sexta-feira, 5 de abril de 2024

Aprendiz da Misericórdia Divina


Aprendiz da misericórdia Divina

 

Assim ouvimos na Carta de São Tiago:

 

“Porque o julgamento será sem Misericórdia para quem não tiver agido com Misericórdia. Os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento” (Tg 2,13)

 

Há um imperativo em nossa vida cristã, como discípulos missionários do Senhor: aprender o que é a misericórdia.

 

A misericórdia exige que transformemos nossa fé em obras, do contrário, será morta, como nos falou o Apóstolo São Tiago (Tg 2,26), e como antes já nos dissera o Senhor, sobre a condição para a entrada no Reino dos Céus: – “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7, 21).

 

Contemplemos a misericórdia divina e a tornemos concreta:

 

- Na acolhida ao pecador, acompanhada de reconciliação e perdão gerador da possibilidade de novos rumos, novos passos;

- Com gestos concretos para fortalecer vínculos de fraternidade e comunhão, na necessária construção de pontes e extinção de muros que geram divisões, discriminações, marginalizações e exclusões;

- Com ações afetivas e efetivas de partilha e solidariedade, sobretudo com os que mais precisam.

 

Contemplemos e adoremos o rosto da misericórdia, que é o próprio Jesus, em amor total e incondicional ao Reino de Deus, por Ele inaugurado, com a presença e ação do Santo Espírito.

 

Oremos:


“Ó Deus, Vosso nome é santo e Vossa misericórdia se celebra de geração em geração; atendei às súplicas do povo e concedei-lhe proclamar sempre a Vossa grandeza. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. Amém.

 

Para quem tem sede de paz...

                                                   

Para quem tem sede de paz...

Este Sermão, atribuído ao Bispo São Pedro Crisólogo (Séc. V), nos ajuda na compreensão do verdadeiro sentido e compromisso com a paz.

“Diz o evangelista: Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). De fato, as virtudes cristãs florescem naquele que vive a concórdia da paz cristã; e só merecem o nome de filhos de Deus aqueles que promovem a paz.

É a paz, caríssimos, que liberta o homem da sua condição de escravo e lhe dá um nome nobre; que muda a sua condição perante Deus, transformando-o de servo em filho, de escravo em homem livre.

A paz entre os irmãos é a realização da vontade de Deus, a alegria de Cristo, a perfeição da santidade, a norma da justiça, a mestra da doutrina, a guarda dos bons costumes e a louvável disciplina em todas as coisas.

A paz é a recomendação das nossas orações, o caminho mais fácil e eficaz para as nossas súplicas, a realização perfeita de todos os nossos desejos.

A paz é a mãe do amor, o vínculo da concórdia e o claro indício da pureza de coração, capaz de pedir a Deus tudo o que quer; pede tudo quanto quer e recebe tudo o que pede.

A paz deve ser garantida pelos Mandamentos do Rei. É o que diz Cristo nosso Senhor: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou (Jo 14,27). O que quer dizer: Deixei-vos em paz, em paz quero vos encontrar. Ao partir deste mundo, Ele quis dar aquilo que deseja encontrar em todos quando voltar.

É um Mandamento do céu conservar esta paz que Cristo nos deu. Uma só palavra resume o que Ele desejou na despedida: que ao voltar, encontre o que deixou. Plantar e enraizar a paz é obra de Deus; arrancá-la totalmente é coisa do inimigo. Pois, assim como o amor fraterno vem de Deus, assim o ódio vem do demônio. Então devemos condenar o ódio, porque está escrito: Todo aquele que odeia seu irmão é um homicida (1Jo 4,7); consequentemente, quem não tem caridade também não possui a Deus.

Irmãos, pratiquemos os Mandamentos; são eles que nos dão a vida. Que a nossa fraternidade se mantenha unida pelos laços de uma paz profunda: que ela se fortaleça mediante o vínculo salutar do amor recíproco que cobre uma multidão de pecados.

Que este amor fraterno seja a nossa maior aspiração, pois ele pode nos dar todo bem e toda recompensa. A paz deve ser conservada mais do que todas as virtudes, porque onde existe paz, Deus aí está.

Amai a paz e em tudo encontrareis tranquilidade. Desta maneira, a paz será para nós um prêmio, para vós uma alegria. E a Igreja de Deus, fundada na unidade da paz, se manterá fiel aos ensinamentos de Cristo.”

Renovemos nossos sagrados compromissos com a paz, que é, como ele mesmo disse, “a mãe do amor”, que uma vez encontrada, em tudo encontraremos a tranquilidade.

Saciemos nossa sede de Deus, logo, nossa sede de amor, vida e paz, e somente o Senhor Jesus, o Filho de Deus, pode nos dar (Jo 1427-31a).

Como Igreja, sejamos todos instrumentos da paz! 
Aleluia! Aleluia!

O encontro que mudou a nossa vida

O encontro que mudou a nossa vida

O encontro pessoal com Jesus Cristo leva-nos à necessária decisão de deixar-se encontrar por Ele, procurando-O dia a dia, sem cessar, como nos falou o Papa Bento XVI:

- “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

Este encontro com o Senhor leva-nos a amar com obras e verdade (1Jo 3, 18-24), e envolvidos pelo amor de Deus, encontramos a paz, a serenidade; encontramos o repouso e a força, porque experimentamos a Sua misericórdia, que é bem maior do que o nosso coração (1 Jo 3, 20).

Como discípulos do Senhor, temos como Mandamento amar como Ele nos amou, para que se torne possível o encontro com Deus, a tantos irmãos e irmãs, que se encontram longe deste amor.

Deste modo, nossas comunidades, mais do que nunca, precisam testemunhar o amor de Deus, que não conhece limites, e tão pouco admite interrupções. E isto somente acontecerá se aderirmos totalmente ao Senhor, à Sua Pessoa, Palavra e Projeto do Pai, que Ele veio realizar, com a graça, luz, força e presença do Santo Espírito.

Uma vez tendo encontrado o Senhor, com Ele queremos sempre permanecer, para frutos abundantes produzirmos, na prática dos Mandamentos divinos, que se fundem em dois Mandamentos que não se separam: o amor a Deus e ao próximo. Portanto, devemos amar como Jesus nos amou. Amém.

Em poucas palavras...

 


A Ressurreição de Cristo

“A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro. Esses fatos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena «normal»: em dado momento, voltariam a morrer.

A Ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o «homem celeste» (1 Cor 15,35-50).”(1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 646

Em poucas palavras...

 


Viver no céu

“Viver no céu é «estar com Cristo» (Cf. Jo 14,3; Fl 1,23; 1 Ts 4,17). Os eleitos vivem «n'Ele»; mas n'Ele conservam, ou melhor, encontram a sua verdadeira identidade, o seu nome próprio (Ap 2,17):

«Porque a vida consiste em estar com Cristo, onde está Cristo, aí está a vida, aí está o Reino» (Santo Ambrósio).”  (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica n. 1025


“Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo"

Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”

Retomo alguns aspectos da Mensagem do Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2016), celebrado na Festa da Ascensão do Senhor.

O tema da mensagem com plena sintonia com o Jubileu Extraordinário da Misericórdia: “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”, pois, afirma o Papa, “com efeito a Igreja unida a Cristo, encarnação viva de Deus Misericordioso, é chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e agir.

Em vários momentos ressalta a importância de se usar corretamente as redes sociais para promover o bem da sociedade: “As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos”.

Se bem feita, “... a comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade... As palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acontece tanto no ambiente físico como no digital”.

O Papa faz um convite para que todas as pessoas de boa vontade redescubram “... o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e nas comunidades. Todos nós sabemos como velhas feridas e prolongados ressentimentos podem aprisionar as pessoas, impedindo-as de comunicar e reconciliar-se”.

Citando Shakespeare, nos enriquece na compreensão do sentido de  misericórdia: «A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe» (“O mercador de Veneza”, Ato IV, Cena I).

Neste sentido aqueles que têm responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública, para que estejam sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age de forma diferente e ainda de quem possa ter errado.

Urge um estilo de comunicação capaz de superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos: “Podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu”.

Não se pode confundir uma sociedade enraizada na misericórdia como idealista ou excessivamente indulgente. Daí a importância fundamental de “escutar” para comunicar, pois, “Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento.”

Faz uma distinção entre escutar e ouvir: “Escutar é muito mais do que ouvir. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de espectadores, usuários, consumidores.

Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer presunção de onipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do bem comum.

Escutar nunca é fácil. Às vezes é mais cômodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia. Na escuta, consuma-se uma espécie de martírio, um sacrifício de nós mesmos em que se renova o gesto sacro realizado por Moisés diante da sarça-ardente: descalçar as sandálias na «terra santa» do encontro com o outro que me fala (cf. Ex 3, 5). Saber escutar é uma graça imensa, é um dom que é preciso implorar e depois exercitar-se a praticá-lo”.

Quanto aos meios de comunicação, novamente exorta para que sejam bem utilizados: “Também e-mails, SMS, redes sociais, chat podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor... O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral... Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos, mas é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada. A rede pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade sadia e aberta à partilha.

Finaliza afirmando que “... o encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa. Num mundo dividido, fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade”.  

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Em poucas palavras...

                                       

 

“Pai nosso...”

“Quando chamamos a Deus de ‘nosso Pai’, precisamos lembrar-nos que devemos comportar-nos como filhos de Deus” (1)

(1)São Cipriano – cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2784

 

 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG