terça-feira, 16 de julho de 2024

As duas naturezas do Senhor no ventre de Maria

                                                                       

As duas naturezas do Senhor no ventre de Maria

“Uma virgem [...]; iria conceber um filho, Deus e homem,
primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo”.


No dia 16 de julho, celebramos a Festa de Nossa Senhora do Carmo, e somos enriquecidos pela Liturgia das Horas, com o Sermão do Papa São Leão Magno (séc. V).

“Uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo.

E para evitar que, desconhecendo o desígnio de Deus, ela se perturbasse perante efeitos tão inesperados, ficou sabendo, no colóquio com o Anjo, que era obra do Espírito Santo o que nela se realizaria.

Maria, pois, acreditou que, estando para ser em breve Mãe de Deus, sua pureza não sofreria dano algum. Como duvidaria desta concepção tão original, aquela a quem é prometida a eficácia do poder do Altíssimo?

A sua fé e confiança são ainda confirmadas pelo testemunho de um milagre anterior: a inesperada fecundidade de Isabel. De fato, quem tornou uma estéril capaz de conceber, pode também fazer com que uma virgem conceba.

Portanto, a Palavra de Deus, que é Deus, o Filho de Deus, que no princípio estava com Deus, por quem tudo foi feito e sem ela nada se fez (cf. Jo 1,2-3), a fim de libertar o homem da morte eterna, Se fez homem.

Desceu para assumir a nossa humildade, sem diminuir a Sua majestade. Permanecendo o que era e assumindo o que não era, uniu a verdadeira condição de escravo à condição segundo a qual Ele é igual a Deus; realizou assim entre as duas naturezas uma aliança tão admirável que, nem a inferior foi absorvida por esta glorificação, nem a superior foi diminuída por esta elevação.

Desta forma, conservando-se a perfeita propriedade das duas naturezas que subsistem em uma só Pessoa, a humildade é assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade.

Para pagar a dívida contraída pela nossa condição pecadora, a natureza invulnerável uniu-se à natureza passível; e a realidade de verdadeiro Deus e verdadeiro homem associa-se na única pessoa do Senhor.

Por conseguinte, Aquele que é um só mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5), como exigia a nossa salvação, morreu segundo a natureza humana e ressuscitou segundo a natureza divina.

Com razão, pois, o nascimento do Salvador conservou intacta a integridade virginal de sua mãe; ela salvaguardou a pureza, dando à luz a Verdade.  

Tal era, caríssimos filhos, o nascimento que convinha a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Por este nascimento, Ele é semelhante a nós pela sua humanidade, e superior a nós pela Sua divindade. De fato, se não fosse verdadeiro Deus, não nos traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não nos serviria de exemplo.  

Por isso, quando o Senhor nasceu, os Anjos cantaram cheios de alegria: 'Glória a Deus no mais alto dos céus, e anunciaram paz na terra aos homens por Ele amados'(Lc 2,14).

Eles veem, efetivamente, a Jerusalém Celeste ser construída pelos povos do mundo inteiro. Por tão inefável prodígio da bondade divina, qual não deve ser a alegria da nossa humilde condição humana, se até os sublimes coros dos Anjos se rejubilam?”

Contemplemos, sobretudo, Maria que concebeu o Verbo, primeiro em seu espírito e depois em seu corpo. Que também nós saibamos formar e gerar Cristo em nós, em nosso coração, para que d’Ele sejamos testemunhas credíveis e agradáveis ao Senhor.

Que Maria, Mãe de Jesus, Mãe da Igreja e nossa, nos ajude a colocar em prática a Palavra do seu Filho, para que tão somente assim desta família façamos parte.

A família de Jesus não se limita aos laços consanguíneos, mas à acolhida e prática de Sua Palavra, e do Seu Mandamento: “amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei”, somente assim seremos Seus discípulos.

Consagremo-nos a Maria, pois quanto mais consagrados a Ela, mais fiéis e próximos seremos do seu Amado Filho, e O adoraremos em espírito e verdade.

“Ó minha Senhora, e também minha mãe,
Eu me ofereço inteiramente todo a vós...”

PS: Passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38)

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