quinta-feira, 4 de abril de 2024

“Parêntesis de ilusão e de fracasso”


“Parêntesis de ilusão e de fracasso”

Rumo à Solenidade de Pentecostes, reflitamos sobre a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,13-35), em que nos apresenta os discípulos regressando para Emaús, após a morte de Jesus, que, inicialmente, pareceu a eles um “parêntesis de ilusão e de fracasso”:

A primeira coisa que surpreende nos discípulos de Emaús, é a atitude de fuga: tinham perdido Jesus e dispersam-se; deixam o grupo de discípulos e voltam, cada um, ao seu antigo mundo, às suas ocupações passadas, como se todo o assunto de Jesus tivesse sido um parêntesis de ilusão e de fracasso no caminho das suas vidas.

Eles fogem, mas Jesus sai-lhes ao encontro. Não lhes diz nada, contudo eles tendem. Têm que voltar para junto dos irmãos. O seu lugar, é ali, na edificação da nova comunidade dos discípulos de Jesus, no testemunho e na missão do que sabem. Por isso, deixando tudo como estava, apressadamente, no meio da noite, tomam o caminho de regresso (Lc 24,33). Descobriram que Jesus Ressuscitado está onde se encontram os irmãos”. (1)

Caminhando com Jesus que se lhe manifesta no caminho, ao ouvir quando lhes falava das Escrituras, o coração de ambos ardeu, o que acontece com todo aquele que ouve, acolhe e se deixa seduzir e iluminar pela presença e Palavra de Jesus Vivo e Ressuscitado que é “o fato por excelência, o fato no qual se funda a nova humanidade dos salvos” (2).

Acolhendo, em sua casa, o Ressuscitado, que atende ao pedido de ambos: “Fica conosco Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24, 29), têm a graça de reconhecê-Lo no partir do Pão (Lc 24,35).

A vida cristã deve ser marcada pelo caminhar com Jesus e ouvir Sua Palavra, reconhecê-Lo no partir do Pão Eucarístico, transformando o aparente “parêntesis de ilusão e de fracasso” numa grande expressão da verdade de Sua presença que nos cumula de alegria, de modo que nosso coração fica transbordante de alegria, como tão bem expressa o Prefácio da Missa da Páscoa.

Todos nós passamos por momentos difíceis na vivência da fé, em que podemos nos sentir tais quais os discípulos de Emaús, mas não nos curvamos a este “parêntesis”, e, crendo na Ressurreição do Senhor, continuamos a escrever a história de nossa fé, com a graça do nosso Batismo, como profetas, sacerdotes e reis.

Crendo no Ressuscitado que venceu a morte, daremos ao mundo razão de nossa esperança, porque nossa fé se ancora neste fato fundamental de nossa vida: a Ressurreição. Assim, somos impulsionados pelo Espírito a viver a caridade, o Novo Mandamento que Ele nos deu naquela noite, em que nos tendo amado, amou-nos até o fim.

Nisto consiste a vida cristã, transformar o "parêntesis de ilusão" e de fracasso numa autêntica e frutuosa experiência pascal da Ressurreição do Senhor até que alcancemos a eternidade ao lado do Eterno, no tempo eterno. 

Amém. Aleluia! Aleluia!

Comentários à Bíblia Litúrgica - Gráfica de Coimbra 2
(1) pp. 1206-1207
(2) p. 1209

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