O Sim de Maria e a Encarnação do Verbo
Celebramos, no dia 12 de dezembro, a Festa em louvor a Nossa Senhora de Guadalupe, e ouvimos na Missa a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,39-47).
Sejamos enriquecidos por uma parte do Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), meditando sobre os Mistérios da Salvação que nos veio pela Encarnação do Verbo, Jesus Cristo.
“O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, Se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28).
No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (Jo 1,1), habitando na luz inacessível.
O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34).
Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo Se fez Carne e já habita em nós (Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação.
Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.
De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu.
O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo Ele é o meu Deus. Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.”
Pelo “sim” de Maria, nos veio do alto o Verbo para nos redimir, e por isto tão bem expressou o Abade: Aquele que “era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.”
Temos, em breves palavras, um itinerário da Encarnação do Verbo feito criança até a Sua glorificação no céu, onde Reina glorioso junto de Deus.
Silenciemo-nos e contemplemos Jesus:
“... reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem,
pregando no monte, pernoitando em oração;
ou pendente da Cruz, pálido na morte,
livre entre os mortos e dominando o inferno;
ou ainda ressurgindo ao terceiro dia,
mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos,
sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo
ao mais alto do céu”.
Nesta contemplação, fixemos também nossos olhos em Sua Mãe que jamais fecha seus olhos à nossa realidade, como ela o fez em Guadalupe, Aparecida e tantos outros momentos e lugares.
Com Maria, renovemos o nosso sim aos desígnios e Projeto divino, para que tenhamos vida plena e feliz, como ela nos ensinou naquele dia memorável das Bodas de Caná (Jo 2,1-12).
Nenhum comentário:
Postar um comentário