Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.
Desilusão e desencanto por vezes querem fincar raízes, teimosamente, no mais profundo de nós.
Pesadelo prolongado de uma pandemia que persiste e nos rouba forças, projetos, sonhos e a vida de tantos que amamos e para sempre amaremos.
Arautos mentem e fazem adeptos e fiéis discípulos ao lado e virtualmente.
Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.
Dói a alma tantas páginas de histórias desterradas, em migração para sobrevivência e em busca de sonhos e liberdade.
Corrói a alma, os que “moram sem morar” nas ruas e praças, ao relento e frutos de uma sociedade, em números dia a dia em aumento.
Cenário de desmatamento, queimadas, frutos de práticas sem escrúpulos, onde se objetiva apenas o lucro, capital, pois isto tão apenas interessa.
Rios e matas e vales gemem em dores de parto, na espera da reconciliação, a fim de que sejam preservados como obra divina da Criação.
Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.
É tempo de secar as lágrimas e deixar que as gotas da chuva venham fecundar nossa fé na Palavra do Senhor, que assim falou à viúva de Naim diante da morte de seu único filho:
“O Senhor ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe: ‘Não chores!’. Depois aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse Ele então: ‘Jovem, Eu te ordeno, levanta-te” (Lc 7,13-14).
É tempo de ouvir o assobio do sopro da fé nos vãos de nossas janelas,
Que aos poucos vai se tornando um vendaval incontrolável de vigorosa fé.
Fé que, ainda pequena, como um grão de mostarda, move montanhas, que em Deus confia e se entrega, em resposta fiel e com o Reino comprometido.
Fé que ilumina os passos para que não tropecemos e nem os pés firamos, se a escuridão, teimosamente, se fizer no caminho.
Fé na promessa divina de que novo céu e nova terra, teremos e veremos, sem choro, dor, pranto, luto e lamento.
É tempo de secar as lágrimas, e deixar as gotas da chuva regar o chão fecundo do coração da humanidade.
É tempo de ouvir o assobio do sopro da esperança nos vãos de nossas janelas,
Que aos poucos vai se tornando um vendaval incontrolável de virtuosa esperança.
Esperança de ver a humanidade fortalecendo laços de fraternidade universal, em luminosa amizade social.
É tempo de secar as lágrimas com os raios do Sol Nascente;
É tempo de ouvir o assobio do sopro da caridade nos vãos de nossas janelas, que aos poucos vai se tornando um vendaval envolvente de caridade, abundante como chuva derramada em nós, porque assim é o amor de Deus.
É tempo incessante de ouvir o Apóstolo que nos diz:
“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, nada seria” (1 Cor 13,1-2)
Venha, Senhor, o tão esperado vendaval de fé, esperança e caridade.
Tão somente assim, promotores da beleza e sacralidade da vida, seremos.
Vossa luz faremos, pelas obras, resplandecer, porque assim é a fé que opera através da caridade (Gl 5,6), em renovada esperança contra toda falta de esperança. Amém.
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