ele nos confia, implica em esperar com confiança "novos céus e nova terra onde habitará a justiça" sem permanecer alheio às alegrias e às esperanças daqueles que estão ao nosso lado, sobretudo os mais pobres.

A esperança dos bens futuros, numa vigilância ativa, alimentada pela força salutar da Eucaristia, é a grande força para superar toda forma de contrariedade e adversidades.

Somente assim não vacilaremos na fé, nem esmoreceremos na esperança e não esfriaremos na caridade, de modo que seremos resistentes na tentação, pacientes na tribulação e agradecidos a Deus nos mais preciosos sinais de prosperidade.

PS: Lecionário Comentado – Tempo Comum - Vol. I – Editora Paulus - Lisboa - pp. 428-432.

“Não existem duas esperanças”

                                                     

“Não existem duas esperanças”

Oportuno para a reflexão das passagens do Evangelho de Mateus e Marcos (Mt 22,15-21; Mc 12,13-17), sobre a questão feita pelos fariseus e herodianos a Jesus, se é lícito pagar imposto a César, encontramos esta afirmação:

Não existem duas esperanças: uma terrena e outra celeste; a esperança é uma só: diz respeito à realidade futura, mas através do empenho cristão, a antecipa na realidade terrestre”

De fato, estamos no mundo com uma responsabilidade de participação irrenunciável, para torná-lo mais humano, justo e fraterno.

E se a fé cristã professada, maior ainda o compromisso, pois deve ser vivida integralmente e não permite omissão ou evasão nesta participação.

A fé cristã confere à religião um papel fundamental no mundo, tornando sem fundamento qualquer atitude de desconsideração, como se ela não tivesse nenhuma contribuição positiva a oferecer.

Com o Concílio Vaticano II, como Igreja, somos chamados a rever as reticências ou ausências do cristão no seu real compromisso com o mundo, procurando sua superação a fim de que sejamos sal da terra e luz do mundo.

A fé cristã, acenando para a esperança na eternidade, não se exime da concretização no tempo presente, inserida na realidade terrestre, concreta. 

Esta fé se vive com os olhos nos céus, mas com os pés tocando à realidade do cotidiano, não criando uma dicotomia entre o mundo dos homens e mulheres e o mundo de Deus.

De modo que todo poder político deve exercer a sua vocação primeira, a promoção do bem comum, e se assim o for, de fato, estaremos dando “a Deus o que é Deus e a César o que é de César”, entregaremos a Deus um povo com vida plena, digna e feliz.
O céu não se espera na passividade, mas na medida em que vivemos a graça do Batismo, e nos tornamos discípulos missionários do Senhor, verdadeiramente comprometidos com o Reino de Deus, que ultrapassa qualquer forma de realidade que se possa conceber.

Nenhuma realidade é bastante suficiente para esgotar a riqueza do Reino que Jesus veio inaugurar, por isto, rezamos no Pai Nosso, a oração que Ele nos ensinou:

“Venha a nós o Vosso Reino, Senhor, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu” (cf.  Mt 6,10).

PS: Missal Dominical – Editora Paulus, 1995 – pp. 834.

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