quarta-feira, 6 de março de 2024

Contemplar a bondade de Deus e ampliar nossos horizontes!


Contemplar a bondade de Deus e ampliar nossos horizontes!

Amor, verdade e justiça são os horizontes do Salmista e de todo aquele que por Deus é conduzido; e no coração os mesmos valores mantém vivos:

“Vosso Amor chega aos céus, ó Senhor,
Chega às nuvens a Vossa verdade.
Como as altas montanhas eternas
É a Vossa justiça, Senhor!”.
(Sl 35,6-7)

Contemplar mencionados valores em relação a Deus não nos permite dizer que o mesmo pode ser dito de todos nós, da humanidade, em todo e qualquer tempo; mas, nem por isto a desilusão, a miserável condição de entediados, pusilânimes, derrotados...

Deus é Amor! O Amor de Deus chega aos céus, o nosso amor por Ele deveria ter mesma altura e para com nosso próximo, a mesma medida. O Amor de Deus, que é incomensurável, faz pensar na pequena medida do nosso amor.

Se o amor humano fosse vivido em todos os níveis e espaços; os relacionamentos, como o Amor de Deus que chega aos céus,não se falaria em ódio avassalador, rancores e ressentimentos entristecedores.

Se o amor na família se aproximasse do Amor de Deus que chega aos céus, a família retomaria a vitalidade do espaço sagrado, da perfeita harmonia, ternura, alegria...

Se o Amor de Deus tomasse em cada um de nós as mesmas medidas e proporções a história da humanidade seria bem outra: sem guerras, massacres, mortalidade infantil, violência contra a vida, destruição do espaço comum em que habitamos, sem extermínios e tudo aquilo que mancha a história de sangue, pranto, luto e dor...

Verdade!
Ele é a Verdade que chega às nuvens, Jesus. Chega e ultrapassa porque adentrou nos céus, na eternidade de Deus.

Se a Verdade marcasse nossos relacionamentos, bem outra seria nossa sorte, bem outros seriam nossos dias...

A mentira ainda marca nossos relacionamentos, as máscaras teimam em cobrir nossos rostos.

Ainda não aprendemos a conviver com a dor frutuosa da Verdade, mas preferimos nos anestesiar com as gotas e às vezes torrentes de mentiras...

Se pela Verdade pautássemos nossa vida, nossas atitudes, nossos pensamentos, dormiríamos muito mais tranquilos.

Foi Ele mesmo quem nos disse: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (cf. Jo 8,32).

A mentira e aquele que a assumiu, com legítima paternidade, nos rouba a liberdade, a originalidade...

Ainda nos escusamos em viver a verdade, para nos encobrirmos com pequenas e às vezes grandes mentiras.

Justiça!
 Por ela viveu, por ela Se comprometeu... Ele que não conheceu o pecado, injustamente morreu. Mas, a justiça divina prevaleceu: O Pai O Ressuscitou.

Se a justiça humana alcançasse as alturas da justiça divina, como montanhas eternas!
             
Se a justiça humana assim o fosse, não falaríamos mais em desigualdades, egoísmos, omissões, indiferenças, abandonos...

Se a justiça humana fosse da altura das montanhas eternas, a fraternidade não seria tão apenas desejo, mas de todos compromisso e para todos realidade. A paz uma real e utópica realidade...

Rezando com o Salmista, empenhemo-nos em, sem demora, ampliar os horizontes de nosso amor, verdade e justiça.

Concluo com outro Salmo, na firme esperança e propósito de que estas palavras se tornem realidade:

“O Amor e a Verdade se encontram,
Justiça e Paz se abraçam,
da terra germinará a Verdade,
e a Justiça se inclinará do céu.

O próprio Iahweh dará a felicidade
e nossa terra dará seu fruto.
A Justiça caminhará a sua frente
e com seus passos traçará um caminho”
(Sl 85,11-14).

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG